Economia
Opções seguras

China barra uso de chips da Intel e AMD em computadores do governo

Agências do governo acima do nível municipal foram instruídas a usar opções “seguras e confiáveis” em substituição aos chips das empresas americanas.

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26 de março de 2024
Vinicius Palermo
China barra uso de chips da Intel e AMD em computadores do governo
Em 2023, a China foi responsável por 27% da receita total da Intel (US$ 54 bilhões ou R$ 269 bilhões) e 15% das vendas totais da AMD (US$ 23 bilhões ou R$ 114 bilhões).

A China aprovou medidas para impedir que microprocessadores da Intel e AMD, produzidos nos EUA, sejam usados em computadores e servidores de seu governo. A norma também atinge o sistema operacional Windows, da Microsoft, e programas de banco de dados, que serão substituídos por opções domésticas.

Agências do governo acima do nível municipal foram instruídas a usar opções “seguras e confiáveis” em substituição aos chips das empresas americanas. Uma lista traz sugestões de 18 processadores aprovados, fabricados por empresas chinesas como Huawei e a estatal Phytium. As regras foram apresentadas em dezembro pelo Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação e intensificam a longa guerra comercial tecnológica entre a China e EUA, que também vêm bloqueando produtos chineses.

Em 2023, a China foi responsável por 27% da receita total da Intel (US$ 54 bilhões ou R$ 269 bilhões) e 15% das vendas totais da AMD (US$ 23 bilhões ou R$ 114 bilhões). Embora não seja possível identificar quanto dessas vendas foram feitas ao governo chinês, a medida deve causar um impacto às empresas norte-americanas.

O movimento é considerado o mais agressivo até agora para restringir o uso de tecnologia americana em território chinês. Os EUA também vêm bloqueando a entrada de produtos de tecnologia chineses.

Em agosto de 2023, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, assinou uma ordem executiva para bloquear e regular os investimentos em alta tecnologia de empresas dos EUA na China. Posteriormente, o Departamento de Comércio dos EUA também ampliou a proibição de venda de chips de IA para a China.

O anúncio acontece poucos dias após a aprovação de uma lei nos EUA que cria incentivos e subsídios às fabricantes de semicondutores e chips avançados nos EUA e que garantiu à Intel um aporte de US$ 20 bilhões. Além disso, o congresso americano aprovou no dia 12 de março uma lei que pode banir do país o aplicativo chinês TikTok, desde que ele seja vendido a uma companhia local, sem relação com a ByteDance, acusada de compartilhar dados de cidadãos americanos com o governo da China.

A China Evergrande desistiu de tentar reestruturar bilhões de dólares em dívida externa nos EUA, quase dois meses depois de a Justiça de Hong Kong determinar a liquidação da gigante imobiliária chinesa.
Uma das maiores incorporadoras da China em vendas, a Evergrande decidiu cancelar pedidos de reestruturação de dívida offshore que havia apresentando a um tribunal dos EUA, segundo comunicado regulatório enviado à Bolsa de Hong Kong na noite de domingo (24). Duas unidades que atuam como as principais plataformas de financiamento externo da Evergrande fizeram o mesmo.

A Evergrande, que tem sede em Guangzhou, e suas unidades haviam solicitado aval de um tribunal de Nova York, em agosto do ano passado, para reestruturar mais de 19 bilhões de dólares em dívida externa por meio do chamado Capítulo 15 da lei de insolvência americana. Em janeiro, um tribunal de Hong Kong determinou que a Evergrande seja liquidada.

Evergrande disse neste domingo, 24, que os liquidatários estão focados em preservar e devolver valor aos credores e outras partes interessadas e que, “nesta fase, todas as opções seguem em aberto para consideração”. A empresa acrescentou que os liquidatários poderão fazer novos pedidos com base no Capítulo 15.

A Evergrande deu calote em sua dívida em 2021, depois de acumular passivos de mais de US$ 300 bilhões, ajudando a desencadear uma ampla crise imobiliária na segunda maior economia do mundo.

Na semana passada, o principal veículo operacional da Evergrande na China, a Hengda Real Estate, disse que a empresa está sujeita a ser multada em mais de US$ 500 milhões após descoberta de que a unidade inflou vendas e lucros de maneira fraudulenta nos anos que antecederam o colapso do grupo imobiliário.