Economia
Engrenagem

Campos Neto prevê melhora lenta da inflação

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacou que o Brasil entrou em uma “janela em que provavelmente” a queda da inflação vai continuar.

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30 de maio de 2023
Vinicius Palermo
Campos Neto prevê melhora lenta da inflação
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacou que o Brasil entrou em uma “janela em que provavelmente” a queda da inflação vai continuar. “A gente tem uma inflação que parece que vai engrenar uma melhora, mesmo que lenta, ao mesmo tempo que a atividade tem surpreendido para cima”, afirmou, em premiação em Fortaleza.

O chefe da autoridade monetária disse que, pela primeira vez, o Brasil passa por um surto de inflação global com índices de preços abaixo da média internacional e que isso se deve ao fato de o BC ter iniciado o ajuste monetário mais rápido.

Nesse ponto, ele frisou que a inflação cheia no Brasil foi a que mais caiu entre os emergentes. No entanto, as médias de núcleos, observadas pelo BC, caem lentamente, o que demanda cuidado. “Ainda tem um trabalho a ser feito”, afirmou.

Campos Neto também expressou otimismo com a melhora das expectativas de inflação no longo prazo, que, observou, seguem bastante elevadas em razão do debate sobre a meta e as incertezas fiscais.

Referindo-se ao novo arcabouço fiscal, aprovado pela Câmara, Campos Neto disse que a parte das incertezas fiscais está sendo endereçada.

“Então, a gente entende que isso vai melhorar”, afirmou o presidente do BC, após mostrar que, apesar da melhora das expectativas nas últimas semanas para a inflação de 2023 e 2024, as projeções de longo prazo do mercado seguem em 4%, quando a meta é de 3%.

Campos Neto citou ainda a redução do potencial de crescimento do Brasil ao explicar os juros altos e defender reformas que melhorem a produtividade, que, pontuou, ficou parada na volta da pandemia.

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, avaliou na terça-feira, 30, que diante das condições atuais o Banco Central já teria condições de reduzir a taxa básica de juros em agosto, citando um corte de 0,25 ponto porcentual. “Todos os fatores macroeconômicos internos, arcabouço, estimativa para PIB, desaceleração para inflação, tudo são fatores distintos dos que levaram de forma correta BC a elevar juros (no passado). Tínhamos crise institucional no Brasil, isso impactava na economia”, disse.

Apesar de responder que não seria “necessariamente um erro” o Banco Central decidir pela manutenção da taxa na reunião de junho, destacando ser a favor da autonomia da instituição, Tebet defendeu que não haveria justificativa para a autarquia não baixar a Selic no segundo semestre.

“Por isso ouso dizer que não há justificativa no semestre, em agosto, a não ser que um fato relevante novo surja, de não pelo menos sinalizar uma queda de taxa de juros a médio prazo, por exemplo, já diminuindo em 0,25 na reunião do Copom de agosto deste ano”, disse Tebet.

A ministra ainda pontuou que o BC está ligado à máquina pública e que seus comunicados têm impacto político.

Segundo ela, esse documento e a ata divulgada pela instituição são um passo “tão importante” quanto uma efetiva redução da taxa. “Estava fazendo aquela crítica, ora, se não dava para baixar juros, dava ao menos para sinalizar… Como depois na ata seguinte sinalizaram uma boa vontade técnica com equipe econômica e o governo”, disse.