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Produtividade

Campos Neto diz que mundo precisa de reformas pelo lado da oferta

A discussão sobre a política fiscal se tornou importante globalmente e foi discutida em todos, quase todos os painéis das reuniões anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI).

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29 de outubro de 2024
Vinicius Palermo
Campos Neto diz que mundo precisa de reformas pelo lado da oferta
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, repetiu que o mundo precisa de reformas econômicas de oferta que impulsionem a produtividade. Ela está em queda na maioria dos países e, segundo ele, é uma chave para superar três problemas: envelhecimento da população, pagamento dos custos da pandemia e alto endividamento global.

“A gente tem produtividade em queda em grande parte do mundo, na América Latina a gente vê que ela está bem abaixo da linha de tendência, e isso é um problema que nos faz pensar que hoje o mundo precisa de reformas do lado da oferta que gerem produtividade”, afirmou, em um evento organizado pelo Lide em Londres.

O banqueiro central voltou a dizer que o mundo está altamente endividado. A discussão sobre a política fiscal se tornou importante globalmente e foi discutida em todos, quase todos os painéis das reuniões anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI). Campos Neto lembrou que países pobres têm tido dificuldade de acessar recursos devido à grande dívida e aos juros altos, que sugam liquidez para economias mais desenvolvidas.

Campos Neto também disse que reduzir a inflação de serviços é essencial para que a inflação global possa cair em direção às metas. Esse grupo de preços continua em nível elevado, o que impede que a baixa inflação de bens dê conta de garantir o cumprimento dos alvos.

“Não tem como a inflação de bens ficar baixa o suficiente para fazer com que o processo siga de convergência sem ter uma melhor inflação de serviços”, disse Campos Neto, no evento.

O banqueiro central repetiu que as três dimensões discutidas por republicanos e democratas na eleição presidencial americana são inflacionárias. Esses pilares são uma política fiscal mais expansionista, protecionismo comercial e redução da imigração, especialmente em meio ao mercado de trabalho apertado no país, que está com a economia forte.

Campos Neto também repetiu que os custos da transição verde são um ponto de atenção à frente, especialmente em meio à perspectiva de aumento da demanda por energia sustentável devido à disseminação do uso de inteligência artificial. “Foi um dos pontos discutidos na reunião do FMI”, relatou.

A fragmentação geral do comércio global, em meio ao crescente risco geopolítico, é outro ponto de atenção, segundo o presidente do BC. Ele voltou a dizer que as restrições a produtos da China – que adotou um modelo de exportações voltadas a bens ligados à eletrificação – têm crescido e podem ter impacto tanto no crescimento chinês, como no americano, se os Estados Unidos decidirem impor tarifas.

O presidente do Banco Central afirmou que não é necessário que sejam desenvolvidas moedas para uso entre países do Brics, ou uma moeda comum para a América Latina, dado o avanço nos métodos de pagamentos instantâneos ao redor do mundo.

“Quando a gente vê essa conversa de moeda dos Brics ou moeda comum da América Latina, a gente não precisa nada disso. Se a gente imaginar que todos os países vão ter um sistema de pagamento instantâneo de clientes, e se a gente conseguir conectar o sistema de pagamento de forma instantânea, não tem mais relevância esse debate de blocos de moeda”, afirmou Campos Neto.

Durante sua fala, o presidente do BC também disse que, a partir da semana que vem será possível fazer pagamentos com Pix por aproximação a partir do aplicativo “Wallet”, do Google. “Do mesmo jeito que você tem hoje no Wallet do Google seus cartões de crédito, você vai começar a poder fazer isso com o Pix a partir da semana que vem”, detalhou.

Campos Neto pontuou ainda que o sistema Open Finance do Brasil é “o mais aberto do mundo”, o que avançou mais rapidamente e oferta o maior número de serviços aos usuários hoje.

Ainda sobre a agenda de inovação do BC, o banqueiro central disse que mantém a expectativa de que o Superapp que irá reunir funcionalidades do Open Finance seja lançado até o ano que vem.

O presidente do Banco Central disse ainda que só a curva brasileira precifica um aumento de juros. Grande parte do mundo tem ciclos de afrouxamento monetário precificados. “O Brasil também foi o primeiro a subir os juros, depois foi um dos primeiros a começar a queda também”, afirmou.