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Caixa vai disponibilizar caminhão-agência a povos indígenas de Roraima e Amazônas

Caixa Econômica Federal abrirá novas agências lotéricas nesses locais para o atendimento de populações indígenas.

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08 de fevereiro de 2023
Vinicius Palermo
Caixa vai disponibilizar caminhão-agência a povos indígenas de Roraima e Amazônas
A presidente da Caixa, Rita Serrano, falou sobre a presença do banco na ajuda aos indígenas

A presidente da Caixa, Rita Serrano, disse na terça-feira, 7, que o banco vai levar um caminhão-agência para regiões de Roraima e Amazonas e irá abrir duas novas agências lotéricas nesses locais para o atendimento de populações indígenas.

“Isso foi um pedido do ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias. Vamos já entregar 50 mil cartões de débito para essas comunidades. No dia 9, o caminhão-agência já estará passando por esses locais”, anunciou Rita, em evento de assinatura do protocolo de intenções para atendimento da Caixa aos povos indígenas.

Wellington Dias, por sua vez, disse que o caminhão-agência da Caixa e a abertura de duas novas lotéricas em Roraima e no Amazonas próximas a comunidades indígenas irá garantir uma condição mais “humana” a essas populações.

“Todos acompanham o que está acontecendo com os yanomamis em Roraima, mas os indígenas em várias comunidades às vezes levam até três dias para chegarem aos locais de atendimento para receberem o cartão do Bolsa Família. Agora viabilizamos uma aproximação maior”, afirmou, no evento.

A expectativa é de que a unidade móvel da Caixa atenda 10 mil famílias em sete municípios de Roraima e outras 20 mil famílias no em oito cidades do Amazonas. “Temos o desafio de retomar com segurança o crescimento econômico e social. O governo federal é o maior cliente da Caixa, sobretudo o MDS. Pagamos R$ 1 bilhão por ano pelos serviços prestados pelo banco ao ministério”, lembrou Dias.

Protocolo de intenções da Caixa

Rita Serrano, disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não iria comparecer ao evento de assinatura do protocolo de intenções para atendimento do banco aos povos indígenas. Segundo ela, Lula teria outra agenda.

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, representa o presidente na solenidade. Também estão presentes o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias. O ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, também não participará do evento, sendo representado pelo seu chefe de gabinete, Richard Back.

Na segunda-feira, a Força Aérea Brasileira (FAB) anunciou a abertura parcial do espaço aéreo nas terras indígenas Yanomami, em Roraima, com a criação de três corredores de voo para viabilizar a saída de garimpeiros da região. Os mineradores, que têm pedido ajuda às autoridades para sair do território, terão uma semana para aproveitar a alternativa oferecida pela FAB, uma vez que os corredores vão ficar ativados até a 1h da próxima segunda-feira, dia 13.

A medida faz parte da segunda fase da Operação Escudo Yanomami. Desde a semana passada, a FAB aumentou o controle do espaço aéreo na região, com o objetivo de neutralizar o tráfego de aeronaves relacionadas à mineração ilegal.

“Desde às 12 horas (horário de Brasília) de segunda, foram criados três corredores de voo com intuito de possibilitar a saída coordenada e espontânea das pessoas não-indígenas das áreas de garimpo ilegal por meio aéreo. Os corredores seguem ativados até a 01h00 da próxima segunda-feira (13/02)”, informou a FAB, por meio de nota.

Saída de garimpeiros pelo ar

Os corredores têm 11 quilômetros de largura. As aeronaves particulares dos garimpeiros têm autorização de voo desde que se mantenham dentro dos limites laterais e verticais estabelecidos pela FAB.

Na segunda-feira, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, chegou a afirmar que o governo não prestaria apoio aéreo para a saída dos garimpeiros do território. “Não temos como empregar aeronaves públicas para apoiar pessoas que estavam praticando um crime”, disse.

A declaração foi uma resposta ao governador de Roraima, Antônio Denarium (PP), que solicitou ajuda do governo federal para transportar mineradores que estão no território indígena. Já na noite de segunda-feira, Dino anunciou que mais 100 integrantes da Força Nacional de Segurança chegarão à Roraima “para reforçar equipes”.

O governo estima que 15 mil garimpeiros ilegais estejam na região, mas que “milhares” já começaram a sair por conta própria antes do início de uma operação policial coercitiva, programada para apreender e destruir equipamentos e pistas clandestinas, e efetuar prisões em flagrante. A expectativa é de que 80% dos garimpeiros saiam do território ao longo desta semana.

Pedido de socorro

Nos últimos dias, mineradores e mulheres gravaram vídeos pedindo socorro às autoridades e ajuda para conseguirem sair da região. Eles relatam dificuldades para deixar a área indígena e que pessoas doentes estão ilhadas no local.

No último dia 20, o Ministério da Saúde declarou emergência em saúde pública de importância nacional para a situação vivida pelo povo Yanomami. A medida foi tomada porque o território, com mais de 30 mil indígenas, tem sofrido com casos de insegurança alimentar, desnutrição infantil, doenças e falta de acesso da população à saúde.

Muitos desses problemas foram agravados pela presença de garimpeiros ilegais. A atividade de mineração, proibida no local, contamina os rios e afugenta os animais que servem de caça e alimentos para os povos originários. Conflitos armados entre os garimpeiros e os Yanomami também têm vitimado parte dos indígenas.