País
Transição

Dino: governo espera que 80% dos garimpeiros deixem terra yanomami ao longo da semana

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse que transição para a fase policial começa já nesta semana.

Compartilhe:
06 de fevereiro de 2023
Vinicius Palermo
Dino: governo espera que 80% dos garimpeiros deixem terra yanomami ao longo da semana
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino falou sobre as operações na terra Yanomami. Crédito: José Cruz. ABR

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse na segunda-feira (6) que o governo federal iniciará nesta semana a transição da fase de assistência humanitária e fechamento do espaço aéreo na Terra Indígena Yanomami em Roraima, para a fase policial, de caráter coercitivo contra garimpeiros e financiadores da atividade mineral.

Segundo Dino, a expectativa é que, até o fim desta semana, 80% das 15 mil pessoas envolvidas com garimpo ilegal na região já tenham deixado o local.

Nessa etapa, a pedido do Ministério dos Povos Originários, a prioridade será a manutenção da segurança das equipes nos postos da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e nos centros de saúde que prestam assistência aos indígenas.

“Determinei o deslocamento de mais 100 integrantes da Força Nacional que estarão, entre hoje (segunda) e amanhã (terça), chegando ao estado de Roraima para, com isso, fortalecer especialmente a segurança das bases da Funai e também dos postos de saúde. A missão primeira da Força Nacional em território Yanomami será esta”, adiantou.

No total, 500 homens da Força Nacional de Segurança serão enviados ao estado nesta etapa da operação. Dino informou que as Polícias Federal e Rodoviária Federal, com o apoio logístico das Forças Armadas, darão início às ações de afastamento compulsório de quem ainda não tiver saído da Terra Yanomami nesse período.

Flávio Dino fala sobre ações policiais

Segundo o ministro, começarão a ser destruídos os equipamentos de garimpeiros, para que não voltem a ser utilizados em atividades ilegais e eliminadas as pistas clandestinas. Além disso, poderão ser presas em flagrante pessoas que ainda estejam na região.

“É evidente que esse planejamento policial é dinâmico, acontece dia a dia. O que eu posso afirmar é que as ações policias irão começar nesta semana”, afirmou o ministro.

Sobre a saída de garimpeiros do território indígena, o ministro da Justiça disse ainda que o governo não dará nenhum tipo de apoio para isso. Os garimpeiros alegam dificuldade para sair da região desde que a Aeronáutica passou a controlar o espaço aéreo e proibir que aeronaves usadas na atividade criminosa sobrevoassem o território.

“Claro que estamos neste momento permitindo que essas pessoas saiam pelos seus próprios meios, mas não haverá apoio do governo federal para essa retirada, porque consideramos que há incompatibilidade entre a natureza criminosa da atividade com o eventual apoio do governo federal”, disse Dino.

Conversa sobre questão social

Sobre a questão social, o ministro acrescentou que o governador de Roraima, Antonio Denarium, está em Brasília e deve tratar do assunto com os ministros Rui Costa, da Casa Civil, e Wellington Dias, do Desenvolvimento Social.

Sobre afirmações de que o governo estaria facilitando a fuga em massa de criminosos da Terra Indígena Yanomami, Flávio Dino disse que eles não ficarão impunes.

“Isso não é um caminho de impunidade porque as investigações estão sendo feitas e continuarão a ser feitas. Mas nós temos que entender que é uma situação política e social de alta complexidade e que é preciso ter planejamento. O uso da força sem planejamento poderia piorar o problema instalado no estado de Roraima, e nós não desejamos isso”, afirmou.

O ministro da Justiça e Segurança Pública destacou que foco prioritário das investigações são os financiadores, os donos dos garimpos ilegais e aqueles que fazem lavagem de dinheiro. “Claro que temos os executores de crimes ambientais – essas pessoas estão sendo identificadas por imagens e serão alvo do inquérito policial.”

Flávio Dino disse que o governo federal espera que 80% das cerca de 15 mil pessoas envolvidas no garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, saiam do território ao longo desta semana.

Segundo o ministro, já há um fluxo de saída “na casa dos milhares”. A expectativa é que a saída da maioria dos garimpeiros ocorra antes do início da operação policial coercitiva – que será feita com apreensão e destruição de equipamentos, destruição de pistas clandestinas e eventuais prisões em flagrante.