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Brasil tinha 3,5 milhões de imóveis em construção e reforma em 2022

Os dados são do Cadastro Nacional de Endereços para Fins Estatísticos (CNEFE), divulgado na sexta-feira (14).

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15 de junho de 2024
Vinicius Palermo
Brasil tinha 3,5 milhões de imóveis em construção e reforma em 2022
Em 2010, os imóveis em construção somavam 2,5 milhões, segundo o Censo. Isso representava em torno de 3,2% dos 78,1 milhões de endereços do país na época.

O Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registrou cerca de 3,5 milhões de imóveis em construção ou em reforma no país naquele ano.

Os dados são do Cadastro Nacional de Endereços para Fins Estatísticos (CNEFE), divulgado na sexta-feira (14). Em 2010, os imóveis nessa situação somavam 2,5 milhões, segundo o Censo. Isso representava em torno de 3,2% dos 78,1 milhões de endereços do país na época.

Na comparação de 2022 com 2010, houve um crescimento de 40% nos imóveis em construção ou reforma e de 37% no número de endereços do país, o que inclui residências e estabelecimentos de uso comercial.

O CNEFE é um banco de dados sobre todos os endereços no país, que servem para guiar o IBGE no planejamento e execução de pesquisas.

O cadastro é construído com base nas informações dos censos demográficos e atualizado rotineiramente pelo IBGE. Para o planejamento do Censo de 2022, por exemplo, o instituto recebeu informações sobre 89,3 milhões de endereços que deveriam visitados pelos pesquisadores.

No momento da realização do Censo 2022, no entanto, foi verificado que muitos desses endereços foram modificados. Cerca de 16,5 milhões deles foram excluídos da base do CNEFE e outros 34 milhões foram incluídos.

As informações do CNEFE podem ser usadas também por gestores públicos e pela população em geral, para seleção de amostras, estudos acadêmicos diversos e apoio aos órgãos de defesa civil em situações de emergência.

Um exemplo de uso dos dados é a própria informação sobre construções e reformas, que permite visualizar situações com o rumo da expansão de uma cidade ou de modernização de determinados bairros. “No município de São Paulo, em 2022, foram identificadas 7.157 edificações residenciais em construção, que dariam origem a múltiplos novos domicílios”, conta o pesquisador do IBGE Gustavo Cayres.

Também é possível fazer a mesma análise comparando-se dados dos endereços de 2022 com 2010. “Um exemplo é a possibilidade de identificação de áreas de verticalização, ou seja, substituição de casas por prédios utilizando o tipo de edificação”, explica Cayres.

Vendo-se um mapa com os endereços de Barra dos Coqueiros (SE) em 2022 e comparando-o com os dados do censo anterior, percebe-se o surgimento de vários condomínios de apartamento. Em 2010, havia apenas 86 domicílios registrados como apartamentos. Em 2022, já eram 3.568, ou seja, um crescimento de mais de 40 vezes.

É possível visualizar também quantos endereços existem em determinado Código de Endereçamento Postal (CEP), os tipos de estabelecimentos não residenciais existentes em determinada área (escolas, igrejas, unidades de saúde, agropecuários ou estabelecimentos de outras finalidades), a categorização de estabelecimentos por nome (como Igreja Batista ou Casa de Umbanda), entre outros.

O censo mostrou ainda que o Sul do Brasil é a região que apresenta proporções mais próximas entre estabelecimentos de ensino, de saúde e de religião em todo o País. Já o Norte registra a maior diferença.
Divulgado nesta sexta-feira, 14, o Cadastro de Endereços para Fins Estatísticos (CNEFE) é um desdobramento de um estudo divulgado em fevereiro.

Em fevereiro, o Censo havia mostrado que o Brasil tem mais templos e igrejas do que a soma de instituições de ensino e de saúde.

O levantamento mostra que os Estados do Sul contam com 43,4 mil estabelecimentos de saúde e 34,5 mil de ensino. A soma deles ultrapassa os 67,6 mil estabelecimentos religiosos da região.

No Norte, por sua vez, há 29,4 mil endereços voltados ao ensino e 15,3 mil à saúde. A soma representa 43% dos 79,6 mil estabelecimentos religiosos.

“Na monarquia, no primeiro censo, havia mais de 99% de católicos. Havia um pouquinho de evangélicos vindos da Europa. Agora os católicos estão em torno de 50%, e diminuindo ainda mais, enquanto os evangélicos, pouco mais de 30%”, disse o demógrafo José Eustáquio Diniz Alves, pesquisador aposentado do IBGE.

“O Rio de Janeiro já estava à frente nessa transição religiosa, e há alta concentração disso na região metropolitana, muito povoada.”

Os dados mostram também que o Nordeste é a região que apresenta o maior número de estabelecimentos agropecuários, com 1,47 milhão de endereços destinados a este fim. Mais de 1/3 deles se localiza na Bahia, Estado mais populoso da região e quarto maior no País.

O IBGE ressalta, contudo, que os estabelecimentos não precisam necessariamente serem registrados para se enquadrarem em alguma categoria. Um lote onde há cultivo de frutas, por exemplo, já é considerado um estabelecimento para fins de censo.

Em 2022, o Nordeste era também a segunda entre as cinco grandes regiões brasileiras com mais imóveis em construção ou reforma, com 1.218.075. Nesse quesito, ela só ficava atrás do Sudeste, que reúne três dos quatro estados mais populosos do País – São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

O censo apurou que 1.402.093 endereços do Sudeste tinham edificações em construção ou reforma naquele período, sendo que a maior parte ficava em São Paulo, com 605.209.