Economia
Velório

Brasil dá adeus a Abilio Diniz

O velório de Abilio Diniz foi aberto ao público, mas o enterro, cujo local não foi revelado, será reservado aos familiares.

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20 de fevereiro de 2024
Vinicius Palermo
Brasil dá adeus a Abilio Diniz
Empresários e autoridades políticas foram despedir-se de Abilio Diniz

O empresário Abilio Diniz morreu neste domingo, 18, aos 87 anos. Seu velório ocorreu das 11h às 15h na segunda-feira, 19, no Salão Nobre do MorumBis, estádio do São Paulo Futebol Clube, o time do coração do empresário. O velório foi aberto ao público, mas o enterro, cujo local não foi revelado, será reservado aos familiares.

“Um dos maiores e mais inovadores empresários do Brasil, Abilio sempre se guiou pelos valores que construiu ao longo de sua vida, pautada pela fé, pela disciplina, pelo amor à família e ao seu país”, diz nota divulgada pela família de Abilio.

“O empresário deixa cinco filhos, esposa, netos e bisnetos, e irá ao encontro do seu filho João Paulo, falecido em 2022. A família agradece a todas as mensagens de apoio e carinho neste momento tão difícil”, diz o comunicado.

O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, abriu um espaço em sua agenda pública em São Paulo na segunda-feira, 19, para prestar uma homenagem ao empresário.

O corpo do fundador do Grupo Pão de Açúcar foi velado no Salão Nobre do Estádio MorumBis, casa do São Paulo Futebol Clube, time pelo qual Diniz era apaixonado.

Alckmin, que veio direto da sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), onde participou de evento com o setor industrial, permaneceu no velório por cerca de 30 minutos. Ele foi recepcionado pelo presidente do clube, Júlio Casares.

Depois, o vice-presidente se dirigiu ao Sindicato dos Químicos, no centro da capital paulista, para retomar a sua agenda inicial. Ao deixar o MorumBis, Alckmin saiu por uma porta lateral, sem falar com a imprensa.

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse na segunda-feira, ao chegar ao velório, que o empresário foi um grande amigo dele e que lhe deu muitos conselhos quando chegou ao governo.
“Hoje (segunda) estou aqui como amigo.

O Abilio foi um grande amigo que me ajudou muito quando cheguei ao governo”, disse o banqueiro central. Campos Neto disse que quando chegou ao governo não entendia muito de política e que Diniz lhe deu muitos conselhos.

No fim do ano passado, em entrevista à CNN, Abilio Diniz disse que nunca se preocupou com legado. “Eu gosto do aqui e agora”, afirmou. “A minha preocupação sempre foi a de buscar, em vida, ser uma pessoa feliz, que pratica o bem e compartilha conhecimento.”

Trechos de várias entrevistas concedidas ao longo da vida e também vídeos gravados por ele mesmo estão reunidos na página do empresário no Instagram, que conta com quase 900 mil seguidores. São reflexões sobre a vida, a família e o trabalho, e conselhos compartilhados a partir de suas experiências pessoais.

No início deste ano, Diniz postou: “Gostaria de deixar um rápido conselho a todos vocês para este ano que se inicia: nunca deixem de olhar as oportunidades que surgem. Essa é uma lição que aprendi ao longo do tempo. Costumo dizer que as chances na vida são como um trem que passa na porta da sua casa; ele pode até passar outra vez, mas talvez não com as mesmas oportunidades”.

No dia em que completou 87 anos, em 28 de dezembro do ano passado, Abílio Diniz gravou um vídeo em que afirmou: “Todo mundo vê as glórias que eu conquisto, mas não vê os tombos que eu levo. Às vezes eu vou no fundo do poço. Ai falo para mim mesmo: ‘sai dai, não é o seu lugar’. Ai eu me reinvento, vou em frente e toco a vida. ” E acrescentou, por escrito, na mesma postagem: “Como a vida, para mim, é um eterno aprendizado, uma das maiores lições que tive nesses 87 anos foi o poder da reinvenção”.

Em uma outra reflexão sobre a própria longevidade, Diniz afirma que conhecimento é fundamental. “Eu nunca parei de tentar aprender. Eu fiz da minha vida um aprendizado constante. E hoje, estudando mais sobre longevidade com qualidade, vejo que tem teses que dizem que o cara que procura sempre aprender envelhece mais devagar.”

Em um outro vídeo, Diniz reflete sobre o destino. “Eu não acredito em destino”, afirma. “Cada um decide o que quer ser na vida. Eu nunca decidi que queria ganhar dinheiro, mas que queria fazer alguma coisa importante, que me realizasse, que me satisfizesse e que eu pudesse fazer o bem. Acho que isso também foi uma ousadia, de procurar, realmente, colocar uma causa na minha vida.”

Como professor da Fundação Getúlio Vargas, Abílio Diniz conta, em uma outra postagem que sempre repete a seguinte frase para os seus alunos: “Lute sempre para ser o melhor. Ser o maior é uma consequência.”