Economia
Agropecuária

BNDES amplia linha de crédito com taxa fixa em dólar

O banco vai aumentar em R$ 4 bilhões a linha com taxa fixa em dólar para crédito rural e em R$ 2 bilhões para crédito de cooperativas.

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02 de fevereiro de 2024
Vinicius Palermo
BNDES amplia linha de crédito com taxa fixa em dólar
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou um conjunto de medidas que ampliam o alcance e melhoram as condições de crédito para o setor agropecuário. O banco vai aumentar em R$ 4 bilhões a linha com taxa fixa em dólar para crédito rural e em R$ 2 bilhões para crédito de cooperativas.

O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, destacou que as medidas divulgadas reforçam o compromisso do banco de promover a inclusão financeira e oferecer melhores condições de financiamento ao agronegócio.

“Sob orientação do presidente Lula, essas iniciativas reforçam o apoio via cooperativas de crédito e ampliam recursos para a linha BNDES Crédito Rural com taxa fixa em dólar, estimulando a realização de investimentos e a competitividade no setor, especialmente junto a pequenos empresários e produtores rurais”, disse em nota antes do início do evento, na sede do banco no Rio de Janeiro na manhã de sexta-feira.

Além de aumentar o orçamento para as cooperativas, o Procapcred teve sua vigência estendida até 2025. O banco também aumentou o limite de financiamento, de R$ 30 mil para até R$ 100 mil por cliente, a cada dois anos, além de redução de taxas e alongamento de prazos, com foco especialmente em cooperados das Regiões Norte e Nordeste.

Nas operações com clientes dessas regiões, a remuneração básica do BNDES foi reduzida de 1,1% ao ano (a.a.) para 0,8% a.a., e o prazo máximo do financiamento passou a ser de até 15 anos. Para as demais regiões, o prazo limite foi estendido de 10 para 12 anos. A carência do programa, de até dois anos, permanece a mesma para todos os financiamentos.

Em outra iniciativa, o BNDES concluiu nesta semana uma captação de R$ 808 milhões em Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), por meio de oferta privada no mercado doméstico. A emissão de LCAs foi a primeira realizada pelo banco desde 2016 e teve demanda quatro vezes superior ao valor ofertado.

O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Carlos Fávaro, disse que o governo está construindo uma nova linha de crédito em dólar para custeio, mas não deu detalhes e nem prazo para que o anúncio seja feito ao setor, que sofre com uma perspectiva de uma safra prejudicada este ano pelo impacto das mudanças climáticas.

A expectativa era de que uma linha para capital de giro em dólar fosse anunciada, junto com o aumento de R$ 4 bilhões para a linha de crédito rural em dólar do banco, que dobrou a dotação orçamentária, e o aumento de R$ 2 bilhões para o crédito das cooperativas rurais. De acordo com as fontes, a linha teria orçamento de US$ 1,5 bilhão inicialmente, com taxa de juros de 8,5% ao ano.

O presidente do BNDES reconheceu que o papel do Banco Central tem sido relevante para a liberação de crédito para as cooperativas, um setor da economia que, segundo ele, não tem recebido a atenção que merece. “Nunca pensei que ia elogiar o Banco Central”, brincou Mercadante, arrancando a risada da plateia que lotou o auditório do lançamento de linhas de crédito para o setor agropecuário, na sede do BNDES, no Rio de Janeiro.

Junto com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ele foi um dos que mais reclamou das taxas de juros mantidas em patamares elevados pelo BC.

Presente no evento, o diretor de Regulação do Banco Central, Otávio Damaso, ressaltou a importância que a autoridade monetária dá às cooperativas com quem desenvolve uma relação de mais de 30 anos.

“É um segmento que no início dos anos 90 tinha certa fragilidade, e fizemos um trabalho de muita cooperação. Aos poucos o setor se fortaleceu e ganhou importância”, disse Damaso, que aproveitou a presença do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Carlos Fávaro, no evento, para pedir a inclusão das refinarias no seguro rural.

“O Banco Central é o gestor do Proagro, e se entrar no seguro se estender (às cooperativas) por conta de mudanças climáticas e todos os impactos, pode ser uma mudança radical para o seguro rural”, disse Damaso.