Economia
Restrição do crédito

Banco Central eleva previsão do PIB para 1,2% este ano

Pelo lado da oferta, o Banco Central manteve a estimativa para a expansão da agropecuária de alta de 7,0% e indústria em 0,3%.

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31 de março de 2023
Vinicius Palermo
Banco Central eleva previsão do PIB para 1,2% este ano
O Banco Central (BC) promoveu ajustes em suas projeções para o mercado de crédito em 2023.

O Banco Central (BC) elevou sua estimativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2023, de 1,0% para 1,2%, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado na quinta-feira, 30.
Pelo lado da oferta, o BC manteve a estimativa para a expansão da agropecuária de alta de 7,0%, enquanto a revisão para a indústria foi de variação zero para 0,3%. No caso dos serviços, o BC mudou a previsão de crescimento de 0,9% para 1,0%.

Em relação aos componentes da demanda, o RTI informou alteração de 1,2% para 1,5% na expectativa de crescimento do consumo das famílias e de 1,1% para 0,7% previsão de alta do consumo do governo.
O documento indica ainda que a projeção para 2023 da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) – indicador que mede o volume de investimento produtivo na economia – passou de alta de 0,3% para estabilidade. Todas as estimativas anteriores constavam do RTI divulgado em dezembro de 2022. No último Boletim Focus, a mediana é de crescimento de 0,90% para o PIB deste ano.

O Banco Central também atualizou, por meio do RTI, suas projeções para o balanço de pagamentos em 2023. A projeção para o resultado das transações correntes do País passou de déficit de US$ 49 bilhões para um saldo negativo de US$ 32 bilhões. Já a projeção para o Investimento Direto no País (IDP) neste ano se manteve em US$ 75 bilhões.

Em relação ao saldo líquido de investimento de estrangeiros em carteira – incluindo ações e títulos de renda fixa -, a projeção também permaneceu negativa em US$ 5 bilhões. As projeções anteriores constavam no RTI de dezembro.

O Banco Central (BC) promoveu ajustes em suas projeções para o mercado de crédito em 2023. Para este ano, a instituição alterou, no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), sua projeção para o saldo total de crédito de alta de 8,3% para elevação de 7,6%, uma forte diminuição, conforme já foi discutido na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) na semana passada.

Dentro do crédito total, a projeção do saldo de operações com pessoas físicas passou de alta de 9,0% para elevação de 8,4%. No caso das empresas, a expectativa foi de alta de 7,3% para 6,3%.

Já a projeção para o saldo de crédito livre – aquele que não utiliza recursos da poupança ou do BNDES – passou de alta de 8,6% para elevação de 7,1%. Dentro do crédito livre, a projeção para o crédito às pessoas físicas foi de alta de 9,0% para alta de 8,0%. No caso das pessoas jurídicas, passou de elevação de 8,0% para avanço de 6,0%.

A projeção do BC para o saldo de crédito direcionado, que utiliza recursos da poupança e do BNDES, passou de alta de 8,0% para 8,3%. Dentro do crédito direcionado, a projeção do saldo para as pessoas físicas permaneceu em alta de 9,0%. No caso das pessoas jurídicas, a projeção passou de 6,0% para alta de 7,0%. As projeções anteriores constavam no relatório de dezembro.

Em meio às reiteradas críticas da equipe econômica à “maior taxa real de juros do mundo” no Brasil, o Banco Central indicou também que, após ter chegado ao valor máximo de 7,8% no último trimestre do ano passado, a taxa de juros real projetada é de 7,7% e 7,8% no primeiro e segundo trimestres de 2023, respectivamente.

De acordo com o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), a taxa real de juros deve começar a cair apenas no terceiro trimestre deste ano, um trimestre após a projeção feita no relatório de dezembro.

Pelos cálculos do BC, a taxa de juros real seguirá em campo restritivo pelo menos até o fim de 2025. Essa taxa atingirá 7,0% ao final de 2023, 5,6% ao final de 2024 e 4,8% ao final de 2025, acima ainda da taxa real neutra considerada, de 4,0%.