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Bacellar diz que Chambriard tem todas as credenciais para comandar a Petrobras

O coordenador geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacellar, disse que a entidade sindical apoia a decisão de Lula

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16 de maio de 2024
Vinicius Palermo
Bacellar diz que Chambriard tem todas as credenciais para comandar a Petrobras
O coordenador geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacellar

O coordenador geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacellar, disse que a entidade sindical apoia a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Petrobras, ou seja, a demissão de Jean Paul Prates do comando da estatal e a indicação da ex-diretora-geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) Magda Chambriard para o cargo.

Bacellar afirmou que Chambriard é engenheira aposentada da Petrobras, além de ter passado pela ANP, e tem todas as credenciais para assumir a maior empresa do País sem grandes questionamentos pela governança e pelo Conselho de Administração da estatal. O sindicalista observou ainda que a indicação ainda tem valor pela representatividade feminina.

“O presidente Lula tem capacidade de análise superior à nossa. Ele consegue enxergar a floresta, as correlações de forças existentes nesse imenso Brasil, enquanto nós enxergamos as árvores. A decisão tomada por ele terá o nosso apoio por isso”, disse Deyvid.

O coordenador geral da FUP afirmou ainda que a prioridade é manter a boa relação dos petroleiros com a direção da Petrobras, assim como aconteceu sob Jean Paul Prates, a quem reconhece uma gestão de reconquista de direitos dos trabalhadores, do papel da Petrobras na economia e na modernização da estrutura da empresa.

Segundo Bacellar, a ideia é que esse resgate seja mantido sob a gestão de Chambriard, e que mais avanços aconteçam. A executiva teria uma leitura madura do mercado de óleo e gás e da soberania nacional que coaduna com a visão da FUP em vários pontos, de acordo com o sindicalista.

Para Bacellar, é fundamental aumentar o nível de encomendas da companhia à indústria naval brasileira, a fim de gerar emprego e renda, acelerar obras que estavam paradas e foram retomadas sem grande tração na gestão de Prates e seguir no esforço de reestatizar refinarias vendidas à iniciativa privada em governos anteriores.

O sindicalista disse ainda que pretende interceder em nome de aposentados para rever a questão dos equacionamentos do fundo de pensão da categoria, o Petros, que leva a descontos mensais que reduzem o poder de compra dos beneficiários.

O coordenador geral da FUP disse que houve avanços “relevantes” na Petrobras na gestão de Jean Paul Prates, que foi demitido da presidência da estatal na terça-feira, 14. O sindicalista afirmou, no entanto, que a entidade alertou o governo sobre problemas na condução da empresa.

Bacellar destacou a contribuição de Prates às pautas dos petroleiros antes de o ex-senador assumir a companhia, como presidente da frente parlamentar em defesa da Petrobras no Congresso. Foi nessa posição que Prates começou a questionar o acordo da empresa com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) que embasou a política de desinvestimentos da companhia nos governos de Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL). Quando Prates foi alçado à presidência da empresa, a relação com a FUP teria se fortalecido, segundo o sindicalista.

Bacellar elogiou a retomada do diálogo e a reconquista de direitos dos trabalhadores, além do fim da política de paridade de importação para os preços dos combustíveis, do aumento da capacidade de refino e da criação da diretoria de Transição Energética e Sustentabilidade.

Por outro lado, o coordenador geral da FUP critica a lentidão nas encomendas da estatal à indústria naval brasileira – encaradas pela FUP e pelo governo como forte indutor de emprego e renda -, a demora na retomada e na conclusão de grandes obras e a letargia da diretoria de Transição Energética na aprovação de projetos. Tais problemas da gestão de Prates foram levados ao Palácio do Planalto, segundo Bacellar.

A Transpetro, subsidiária de transporte da Petrobras, teria demanda de pelo menos 26 novos navios de transporte, enquanto só havia previsão de quatro encomendas no plano estratégico da Petrobras, segundo o sindicalista.

Além disso, houve demora na contratação de prestadores de serviços e fornecedores para obras como a do Gaslub, no Rio, e na retomada da produção de fertilizantes, além de resistências ao aumento ou observância de conteúdo local em projetos. De acordo com Bacellar, os problemas têm origem na diretoria de Engenharia, Tecnologia e Inovação, comandada por Carlos Travassos.

Na diretoria de Transição Energética, comandada por Maurício Tolmasquim, o sindicalista se queixa da falta de projetos efetivos, devido à contrariedade de técnicos da área aos planos de transição do governo para a companhia. Executivos da Petrobras têm dito que a aprovação de projetos novos requer análise demorada e longa apreciação pelas instâncias de governança.