Economia
Brasil-China

Alckmin destaca que haverá novo recorde comercial em 2024

O comércio entre os dois países cresceu 7,4% no acumulado de janeiro a julho deste ano, segundo o presidente em exercício, Geraldo Alckmin

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05 de agosto de 2024
Vinicius Palermo
Alckmin destaca que haverá novo recorde comercial em 2024
O presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin

O presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin, destacou na segunda-feira, 5, que o ano de 2024 deverá marcar um novo recorde comercial na relação entre Brasil e China. O comércio entre os dois países cresceu 7,4% no acumulado de janeiro a julho deste ano, segundo Alckmin, na comparação com o mesmo período do ano anterior.

“Há 14 anos a China é o maior e mais importante parceiro comercial do Brasil”, destacou o presidente em exercício, durante sua participação, de forma remota, na conferência anual do Conselho Empresarial Brasil e China (CEBC) que, neste ano, celebrou os 50 anos das relações comerciais entre Brasil e China.

Alckmin destacou que o Brasil exporta muitos alimentos à China e que isso traz segurança alimentar para o país asiático.

O presidente em exercício citou ainda os embarques brasileiros de petróleo, ferro e celulose e lembrou que o Brasil importa diversos itens da China.

Alckmin salientou que “novas oportunidades” devem aparecer na relação comercial entre Brasil e China à frente, citando iniciativas dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em áreas como infraestrutura, logística, ferrovias, portos e energia.

A China respondeu no ano passado por 52% de todo o superávit comercial brasileiro, informou o embaixador e presidente do CEBC, Luiz Augusto de Castro Neves, ao fazer a abertura do evento.

De acordo com o embaixador, no Brasil, de norte a sul e de leste a oeste, tem projetos chineses. No decorrer das últimas décadas a China vem investindo em 200 projetos em solo brasileiro somando US$ 70 bilhões.

“Nosso país está entre os dez no mundo que mais recebem investimentos chineses”, disse Castro Neves emendando que o setor energético é o que mais atrai investimentos da China no Brasil e que a infraestrutura responde por um quarto de todos os projetos de investimentos chineses no Brasil.
E continua sendo o setor energético o mais promissor para a China no Brasil na esteira da transição energética já que o Brasil tem vantagens comparativas muito significativas em relação a outros países quando se trata de economia verde por causa da sua grande vocação para produção do hidrogênio verde.

“A China também está de olho no setor de tecnologia brasileiro e tem feito investimentos neste segmento”, disse o presidente do CEBC, destacando a entrada de big techs chinesas no Brasil.

Em termos de fluxo comercial, as exportações brasileiras para a China somaram US$ 104 bilhões em 2023. No entanto, de acordo com o embaixador, nos últimos 50 anos a pauta de exportação brasileira para a China pouco mudou. Continua ainda muito focada em agro de baixo valor agregado.

“Em termos históricos, a nossa pauta de exportações para a China quase não mudou. A pouca inovação se deu no setor do agro”, disse o embaixador.

Por lado, disse ele, as importações brasileiras provenientes da China vem toda da indústria da transformação “É notável que a China tem aumentado a sua pauta de exportações de maior valor agregado para o Brasil. Carros chineses tem entrado no país”, disse o presidente do CEBC.

Também participante do evento, o diretor de Gestão Corporativa da Apex Brasil, Floriano Pesaro, destacou que o grande desafio hoje na relação bilateral Brasil-China é ampliar o leque de setores e produtos comercializados entre os dois países.

Do lado das exportações, Pesaro citou que os embarques de soja, petróleo e minério de ferro representam cerca de 75% de tudo que é exportado para a China.

Já nas importações, o diretor citou que o Brasil atende por apenas 5% do mercado chinês. “Podemos ampliar muito isso”, frisou.

Na avaliação de Pesaro, esse desequilíbrio na relação bilateral é um desafio do Brasil e o papel da Apex é auxiliar nessa mudança.

O diretor pontuou ainda que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem feito um papel importante nesse sentido, fazendo uma verdadeira “diplomacia comercial”, que é importante para aumentar o fluxo econômico brasileiro no mundo.

O embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao, disse que o país asiático “está pronto” para diversificar as parcerias comerciais com o Brasil, além de consolidar as relações já existentes entre os dois países. “A China está pronta para reforçar a sinergia dessas parcerias estratégicas com o Brasil, ao diversificar a pauta comercial e consolidar parceria tradicionais”, frisou o embaixador durante a abertura da conferência de 50 anos de relações diplomáticas entre Brasil e China, organizada pelo Conselho Empresarial Brasil e China (CEBC), realizado pela manhã, em São Paulo.

Entre os pontos de diversificação na relação entre os dois países, Qingqiao citou oportunidades comerciais em áreas como a revolução científica, a economia verde, Inteligência Artificial (IA), o setor aeroespacial e o setor de saúde.

Neste contexto, reforçou o embaixador, a intenção é fazer com que sustentabilidade e a “alta qualidade” dos produtos sejam as palavras de ordem da cooperação sino-brasileira. “E o setor empresarial é a espinha dorsal dessa cooperação”, acrescentou o embaixador, pontuando que os empresários brasileiros estão convidados a conhecer a China.

Durante sua fala, Qingqiao salientou ainda a importância das já tradicionais pautas de exportações brasileiras à China, com destaque para itens ligados ao setor agropecuário e à mineração.

Segundo ele, as relações comerciais brasileiras aumentaram quase 90 vezes de 1996 para cá, com a corrente de comércio entre os dois países passando de US$ 2,0 bilhões para US$ 180 bilhões no período.

Nos últimos cinco anos, disse ainda o embaixador, a pauta de exportações brasileira para a China já tem se diversificado, com destaque para os embarques de produtos como maquinários, café, castanha e algumas frutas. Ele citou ainda que o Brasil segue sendo um dos principais destinos de investimento chinês no mundo.

Qingqiao encerrou sua fala de abertura do evento reforçando que o objetivo da já histórica relação entre Brasil e China é “buscar a felicidade de ambos os povos”, impulsionando o desenvolvimento de ambas as nações e para escrever “um novo e grandioso” capítulo dessa parceria.