Há tempo para refletir?

Além das notícias e temas técnicos, também é preciso separar um tempo para reflexões sobre a vida, e mais, é preciso ter tempo para pensar. Independentemente da caixa que esteja aberta, parece cada vez mais difícil encontrar alguns minutos para pensar sobre a vida, sobre questões relevantes, e até mesmo sobre o que se pensa.

Os julgamentos e críticas afiados, muitas vezes expostos nas redes sociais, são imediatos e rasos, e as opiniões pessoais estão cada vez mais baseadas em critérios relativos e falaciosos. E quanto menos se pensa, mais se fala.

E quanto mais se fala sem pensar, mais problemas nascem. E por pouco pensar, as pessoas tornam-se mais suscetíveis aos comentários e julgamentos alheios.

Quantos pautam suas escolhas com o objetivo de postar uma foto na rede social? Quantos respondem indiretas virtuais e conflitos reais ganham força? Quantos são os que param e pensam antes de falar? Quantos são capazes de medir o tempo útil que perdem e quanta influência existe no que dizem?

Há poder de vida e de morte na palavra e quem bem a usa será recompensado, mas poucos pensam sobre verdades, a maioria está ocupada com mentiras.

Ao mesmo tempo, grande parte do tempo vai sendo usado para as multitarefas que todos adoram exibir, a supervalorização da rotina exaustiva que mal sobra tempo para realmente sentir.

O super aproveitamento do tempo que não parece igual para todos, mas que acaba por sorrir para aqueles que acordam cedo, planejam a rotina, incluem muitas tarefas, mal respiram, e ainda chegam ao fim do dia frustrados por não alcançar todos os “checks” na “to do list”.

E realmente é necessário tanto tempo para alcançar objetivos e metas que acabam sendo dobradas, triplicadas, inalcançadas? E a vida que passa com o tempo? Será que as prioridades estão sendo trocadas?

A passagem do tempo acaba sendo um ponto de partida para refletir sobre os desafios da vida e o que estamos fazendo aqui. Longe de pessimismo, mas com o viés de questionamento para compreender se a vida que se vive é sonho ou pesadelo, é caminho ou deserto, é o final ou ainda há muito por vir.

E o que virá, a quem irá encontrar? Uma versão melhor de nós ou apenas cansaço e desesperança?

Há tempo para tudo, assim como há tempo de lutar por objetivos, também deve haver tempo para aproveitar os que já foram alcançados. Há tempo para trabalhar e tempo para descansar. Tempo para sonhar e para realizar sonhos. Tempo para falar, tempo para ouvir. E é sempre tempo de ser humano, solidário, altruísta, compreensivo (com os outros e também consigo).

Os valores que transcendem sempre trarão a melhor resposta para decidir.

A vida vai muito além de aparências e objetivos alcançados, fazer o bem ao próximo acalma muito mais que ansiolítico, um momento de meditação/oração produz muitos benefícios. Perceber que ainda somos humanos vai transformar pensamentos e exigências pessoais.

Compreender que estamos todos aprendendo e evoluindo vai nos fazer sorrir diante dos desafios. A fé pode mover montanhas, a coragem de fazer diferente vai firmar os passos.

A capacidade de encontrar felicidade mesmo em meio à dor vai mudar a perspectiva e vai trazer à tona o que há de melhor em cada um.

Sempre há tempo para amar, para ser amor, para levar paz e sossego. Sempre há tempo para amor próprio, perseverança e responsabilidade consigo mesmo.

Mesmo nos dias mais difíceis quem tem certeza sobre a missão enfrenta a chuva com alegria. Mesmo diante de circunstâncias adversas, encontra respostas no propósito que transcende o tempo.

Haverá tempo para refletir?

Suellen Escariz – Mestre em Direito pela Universidade de Coimbra, servidora do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região – Instagram