Economia
Descarbonização

Mercadante diz que Brasil tem todas as condições de liderar transição para economia verde

“O País tem uma capacidade de produção industrial que foi muito relevante no passado e segue sendo complexa, diversa e com grande potencial de recuperação”, disse.

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20 de março de 2024
Vinicius Palermo
Mercadante diz que Brasil tem todas as condições de liderar transição para economia verde
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, durante entrevista coletiva

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, disse na terça-feira, 19, que o Brasil tem todas as condições de liderar a transição para a economia verde e sustentável.

“O País tem uma capacidade de produção industrial que foi muito relevante no passado e segue sendo complexa, diversa e com grande potencial de recuperação”, disse.

Durante o seminário “Descarbonização: Rumo à Mobilidade de Baixo Carbono no Brasil”, realizado pelo Esfera Brasil e MBCBrasil, Mercadante afirmou que países ao redor do mundo têm adotado políticas de estímulo à produção industrial. Citou os casos dos Estados Unidos e da União Europeia.

“Os Estados Unidos estão com uma política de subsídio, de compras públicas, de protecionismo, para recompor sua base industrial e a União Europeia vai na mesma direção”, argumentou.

Segundo Mercadante, “estamos vivendo uma janela de oportunidades extraordinária para o Brasil”. “O cenário internacional é muito desafiador, as tensões geopolíticas, as disputas, as medidas de política industrial tomadas pelos Estados Unidos, União Europeia, China, Japão, Ásia, colocam novos desafios para o Brasil. Tínhamos nos anos 1980 uma indústria maior que a China e Coreia juntos, e vimos o processo de desindustrialização acelerada no Brasil”, completou.

Diante desse cenário, disse o presidente do BNDES, é preciso estabelecer uma nova relação entre Estado e economia, com políticas públicas e investimento voltados ao setor. “Tivemos melhora do ambiente macro e brasileiros precisam parar de falar mal do Brasil”, afirmou.

O presidente do BNDES afirmou que o governo irá superar a meta de investir R$ 300 bilhões em projetos de industrialização. “Nos dois primeiros meses do ano, temos o maior volume de desembolso dos últimos oito anos”, comentou.

Destacando o potencial da indústria brasileira, Mercadante disse que o País precisa “de crédito e de crédito mais barato”. “Em 2023, as consultas (para tomada de crédito) cresceram 88%, as aprovações, 32% e os desembolsos, 17%”, apontou, sobre os dados do BNDES.

Os programas de industrialização que envolvem o BNDES englobam um conjunto de soluções financeiras que buscam viabilizar o financiamento nos próximos três anos. Algumas dessas iniciativas já foram iniciadas, como o Programa Mais Inovação, operado pelo BNDES e pela Finep, que oferece crédito a condições de Taxa Referencial (TR) + 2% e recursos não reembolsáveis.

Entre os eixos do Programa Mais Inovação está o de “uma indústria mais verde”, com aportes do novo Fundo Clima, que se configura como o principal instrumento de financiamento para a descarbonização da indústria brasileira. Também está previsto o uso de instrumentos de mercado de capitais voltados para temas relacionados à transformação ecológica do País.

O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), Paulo Pimenta, destacou na terça-feira, 19, a necessidade de o Brasil liderar o combate às mudanças climáticas, como sempre fala o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “O Brasil vive um grande momento e tem condições de criar um futuro justo e sustentável. Temos um papel chave na construção de saídas”, disse.

Durante o seminário “Descarbonização: Rumo à Mobilidade de Baixo Carbono no Brasil”, realizado pelo Esfera Brasil e MBCBrasil, o ministro ressaltou que o Brasil não é o País que mais emite gases de efeito estufa. “Precisamos chegar ao final de 2025 com avanços. O tema é urgente”, afirmou.

Os caminhos, de acordo com o ministro, passam pelo controle do desmatamento e economia de baixo carbono. Ele citou, no entanto, que é preciso enfrentar os desafios e fazer as lições de casa, comentando que a emissão de gases causadores da mudança climática pelo segmento de transporte tem aumentado. “É preciso trabalhar com o setor para reduzir essa emissão e firmar o Brasil como líder na transição”, disse.

Pimenta salientou que há uma “enorme expectativa” no governo de que Projeto de Lei do Combustível do futuro seja aprovado no Senado.