Economia
Dívida alta

Mercado eleva a previsão de inflação para 3,82% este ano

Para 2025, que também está no foco da política monetária, agora já em maior grau que 2024, a projeção passou de 3,50% para 3,51%, após 28 semanas de estabilidade.

Compartilhe:
16 de fevereiro de 2024
Vinicius Palermo
Mercado eleva a previsão de inflação para 3,82% este ano
Considerando as 74 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2024 passou de 3,76% para 3,79%.

As expectativas para a inflação deste e do próximo ano oscilaram para cima no Relatório de Mercado Focus divulgado na quinta-feira, 15. A projeção de 2024 passou de 3,81% para 3,82%. Um mês antes, a mediana era de 3,87%.

Para 2025, que também está no foco da política monetária, agora já em maior grau que 2024, a projeção passou de 3,50% para 3,51%, após 28 semanas de estabilidade.

Considerando as 74 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2024 passou de 3,76% para 3,79%. Para 2025, a projeção passou de 3,50% para 3,53%, considerando 71 atualizações no período.

Para 2026, a projeção continuou em 3,50% pela 32ª semana consecutiva – seguindo a reancoragem apenas parcial destacada pelo BC após a manutenção da meta de inflação em 3,0% para este e os próximos anos. No horizonte mais longo, de 2027, a estimativa seguiu em 3,50%, como também está há 32 semanas.

As estimativas do Relatório de Mercado Focus continuam acima do centro da meta para a inflação, de 3,00%. O IPCA de 2023 ficou em 4,62%, abaixo do teto da meta (4,75%, para um centro de 3,25% no ano passado), evitando o estouro do objetivo a ser perseguido pelo BC pelo terceiro ano consecutivo, depois de 2021 e 2022.

O Comitê de Política Monetária (Copom) divulgou no fim de janeiro projeção de 3,5% para o IPCA de 2024, igual à da reunião anterior, de dezembro. Para 2025, também seguiu em 3,2%. O colegiado reduziu a Selic pela quinta vez consecutiva em 0,50 pp, para 11,25% ao ano.

Os economistas revisaram as expectativas de inflação de curto prazo no Relatório de Mercado Focus. A mediana para fevereiro de 2024 passou de 0,69% para 0,70%. Há um mês, a expectativa era de 0,65%. Para o IPCA de março, a estimativa passou de 0,28% para 0,27%, de 0,31% um mês antes. Já para abril, a previsão para o indicador seguiu em 0,38%, mesmo nível de quatro semanas atrás.

Os economistas do mercado financeiro reduziram levemente a expectativa para a inflação suavizada para os próximos 12 meses, de 3,82% para 3,77%, de 3,87% há um mês.

Em junho do ano passado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou ao Conselho Monetário Nacional (CMN) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva iria editar decreto estabelecendo uma meta contínua de inflação a partir de 2025, em substituição à atual meta-calendário.

No dia 20 de outubro, porém, Haddad confirmou que não havia previsão para publicar o decreto que regulamenta a meta de inflação contínua. “Até aqui, não (há previsão de publicar o decreto). Consultas estão sendo feitas pela Secretaria de Política Econômica da Fazenda. Mas nós temos tempo, e provavelmente até o final do ano nós vamos ter notícias”, disse o ministro, em São Paulo.

O Relatório de Mercado Focus divulgado na quinta-feira, 15, pelo Banco Central (BC) manteve a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2024. A mediana para a alta da atividade deste ano seguiu em 1,60%, ante 1,59% de um mês atrás. Considerando apenas as 40 respostas nos últimos cinco dias úteis, entretanto, a estimativa para o PIB no fim de 2024 variou de 1,62% para 1,61%.

Para 2025, o documento trouxe manutenção na estimativa de crescimento do PIB em 2,00%, como já estava um mês atrás. Considerando as 33 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB de 2025 também seguiu em 2,00%.

Em relação a 2026, a mediana continuou em 2,00% pela 27ª semana consecutiva. O boletim ainda trouxe a estimativa de crescimento para 2027, que se mantém em 2,00% por 29 semanas.

A estimativa do Ministério da Fazenda para o crescimento do PIB de 2024 é de 2,2%. Já no Banco Central, a projeção atual é de avanço de 1,7% neste ano, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de dezembro.

O relatório de Mercado Focus trouxe manutenção na projeção de rombo fiscal de 2024. Para o déficit primário em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, a mediana seguiu em 0,80%, mesmo nível de um mês antes.

A Lei Orçamentária Anual de 2024 prevê superávit de R$ 2,8 bilhões neste ano (0% do PIB). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já avisou que o governo “dificilmente chegará à meta zero”, até porque o chefe do Executivo “não quer fazer cortes em investimentos e obras”.

A estimativa do Focus para o déficit nominal em 2024 continuou em 6,80% do PIB, ante 7,00% de um mês atrás. O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após o gasto com juros e outras despesas financeiras.

A estimativa para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB em 2024 permaneceu em 63,60%, ante 63,25% de um mês atrás.

Para 2025, o déficit primário esperado pelo mercado seguiu em 0,60% do PIB, ante 0,66% há quatro semanas. O novo arcabouço fiscal aprovado no ano passado prevê uma meta de superávit primário de 0,5% do PIB no próximo ano.

O déficit nominal projetado para 2025 seguiu em 6,29% do PIB, ante 6,39% de um mês atrás. Já a estimativa para a dívida líquida passou de 66,00% para 66,25% do PIB, ante 66,55% de quatro semanas antes.