Economia
Melhora no crédito

Venda de veículos fecha 2023 com alta de 9,7%

Na comparação com o mesmo período de 2022, a alta foi de 14,6%. Frente a novembro, houve crescimento de 16,9% nos emplacamentos.

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04 de janeiro de 2024
Vinicius Palermo
Venda de veículos fecha 2023 com alta de 9,7%
O resultado de 2023 ficou distante do nível de antes da pandemia

Com o maior volume em um mês dos últimos quatro anos, as vendas de veículos em dezembro chegaram a 248,5 mil unidades na soma de carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus. Na comparação com o mesmo período de 2022, a alta foi de 14,6%. Frente a novembro, houve crescimento de 16,9% nos emplacamentos.

No total de janeiro a dezembro, 2023 terminou com 2,31 milhões de veículos zero quilômetro vendidos no País, 9,7% acima de 2022.

O balanço foi divulgado na quinta-feira, 4, pela Fenabrave, a entidade que representa as concessionárias de automóveis. O setor experimentou no mês passado um desempenho que não apresentava desde o início da pandemia, que foi seguida por uma crise no fornecimento de componentes eletrônicos que comprometeu a oferta de carros no mercado.

Não se via resultado mensal tão alto desde os 262,6 mil veículos de dezembro de 2019, fazendo com que o ano terminasse melhor do que o previsto.

O resultado de 2023 ficou distante do nível de antes da pandemia, com uma diferença de 479 mil unidades em relação às quase 2,8 milhões de unidades comercializadas em 2019.

Apesar disso, superou as previsões dos revendedores no início do ano, que apontavam para estagnação do mercado – crescimento zero. Em outubro, a Fenabrave revisou seu prognóstico a um crescimento de 5,6% das vendas.

O desempenho acima do previsto no ano é explicado pelo socorro temporário do governo, que liberou bônus para as compras de automóveis entre junho e julho, junto com a normalização no abastecimento de peças.

Com o fim do programa federal, o mercado passou a ser sustentado pelo relaxamento nas condições de crédito, seguindo os cortes de juros, e pela demanda firme das locadoras, que compram um de cada quatro carros vendidos no País.

As vendas de motos subiram 0,5% em dezembro, frente ao mesmo período de 2022, chegando a 132,8 mil unidades. Na comparação com novembro, o crescimento foi de 1,8%.

A desaceleração do mercado no último trimestre do ano passado refletiu as dificuldades de recebimento de peças e escoamento da produção, em razão da seca severa que restringiu o transporte de cargas pelo rio Amazonas e seus afluentes até o porto de Manaus, onde estão as maiores montadoras de motocicletas do País.

Ainda assim, 2023 terminou com um expressivo crescimento de 16,1% nas vendas de motos, que, somando 1,58 milhão de unidades de janeiro a dezembro, registrou o maior volume em 11 anos.

A Fenabrave prevê crescimento de 12% das vendas de veículos zero quilômetro neste ano. A expectativa é de 2,59 milhões de unidades na soma de carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus.
Só no segmento de veículos leves – carros de passeio e utilitários leves, como picapes e vans -, a entidade prevê vendas de 2,44 milhões de unidades, o que, se confirmado, representará também um crescimento de 12%.

Já no mercado de motos, a entidade espera vendas de 1,83 milhão de unidades, com aumento de 16% sobre o resultado do ano passado, que terminou com 1,58 milhão de motocicletas.

A Fenabrave, associação das concessionárias de automóveis, baseou suas previsões de aceleração das vendas de veículos na tendência de melhora no crédito, com a queda dos juros e da inadimplência contribuindo para que as taxas fiquem mais baixas ao consumidor.

Na quinta-feira, 4, a entidade projetou crescimento de 12% das vendas de veículos em 2024, depois da alta de 9,7% registrada no ano passado na soma de carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus. A Anfavea, que representa as montadoras, apresentou no mês passado previsões mais conservadoras, projetando alta de 7% do mercado em 2024.

Apesar da perspectiva de menor crescimento da economia, o presidente da Fenabrave, José Maurício Andreta Júnior, destacou que o setor espera contar com mais crédito este ano.

“Acho que será um ano melhor do que 2023, com menos turbulência. A Fenabrave esta otimista e espero, no meio do ano, rever isso as previsões para cima”, declarou o executivo durante apresentação dos prognósticos à imprensa.

Segundo a economista Tereza Fernandez, responsável por traçar o cenário macroeconômico que fundamenta as previsões da Fenabrave, a inadimplência começou a desacelerar, permitindo uma menor insegurança dos bancos nas concessões de crédito. Assim, pontuou, o crédito começa a subir na margem.

“Se não tiver susto maior, a tendência é de crédito crescente, e não cadente em 2024. O setor automotivo depende de crédito e vamos ter crédito”, afirmou Tereza. “O cenário no Brasil não é explosivo, mas também não é ruim”, acrescentou.

Ela ponderou, no entanto, que, em meio ao consenso do mercado de que o governo não vai entregar a meta de zerar o déficit das contas públicas em 2024, as incertezas fiscais ainda representam o grande risco à trajetória de queda dos juros.

O otimismo da Fenabrave leva em conta ainda uma safra robusta no campo, com maior renda dos produtores, o que favorece as vendas de caminhões, segmento no qual a entidade prevê crescimento de 10% em 2024.

No mercado de ônibus, onde a expectativa é de aumento de 20% das vendas, a avaliação é de que o segmento deve ser beneficiado pela migração de passageiros para as viagens por rodovias, dado o aumento nos preços das passagens aéreas. Fora isso, as revendas aguardam um aumento nos pedidos de ônibus escolares pelo governo.

Já no mercado de motos, o crescimento de 16% previsto pela Fenabrave considera a normalização da produção das montadoras no polo industrial de Manaus (AM), onde houve, no fim do ano passado, dificuldades de recebimento de peças e escoamento da produção por causa da seca severa que impediu a navegação de navios cargueiros pelo rio Amazonas e afluentes.