Economia
Variações

Mercado reduz previsão de inflação para 4,46%

O Boletim Focus manteve a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano em 2,92%, contra 2,84% há um mês.

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26 de dezembro de 2023
Mercado reduz previsão de inflação para 4,46%
Foto: Divulgação

A expectativa para a inflação deste ano recuou mais uma vez no Boletim Focus divulgado na terça-feira, 26, pelo Banco Central. A projeção para 2023 passou de 4,49% para 4,46%. Um mês antes, a mediana era de 4,53%. Para 2024, foco da política monetária, a projeção passou de 3,93% para 3,91%. Há um mês, também era de 3,91%.

Considerando as 104 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2023 passou de 4,48% para 4,45%. Para 2024, por sua vez, a projeção de alta passou de 3,93% para 3,90%, considerando 103 atualizações no período.

Para 2025, que também está no foco das decisões do Copom, a projeção continuou em 3,50% pela 22ª semana consecutiva – o que evidencia a reancoragem apenas parcial destacada pelo BC após a manutenção da meta de inflação em 3,0% para os próximos anos. No horizonte mais longo, de 2026, a estimativa também seguiu em 3,50%, pela 25ª semana seguida.

As estimativas do Boletim Focus continuam acima do centro das metas para a inflação. Para 2023, a mediana está abaixo do teto da meta (4,75%), evitando o estouro do objetivo a ser perseguido pelo BC pelo terceiro ano consecutivo, depois de 2021 e 2022. Nos outros anos, as expectativas estão dentro do intervalo e também superam o alvo central de 3,0%.

O Comitê de Política Monetária (Copom) divulgou em dezembro projeção de 3,5% para o IPCA de 2024, abaixo dos 3,6% da reunião anterior, de novembro. Para 2025, seguiu em 3,2% no modelo. Para 2023, a projeção foi atualizada de 4,7% para 4,6%. O colegiado reduziu a Selic pela quarta vez consecutiva em 0,50 pp, para 11,75% ao ano.

O Boletim Focus trouxe a manutenção da projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. A mediana das expectativas do mercado financeiro para a alta da atividade em 2023 seguiu em 2,92%, contra 2,84% há um mês. Considerando apenas as 65 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB no fim de 2023 passou de 2,97% para 2,92%.

Para 2024, o Relatório Focus trouxe variação na estimativa de crescimento do PIB de 1,51% para 1,52%, ante 1,50% de um mês atrás. Considerando as 65 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB de 2024 passou de 1,60% para 1,52%.

Em relação a 2025, a mediana seguiu em 2,00%, ante 1,93% de quatro semanas antes. O Boletim ainda trouxe a estimativa de crescimento para 2026, que se manteve em 2,00% pela 20ª semana seguida.
O Ministério da Fazenda revisou em novembro sua projeção para o crescimento do PIB deste ano de 3,2% para 3,0%. Para 2024, a estimativa da equipe econômica é de 2,2%.

Já no Banco Central, a projeção atual também é de crescimento de 3,0% para 2023, mas de apenas 1,7% para 2024, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de dezembro. O Boletim Focus do Banco Central trouxe ainda piora nas projeções fiscais de 2023. A estimativa para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o Produto Interno Bruto (PIB) em 2023 passou de 61,00% para 61,20%, ante 61,00% de um mês atrás.

Para o déficit primário em relação ao PIB neste ano, a mediana passou de 1,30% para 1,40%, contra 1,10% de um mês antes. O Ministério da Fazenda buscava entregar um resultado deficitário de 1,0% do PIB em 2023, mas o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, admitiu em novembro que o déficit primário “provável” deste ano deve ficar em torno de 1,32% do PIB, acima da linha. Segundo ele, pela metodologia do Banco Central, abaixo da linha, o déficit deve ficar entre 1,6% e 1,7% do PIB.

Com a autorização do Supremo Tribunal Federal (STF) para o governo quitar um estoque de cerca de R$ 93 bilhões em precatórios ainda neste ano, a estimativa do Focus para o déficit nominal este ano também piorou, de 7,90% para 8,30% do PIB, ante 7,60% de um mês atrás.

O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após o gasto com juros e outras despesas financeiras.

Para o próximo ano, a estimativa para a dívida líquida passou de 64,20% para 64,50% do PIB, ante 63,90% de quatro semanas antes. Já o déficit primário esperado para 2024 seguiu em 0,80% do PIB. O déficit nominal projetado na Focus também se manteve em 6,80% do PIB. Há um mês, os porcentuais já eram os mesmos.
No fim de agosto, o governo apresentou o projeto de lei orçamentária de 2024 ao Congresso. A peça prevê superávit de R$ 2,8 bilhões em 2024 (0% do PIB), mas depende da arrecadação de R$ 168,5 bilhões em medidas extras, entregues ao Parlamento junto com o Orçamento. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já avisou que o governo “dificilmente chegará à meta zero”, até porque o chefe do Executivo “não quer fazer cortes em investimentos e obras”.