Economia
Trajetória fiscal

Haddad afirma que País pode e deve gastar, mas tem de saber fazê-lo

Haddad, disse que o Brasil “pode e deve investir e gastar”, mas precisa fazê-lo de maneira que garanta a sustentabilidade no médio e longo prazo das contas públicas.

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07 de novembro de 2023
Vinicius Palermo
Haddad afirma que País pode e deve gastar, mas tem de saber fazê-lo
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse na terça-feira, 7, que o Brasil “pode e deve investir e gastar”, mas precisa fazê-lo de maneira que garanta a sustentabilidade no médio e longo prazo das contas públicas. Em participação no 6º Brasil Investment Forum, Haddad reconheceu que a tarefa de organizar da trajetória fiscal do País não é “simples”, mas defendeu que é preciso ter convicção no trabalho, além de compreensão por parte de todos os Poderes.

“Tenho feito questão de frisar os desafios colocados, não menosprezamos”, disse o ministro, citando, novamente, o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) que exclui o ICMS da base de cálculo do PIS/Cofins, além de outras medidas aprovadas no Congresso que afetaram as contas públicas.

“Seria erro grande imaginarmos que a tese do século, que acarretou passivo, não fosse ter consequências na nossa balança. Seria leviano se não apresentasse conjunto de medidas aprovadas pelo congresso, não por essa legislatura, que têm impactado as finanças públicas, muitas vezes à revelia do Executivo, que em várias oportunidades chegou a vetar dispositivos que não agregavam no sistema tributário”, comentou ele, que lidera a ala no governo responsável por defender que o Executivo mantenha a meta de déficit zero no orçamento do próximo ano.

Haddad repetiu também que sua equipe está fazendo os ajustes “necessários” nas contas que foram “desorganizadas” por muitos anos e geraram uma “herança fiscal” para a atual gestão.

O ministro defendeu ainda que chamar atenção para essa disciplina não significaria ser “ortodoxo”, mas, sim, alguém que aponta para a necessidade de planejamento.

“Brasil pode e deve investir, gastar, mas tem que saber fazê-lo de maneira que taxa de retorno tem que ser suficiente para garantir sustentabilidade no médio e longo prazo das contas pública. Isso é zero com a coisa pública, que o recurso público, tão difícil de arrecadar, segue ao seu destino final, na população que precisa”, concluiu o ministro.

O ministro defendeu que o Brasil tem vantagens competitivas para atrair investimentos, ressaltando que o País precisa buscar parcerias comerciais com Estados Unidos, União Europeia, além de intensificar as trocas com os países vizinhos da América Latina.

“Temos que intensificar a integração sul-americana. Está errado voltar as costas a nossos vizinhos, mesmo e sobretudo quando estão em dificuldades. Temos que acabar de uma vez por todas com fronteiras, e criar ambiente de mercado comum para valer, podemos negociar com parceiros, não só com quatro, mas com 10, quem sabe com 13”, disse Haddad.

Ele também voltou a mencionar impacto da agenda econômica verde, diante do potencial brasileiro de exportar energia limpa, além de produzir bens, citando produtos como aço e carros, a partir dessa matriz verde.

“Temos mapeados investimentos em energia limpa com oportunidades que outros países não têm”, disse o ministro.

Ele ainda deu ênfase para o acordo comercial entre União Europeia e Mercosul, negociado atualmente entre os blocos, e a necessidade de aprofundar as trocas com o mercado norte-americano. “Com Ásia é muito forte nossa parceria. O acordo com UE é necessário, e, com os EUA, precisamos ser considerados mercado prioritário para investimentos americanos, além de considerar o país como prioritário para produtos brasileiros”, comentou.