Economia
Corte menor

Mercado reduz previsão da inflação para 4,63% este ano

Um mês antes, a mediana era de 4,86%. Para 2024, foco da política monetária, a projeção piorou de 3,87% para 3,90%. Há um mês, era de 3,87%.

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30 de outubro de 2023
Vinicius Palermo
Mercado reduz previsão da inflação para 4,63% este ano
Para 2023, a mediana está abaixo do teto da meta (4,75%), evitando o estouro do objetivo a ser perseguido pelo BC pelo terceiro ano consecutivo

A expectativa para o IPCA deste ano voltou a melhorar no Boletim Focus divulgado na segunda-feira, 30. A projeção para a inflação oficial em 2023 passou de 4,65% para 4,63%. Um mês antes, a mediana era de 4,86%. Para 2024, foco da política monetária, a projeção piorou de 3,87% para 3,90%. Há um mês, era de 3,87%.

Considerando as 107 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2023 variou de 4,60% para 4,61%. Para 2024, por sua vez, a projeção de alta passou de 3,85% para 3,92%, considerando também 107 atualizações no período.

Para 2025, que tem peso minoritário nas decisões do Copom, a projeção continuou em 3,50% pela 14ª semana consecutiva – o que evidencia a reancoragem parcial destacada pelo BC após a manutenção da meta de inflação em 3,0% para os próximos anos. No horizonte mais longo, de 2026, a estimativa seguiu em 3,50% pela 17ª semana seguida.

As estimativas do Boletim Focus continuam acima do centro das metas para a inflação. Para 2023, a mediana está abaixo do teto da meta (4,75%), evitando o estouro do objetivo a ser perseguido pelo BC pelo terceiro ano consecutivo, depois de 2021 e 2022. Nos outros anos, as expectativas estão dentro do intervalo e também superam o alvo central de 3,0%.

No Comitê de Política Monetária (Copom) de setembro, o BC divulgou projeção de 3,5% para o IPCA de 2024, a mesma da reunião anterior. Para 2025, subiu a 3,1% no modelo. Para 2023, a projeção era de 5,0%.

Os economistas do mercado financeiro mantiveram no Boletim Focus desta semana a expectativa para a inflação suavizada para os próximos 12 meses em 3,92%, de 4,02% há um mês.

O Boletim Focus divulgado na segunda-feira, 30, pelo Banco Central trouxe também leve alteração na projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. A mediana para a alta da atividade em 2023 oscilou de 2,90% para 2,89%, contra 2,92% há um mês. Considerando apenas as 63 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB no fim de 2023 passou de 2,90% para 2,84%.

Para 2024, o Relatório Focus também trouxe estabilidade na estimativa de crescimento do PIB, que continuou em 1,50% na semana, mesmo patamar de um mês atrás. Considerando apenas as 61 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB de 2024 também seguiu em 1,50%.

Em relação a 2025, a mediana continuou em 1,90%, mesmo nível de quatro semanas antes. O Boletim ainda trouxe a estimativa de crescimento para 2026, que se manteve em 2,00%, mesmo nível de um mês atrás.

O governo espera que o crescimento do PIB este ano alcance 3,2%. Já no Banco Central, a estimativa atual é de 2,9%, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de setembro.

O Boletim Focus trouxe manutenção na projeção para o endividamento público neste ano na edição publicada na segunda. A estimativa para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB em 2023 seguiu em 60,60%, ante 60,50% de um mês atrás.

Para o déficit primário em relação ao PIB este ano, a mediana continuou em 1,10%, mesmo nível de um mês antes. O Ministério da Fazenda buscava entregar um resultado deficitário de 1,0% do PIB em 2023, mas o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, admitiu na semana passada que o resultado deve ser um pouco pior.

Já a estimativa do Focus para o déficit nominal este ano seguiu em 7,50% do PIB, ante 7,40% de um mês atrás. O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.

Para o próximo ano, a estimativa para a dívida líquida passou de 63,90% para 63,68% do PIB, ante 63,90% de quatro semanas antes. Já o déficit primário esperado para 2024 piorou de 0,75% para 0,78% do PIB. O déficit nominal projetado na Focus passou de 6,80% para 6,82% do PIB. Há um mês, os porcentuais eram de 0,75% e 6,57%, respectivamente.

No fim de agosto, o governo apresentou o projeto de lei orçamentária de 2024 ao Congresso. A peça prevê superávit de R$ 2,8 bilhões em 2024 (0% do PIB), mas depende da arrecadação de R$ 168,5 bilhões em medidas extras, entregues ao Parlamento junto com o Orçamento. Na última sexta-feira, 27, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva avisou que o governo “dificilmente chegará à meta zero”, até porque o chefe do Executivo “não quer fazer cortes em investimentos e obras”.

Os economistas do mercado financeiro alteraram a estimativa de déficit em conta corrente do balanço de pagamentos para 2023 no Boletim Focus desta semana.

A projeção deficitária passou de US$ 39,70 bilhões para US$ 38,30 bilhões, ante US$ 43,30 bilhões de um mês atrás. Para o próximo ano, a estimativa de déficit saiu de US$ 51,00 bilhões para US$ 47,80 bilhões, ante US$ 51,35 bilhões há quatro semanas.

Em relação ao superávit da balança comercial em 2023, a projeção avançou de US$ 74,35 bilhões para US$ 74,95 bilhões, contra US$ 72,10 bilhões há um mês. Para 2024, a mediana superavitária passou de US$ 61,80 bilhões para US$ 60,60 bilhões, de US$ 60,95 bilhões quatro semanas antes.

Os analistas consultados semanalmente pelo Banco Central (BC) avaliam que o ingresso de Investimento Direto no País (IDP) será mais do que suficiente para cobrir o rombo em transações correntes neste e no próximo ano.

A mediana das previsões para o IDP em 2023 despencou de US$ 79,40 bilhões para US$ 72,00 bilhões. Há quatro semanas, estava em US$ 80,00 bilhões. Para 2024, a estimativa foi mantida em US$ 80,00 bilhões pela 39ª vez.

Na véspera da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o mercado mudou a mediana para a expectativa de Selic terminal no atual ciclo de flexibilização, de 9,00% para 9,25% ao fim de 2024, aponta o Boletim Focus na segunda-feira, 30. Há um mês, a estimativa era de 9,00%. Com a piora do cenário externo e com dúvidas sobre o fiscal, os economistas ouvidos semanalmente pelo Banco Central passaram a estimar um corte a menor na taxa básica de juros no próximo ano.

Já a expectativa para taxa Selic no fim de 2023 foi mantida em 11,75% ao ano pela 12ª semana consecutiva no Boletim Focus. A expectativa segue a sinalização mais recente do Comitê de Política Monetária (Copom) de que o ritmo de corte de 0,50 ponto porcentual é o mais apropriado para as próximas reuniões. O colegiado só se reúne mais duas vezes este ano: nesta semana e em dezembro. Atualmente, após duas quedas, o juro básico da economia está em 12,75% ao ano.

Considerando apenas as 92 respostas dos últimos cinco dias úteis, a mediana para o fim de 2023 também continuou em 11,75%. Para o fim de 2024, também passou de 9,00% para 9,25%, com 92 atualizações na última semana.