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Petrobras ficará de fora de leilão de Partilha

Os cinco blocos das bacias de Campos e Santos ofertados dessa vez serão disputados por seis petroleiras estrangeiras: BP Energy, Chevron, Shell, Total, Petronas e QatarEnergy.

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24 de outubro de 2023
Vinicius Palermo
Petrobras ficará de fora de leilão de Partilha
A Petrobras não se habilitou para disputar áreas sob regime de partilha, a regra do polígono do pré-sal.

O diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Rodolfo Saboia, confirmou que a Petrobras não vai participar do 2º Ciclo da Oferta Permanente do regime de Partilha, com leilão marcado para 13 de dezembro.

“A Petrobras não entrar é uma decisão de empresa, mas faz parte do jogo. Outras empresas capazes estarão no leilão. E isso mostra que o Brasil não depende mais exclusivamente da Petrobras para fazer leilão”, disse Saboia a jornalistas após a abertura da OTC Brasil, que acontece essa semana no Rio de Janeiro. A Petrobras não se habilitou para disputar áreas sob regime de partilha, a regra do polígono do pré-sal.

Os cinco blocos das bacias de Campos e Santos ofertados dessa vez serão disputados por seis petroleiras estrangeiras: BP Energy, Chevron, Shell, Total, Petronas e QatarEnergy.

Somente a última, a QatarEnergy, não foi considerada apta a participar como operadora e deverá, portanto, se limitar ao papel de consorciada de outras empresas operadoras.

Questionado sobre a ausência da Petrobras, Saboia disse que apesar do ineditismo da não inscrição, noutras ocasiões a companhia chegou a se habilitar, mas não fez propostas, o que teria frustrado mais a Agência e o mercado do que desta vez.

A ausência da Petrobras no leilão de dezembro deve se limitar à rodada da partilha, já que a companhia está apta à licitação do regime de concessão, que vai ofertar 602 blocos localizados em 33 setores de todo o País, tanto em terra quanto no mar.

Fontes de mercado têm grande expectativa de que a Petrobras faça ofertas por blocos na Bacia de Pelotas, no litoral do Rio Grande do Sul. Isso se deve a declarações recentes de executivos da estatal de que ela teria interesse em explorar na região, o que vem sendo encarado como uma alternativa à Margem Equatorial, onde a empresa enfrenta resistência do Ibama para emissão de licenças ambientais.

A este respeito, Saboia informou que há mais de 800 blocos aguardando aval de cunho ambiental do governo federal para inclusão no rol de campos a serem incluídos na Oferta Permanente. Ele disse não sentir resistência política nesse sentido, e que os processos têm se desenrolado normalmente.

O diretor-geral da ANP disse que o Brasil vai ultrapassar a marca de produção de 4 milhões de barris de petróleo por dia (bpd) em 2025. Hoje, o País produz, em média, mais de 3,5 milhões de bpd.
“Já em 2025 deveremos ultrapassar 4 milhões de barris por dia de produção de petróleo. São mais de US$ 90 bilhões investidos em cinco anos. Mais 20 plataformas entrando em produção até 2027”.
Saboia disse que o crescimento na produção virá não só da curva ascendente do pré-sal, como do processo de recuperação de campos maduros, protagonizado pelas petroleiras independentes. Ele alertou, porém, que será preciso partir para novas fronteiras exploratórias a fim de evitar o declínio da produção nacional a partir de 2030.
Saboia não fez menção, mas se referia, principalmente à Margem Equatorial, onde o setor enfrenta a resistência do Ibama para emitir licenças ambientais. Outra fronteira que voltou à baila recentemente, inclusive listada para leilão no 4º Ciclo da Oferta Permanente da ANP é a Bacia de Pelotas, no litoral do Rio Grande do Sul.
“Sem atividade exploratória em novas fronteiras, podemos ver a nossa produção decair a partir de 2030. É preciso ter em mente a importância estratégica da decisão que temos de tomar em relação a novas fronteiras, e com brevidade”, disse ele.