Economia
Multilateralismo

Haddad diz que mundo enfrenta uma ‘policrise’

Haddad defendeu a necessidade de uma nova e bem coordenada estratégia econômica global, o “multilateralismo do século XXI”.

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13 de outubro de 2023
Vinicius Palermo
Haddad diz que mundo enfrenta uma ‘policrise’
Ministro da Fazenda Fernando Haddad no SESC Paulista

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na sexta-feira, 13, que o mundo atravessa um momento crítico e está enfrentando crise atrás de crise, o que chamou de “policrise”, ao discursar sobre a presidência do Brasil no G20 a contrapartes e presidentes de Bancos Centrais, em Marrakesh, no Marrocos. Ele defendeu a necessidade de uma nova e bem coordenada estratégia econômica global, o “multilateralismo do século XXI”.

“A economia mundial está num momento crítico. Em vez do triunfo da globalização e de uma ordem mundial liberal centrada no livre comércio, o que vemos hoje é uma crescente fragmentação geoeconômica e um multilateralismo ineficaz, para não falar de uma nova crise da dívida no Sul Global e uma catástrofe ambiental iminente”, disse Haddad.

Ao comentar a situação das regiões, disse que na África e na América Latina, taxas de crescimento moderadas tornam mais difícil resolver desigualdades sociais duradouras. Por sua vez, no Norte Global, os juros poderão permanecer mais elevados durante mais tempo e as perspectivas econômicas continuam ameaçadas por riscos geopolíticos e medidas econômicas unilaterais.

“Além de desafios globais abrangentes como esses, crises locais agudas exigem respostas urgentes e decididas de vários governos e da comunidade internacional como um todo”, disse Haddad.

Segundo ele, à medida que o mundo tropeça de crise em crise, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, propostos em 2015, ficam mais distantes. “O mundo está enfrentando uma ‘policrise’, para usar um conceito que está se tornando cada vez mais popular”, destacou Haddad, citando a crise financeira de 2008, a pandemia e a guerra na Ucrânia.

Na sua visão, para fazer face aos efeitos econômicos desta “policrise”, o mundo precisa de uma nova e bem coordenada estratégia econômica global. O mundo precisa do que Haddad chamou de “multilateralismo do século XXI”.

O ministro afirmou que o Brasil vai aproveitar o legado da presidência da Índia no G20, grupo que reúne as maiores economias do mundo, para avançar em cinco áreas críticas na trilha financeira. Trata-se da parte dedicada a resolver problemas econômicos e financeiros e que conta com a participação dos ministros das Finanças e presidentes de bancos centrais.

“A presidência brasileira do G20 proporá em breve prioridades articuladas para cada um dos grupos de trabalho e forças-tarefa da trilha financeira, visando traduzir esta agenda em políticas e resultados concretos, acordados entre todos os membros do G20”, disse Haddad, ao discursar em reunião que aconteceu em Marrakesh, no Marrocos.

As cinco áreas críticas são: coordenação eficaz entre políticas econômicas e financeiras a nível global para prevenir riscos; reforma das instituições financeiras internacionais para torná-las mais representativas e preparadas para cumprir a sua missão central; nova visão para uma tributação internacional justa, correção de desigualdades e fim a brechas legais que permitem a evasão fiscal; apoiar países de baixa e média renda para que resolvam dívidas; criar mecanismos apropriados de compartilhamento de riscos entre o capital público e privado para financiar transformações ecológicas equitativas.

O ministro brasileiro lembrou que além dos grupos de trabalho já em curso, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, anunciou duas novas forças-tarefa: a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e a Mobilização Global contra as Mudanças Climáticas.

“Estas novas forças-tarefa reafirmam o compromisso do Brasil com as prioridades anunciadas em Nova Délhi e serão coorganizadas pela trilha financeira do G20”, concluiu Haddad.