Economia
Cenário externo

Haddad diz que Brasil tem de fazer agenda andar para proteger economia

De acordo com Fernando Haddad, até o final do ano a agenda de trabalho está estabelecida com o Senado e a Câmara dos Deputados Federais.

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09 de outubro de 2023
Vinicius Palermo
Haddad diz que Brasil tem de fazer agenda andar para proteger economia
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad

Com o recrudescimento da crise internacional pela eclosão do conflito entre o Hamas e Israel, se faz necessário acelerar a agenda de trabalho doméstica para que se possa proteger a economia brasileira. A avaliação é do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que na segunda-feira, 9, cumpriu agenda na capital paulista.

De acordo com o ministro, que concedeu entrevista coletiva no período da manhã para anunciar a nova fase do Programa Desenrola, por enquanto, até o final do ano, a agenda de trabalho está estabelecida com o Senado e a Câmara dos Deputados Federais.

“Mas com o cenário externo se complicando, nosso desafio é fazer agenda interna avançar o mais rápido possível para proteger a economia brasileira. Agora, tem um momento de preocupação externa. De novo, temos que votar e fazer as mudanças necessárias pra proteger a economia brasileira”, disse Haddad.

Perguntado sobre os impactos da guerra em Israel sobre a economia mundial e a brasileira, uma vez que o conflito está levando a aumentos do preço do petróleo, projetando aumento de inflação e de juro nos Estados Unidos, Haddad disse que sobre “juros nos Estados Unidos e preço do petróleo não nos compete decidir”.

“O cenário externo é desafiador, mas temos uma agenda econômica. Temos que aguardar porque as coisas são muito voláteis. O petróleo bateu em US$ 83 na semana passada. A pior coisa é tomar decisões precipitadas, vamos avaliar. O preço do petróleo estava em um momento melhor. Agora, com este episódio conflito entre Hamas e Israel vamos ver como se desdobra”, disse o ministro reiterando que o governo brasileiro não irá tomar nenhuma decisão precipitada que possa vir a colocar em risco a agenda econômica brasileira em curso.

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, comentou que os problemas da Palestina começaram ainda no pós-Primeira Guerra Mundial. “O envolvimento do Irã em conflito pode afetar o preço do petróleo”, disse.

Ele salientou que tanto o dólar quanto o preço do petróleo foram dois riscos já mencionados pelo Comitê de Política Monetária (Copom) em seus comunicados oficiais e destacou que na segunda-feira pela manhã o valor da commodity registrava uma alta próxima a 5% depois que foram feitas correlação do conflito com o Irã, e como isso pode afetar os preços.

A posição do Brasil nesse aspecto, de acordo com Galípolo, é bastante diferente agora em relação ao passado, porque passou a ser produtor. “Passa a ser um alerta para a gente em função dos impactos nos preços domésticos dado o impacto que o preço do petróleo tem em uma série de insumos e bens que a gente consome aqui e com a correlação com o dólar”, destacou.

Já o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse que o conflito no Oriente Médio vai trazer mais volatilidade ao preço do petróleo, e que a nova estratégia comercial da companhia vai ajudar a mitigar uma eventual disparada no valor dos derivados, principalmente do diesel, que já vinha pressionado.

“Provavelmente vamos ter mais volatilidade no preço, o que vai salientar de novo a utilidade da política de preços que a gente tem colocado em prática junto com o governo federal”, disse ele ao chegar em evento promovido pelo consulado da Noruega no Copacabana Palace, no Rio de Janeiro.

Prates destacou principalmente uma possível aceleração no preço do diesel, mas que ainda é preciso acompanhar o desenrolar dos acontecimentos.

“Não tem que fazer muito mais do que a gente está fazendo, tem que ir acompanhando os preços, principalmente do diesel, e ir se organizando”, explicou. “Isso não quer dizer que vamos fazer ajuste o tempo todo”, concluiu.