Economia
Agenda sustentável

Haddad: o que pode parecer custo para outros é para nós oportunidade

Para Haddad, o Brasil está ainda “muito atrasado em relação a tudo” e a procura agora é avançar “em busca do tempo perdido”

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05 de outubro de 2023
Vinicius Palermo
Haddad: o que pode parecer custo para outros é para nós oportunidade
O Tribunal de Contas da União (TCU) realiza o 7º Fórum Nacional de Controle. Participaram da abertura o ministro do TCU, Augusto Nardes; e os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ressaltou na quinta-feira, 5, que a agenda da sustentabilidade será uma oportunidade para o Brasil. “Temos uma oportunidade enorme pela frente. O que pode parecer custo para outros países, para o Brasil é oportunidade”, disse ele durante o 7º Fórum Nacional de Controle, promovido pelo Tribunal de Contas da União (TCU), em Brasília. O evento deste ano tem como tema “Desenvolvimento Sustentável e o Controle”.

Para Haddad, o Brasil está ainda “muito atrasado em relação a tudo” e a procura agora é avançar “em busca do tempo perdido” e do atraso de uma série de mecanismos modernos que estão à disposição para a realização da transição ecológica. O ministro comemorou também a aprovação na quarta-feira, 4, pelo Senado da criação do mercado de carbono do Brasil. Ele citou trabalhos do Ministério sobre taxonomia e green bonds.

“Já no primeiro ano de governo vamos endereçar uma série de questões muito atrasadas”, reforçou. Ele destacou que o Plano de Transição Ecológica tem mais de cem ações e que incide sobre todos os ministérios, citando o Plano Safra como exemplo.

O ministro voltou a enfatizar a liderança da Universidade de São Paulo (USP) em um estudo para produzir hidrogênio verde a partir de etanol. Criticou, no entanto, o fato de a Petrobras não participar do projeto.

“A Petrobras ficou de fora do projeto de hidrogênio verde. Já conversei com o Jean Paul Prates (presidente da estatal). Não usamos o fundo verde para aquilo que de mais moderno há no País. Às vezes, o Estado brasileiro se omitiu para nos colocar na liderança da transformação ecológica no mundo”, disse.

Para o ministro, o Brasil tem uma dúzia de bons projetos verdes. “Tem uma quantidade enorme de oportunidades a serem aproveitadas. Eu sequer tinha notícia do climate scanner”, disse em referência a uma ferramenta do TCU que será lançada durante a COP28, em Dubai, nos Emirados Árabes.

Haddad argumentou que a presidência brasileira do G20 e a COP30, em Belém, no Pará, sejam usadas como uma vitrine dos projetos que ocorrem no País. “Podemos dar visibilidade mundial para o que está sendo feito aqui com efeitos externo e interno”, afirmou. “Não temos ainda alinhamento em torno disso no Brasil. Ainda estamos remando, envolvendo as pessoas”, continuou.

O ministro comentou que há 20 anos havia a dúvida sobre se a agenda de sustentabilidade colidia com o desenvolvimento. “A humanidade amadureceu, e também pela dor. Nós é que vamos pagar preço por agredir a natureza, sobretudo os pobres”, previu. A situação, de acordo com ele, no entanto, pode ser evitada. E mais: o País poderia aproveitar o momento para fazer dessas questões fonte de geração de emprego e de cidadania.

Haddad ainda agradeceu a parceria do TCU, citando nominalmente discussões em torno de mudanças no Carf e da reforma tributária. “Tem sido inestimável o TCU para uma agenda de modernidade da máquina pública”, elogiou.

O presidente do TCU, Bruno Dantas, destacou a importância de os órgãos de controle do governo atuarem de olho nas questões ambientais. “O tema é urgente”, disse.

Dantas destacou que o atual governo tem atuado em favor da transição energética no País e que a dificuldade no Brasil é mais na área de descarbonização. Ele comemorou a aprovação na quarta-feira, 4, pelo Senado, do mercado regulado de crédito de carbono.

“Sabemos do esforço do governo para reposicionar nossa imagem no exterior”, disse citando a criação de uma ferramenta do TCU com órgãos de outros países que pretende consolidar uma auditoria global. A ideia já foi levada à ONU e será formalmente apresentada na COP 28 de Dubai, em novembro. “Nossa meta é ter mais de 100 países em adesão à plataforma Climate Scanner”, projetou.

Participam do evento os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil), Esther Dweck (Gestão), Marina Silva (Meio Ambiente), Jorge Messias (AGU) e Augusto Nardes (TCU).