Economia
Agropecuária

BC eleva projeção de PIB para 2,9% este ano

Pelo lado da oferta, o BC alterou a estimativa para a expansão da agropecuária – grande surpresa no primeiro semestre – de avanço de 10,0% para 13,0%

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28 de setembro de 2023
Vinicius Palermo
BC eleva projeção de PIB para 2,9% este ano
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participa do 17º Fórum de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

De olho na resiliência da atividade econômica, o Banco Central elevou novamente sua estimativa para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 2023, de 2,0% para 2,9%, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado na quinta-feira, 28. Em junho, a autarquia já havia revisado a projeção de crescimento de 1,2% para 2,0%.

Pelo lado da oferta, o BC alterou a estimativa para a expansão da agropecuária – grande surpresa no primeiro semestre – de avanço de 10,0% para 13,0%, enquanto a revisão para a indústria foi de alta de 0,7% para 2,0%. No caso dos serviços, o BC aumentou a previsão de crescimento de 1,6% para 2,1%.

Em relação aos componentes da demanda, o RTI informou forte alteração de 1,6% para 2,8% na expectativa de crescimento do consumo das famílias e de 1,0% para 1,8% previsão de alta do consumo do governo.

O documento de quinta indica ainda que a projeção para 2023 da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) – indicador que mede o volumede investimento produtivo na economia – mostrou cenário mais negativo, de retração de 1,8% para queda de 2,2%. Todas as estimativas anteriores constavam do RTI divulgado em junho.

O BC também informou pela primeira vez suas projeções para 2024. Para o PIB total, a expectativa é de 1,8%. Pelo lado da oferta, o BC estima expansão da agropecuária de 1,5%, enquanto, para a indústria, a projeção é de alta de 2,0%. No caso dos serviços, a autoridade monetária prevê crescimento de 1,8%.

Já entre os componentes da demanda, o BC tem expectativa de alta de 1,9% para o consumo das famílias e de avanço de 1,5% para o consumo do governo. Para a FBCF, é esperada elevação de 2,1%, conforme a autarquia. No Boletim Focus, a mediana é de crescimento de 2,92% para o PIB deste ano e de 1,50% no próximo.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou a revisão para cima na previsão de crescimento do PIB de 2023 no Relatório Trimestral de Inflação (RTI). “Deve subir mais. A nossa projeção atual está superior a 3%”, disse.

Haddad afirmou que as atualizações das projeções estão sendo percebidas desde o início do ano e que isso decorre das diferentes metodologias. “Mas tudo está convergindo. Acredito que, sobretudo se votarmos os projetos importantes, vamos ter um bom quarto trimestre”, comentou.

O relatório trouxe também pela primeira vez a estimativa da autoridade monetária para a inflação de 2026, com Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 3,1% no cenário de referência. A meta para aquele ano foi definida em 3,0% pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em junho, e o governo avisou na ocasião que iria editar um decreto mudando o regime para meta contínua a partir de 2025.

O RTI também trouxe as estimativas do BC para a inflação em 2023 (5,0%), 2024 (3,5%) e 2025 (3,1%). Essas projeções já haviam sido divulgadas na semana passada, no comunicado da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) que reduziu a Selic de 13,25% para 12,75% e sinalizou novos cortes de 0,50 pp nas próximas reuniões.

O cenário de referência utiliza câmbio variando conforme a Paridade do Poder de Compra (PPC) e juros do Relatório de Mercado Focus.

Para 2023, o centro da meta de inflação é de 3,25%, com piso de 1,75% e teto de 4,75%. De 2024 em diante, o alvo central é de 3,00% com bandas de 1,50% a 4,50%.

No último Boletim Focus, os analistas consultados semanalmente pelo BC estimaram o IPCA de 4,86% em 2023, 3,86% em 2024, 3,50% em 2025 e também 3,50% em 2026.

O Banco Central promoveu ajustes em suas projeções para o mercado de crédito em 2023, em sua maioria com revisões para baixo. A instituição alterou sua projeção para o saldo total de crédito de alta de 7,7% para elevação de 7,3%.

Dentro do crédito total, a projeção do saldo de operações com pessoas físicas continuou em aumento de 9,9%. No caso das empresas, a expectativa foi de alta de 4,4% para 3,4%.

“Desde o Relatório anterior, os dados do mercado de crédito vieram abaixo do esperado, principalmente em decorrência do movimento no crédito para pessoas jurídicas com recursos livres. A incorporação desses dados e a revisão do cenário macroeconômico prospectivo reduziram a projeção de crescimento do saldo nominal de crédito para 2023, de 7,7% para 7,3%”, explicou o BC no documento.

Já a projeção para o saldo de crédito livre – aquele que não utiliza recursos da poupança ou do BNDES – passou de alta de 6,3% para elevação de 5,7%. Dentro do crédito livre, a projeção para o crédito às pessoas físicas seguiu em avanço de 9,0%. No caso das pessoas jurídicas, passou de aumento de 3,0% para avanço de 1,5%.

A projeção do BC para o saldo de crédito direcionado, que utiliza recursos da poupança e do BNDES, permaneceu em crescimento de 9,6%, com a desaceleração no crédito imobiliário sendo compensada pelo aumento do Plano Safra 23/24, conforme o BC. Dentro do crédito direcionado, a projeção do saldo para as pessoas físicas se manteve em alta de 11,0%. No caso das pessoas jurídicas, a projeção continuou em 7,0%. As projeções anteriores constavam no relatório de junho.

Para o ano que vem, o BC informou pela primeira vez suas projeções. Para o crédito total, a previsão é de alta de 8,5%. Na abertura para famílias, o BC tem estimativa de aumento de 9,2%, já para empresas a expectativa é de elevação de 7,4%.

No crédito livre, o cenário do BC prevê expansão de 7,9%, dividido em alta de 8,5% para pessoas físicas e avanço de 7,0% para pessoas jurídicas. O BC ainda projeta crescimento de 9,3% no crédito direcionado no ano que vem. Para as famílias, a expectativa é de aumento de 10,0% e, para empresas, o avanço esperado é de 8,0%.

“Espera-se que no próximo ano o crescimento do saldo do crédito supere o observado em 2023, em termos nominais e reais, em consequência da evolução do crédito com recursos livres, mais sensível à evolução esperada da política monetária. A aceleração deve ser impulsionada pelo segmento de crédito livre para pessoas jurídicas, com a dissipação dos impactos dos eventos envolvendo grandes empresa”, disse o BC no RTI, acrescentando que o crédito para famílias deve ter leve desaceleração com o alto endividamento e comprometimento de renda.