Economia
PIB maior

Mercado eleva previsão de inflação para 4,93% este ano

Para 2024, foco principal da política monetária, a projeção também teve alta de 3,88% para 3,89%. Há um mês, era de 3,86%.

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11 de setembro de 2023
Vinicius Palermo
Mercado eleva previsão de inflação para 4,93% este ano
No horizonte mais longo, de 2026, também houve manutenção da estimativa em 3,50%.

As expectativas inflacionárias voltaram a subir marginalmente no Boletim Focus divulgado na manhã de segunda-feira, 11, pelo Banco Central. A projeção para a inflação oficial em 2023 medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) avançou de 4,92% para 4,93%. Um mês antes, a mediana era de 4,84%. Para 2024, foco principal da política monetária, a projeção também teve alta de 3,88% para 3,89%. Há um mês, era de 3,86%.

Considerando somente as 67 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2023 variou de 4,92% para 4,93% Para 2024, por sua vez, a projeção de alta avançou de 3,80% para 3,82%, considerando 66 atualizações no período.

Para 2025, que agora tem peso minoritário nas decisões do Copom, a projeção continuou em 3,50%, repetindo a mediana de quatro semanas antes. No horizonte mais longo, de 2026, também houve manutenção da estimativa em 3,50%. Há um mês, a projeção já era de 3,50%.

As estimativas do Boletim Focus continuam acima da meta. Para 2023, a mediana supera o teto da meta (4,75%) e indica estouro do objetivo a ser perseguido pelo BC pelo terceiro ano consecutivo, depois de 2021 e 2022. Nos outros anos, as expectativas estão dentro do intervalo, mas superam o alvo central de 3,0%.

No Comitê de Política Monetária (Copom) de agosto, o BC divulgou projeção de 3,4% para o IPCA de 2024, a mesma da reunião anterior. Para 2025, a projeção ficou em 3,0% no modelo, que considerava um primeiro corte de 0,25pp e não o que ocorreu, de 0,50pp -, de 3,1% em junho. Para 2023, a projeção é de 4,9%.

Ainda sob efeito da surpresa com o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre (0,9%), o Boletim Focus trouxe novo avanço da projeção de crescimento econômico para este ano.

A mediana para a alta do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023 passou de 2,56% para 2,64%, contra 2,29% há um mês. Considerando apenas as 54 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB no fim de 2023 passou de 2,66% para 2,96%.

Para 2024, o Relatório Focus também mostrou melhora na estimativa de crescimento do PIB, de 1,32% para 1,47%, ante 1,30% de um mês atrás. Considerando apenas as 51 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB de 2024 passou de 1,44% para 1,60%.

Em relação a 2025, a mediana aumentou de 1,90% para 2,00%, ante 1,90% de quatro semanas antes. O Boletim ainda trouxe a estimativa de crescimento para 2026, que se manteve em 2,00%, mesma mediana de um mês atrás.

Após o PIB do segundo trimestre, o ministro Fernando Haddad, indicou que a projeção oficial para este ano deve subir de 2,5% para algo próximo a 3,0%, mas que a Secretaria de Política Econômica (SPE) vai divulgar o novo número de forma ordenada.

No Banco Central, a estimativa atual é de 2,0%, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de junho, mas o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que o mercado deve revisar o número para entre 2,5% e 3,0%.

A expectativa para taxa Selic no fim de 2023 foi mantida no Boletim Focus desta semana, seguindo a sinalização do Copom de que pretende repetir o passo de corte de juro em 0,50 ponto porcentual nas próximas reuniões do colegiado. A mediana para a Selic no encerramento deste ano ficou em 11,75%.

Para o término de 2024, a mediana se manteve em 9,00%. Há um mês, as estimativas já estavam nesses patamares.

Considerando apenas as 57 respostas dos últimos cinco dias úteis, a mediana para o fim de 2023 permaneceu em 11,75%. Para o fim de 2024, variou de 9,25% para 9,00%, com 56 atualizações na última semana.

Em agosto, o Copom optou por iniciar o ciclo de afrouxamento monetário com uma queda de 0,50pp dos juros básicos, o que surpreendeu parte do mercado, que apostava majoritariamente em uma queda mais “parcimoniosa”, de 0,25pp.

Recentemente, os membros do Copom têm repetido que a “barra” é alta para acelerar o ritmo de cortes. Além disso, o diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, destacou o papel do tamanho do ciclo de juros para garantir a convergência da meta de inflação. “O Orçamento vai ser o que for necessário para atingir o centro da meta.”

O Boletim Focus ainda mostrou que a projeção para a Selic no fim de 2025 e de 2026 continuou em 8,50%, mesma mediana de quatro semanas atrás.

O cenário esperado para o câmbio brasileiro se deteriorou no Relatório de Mercado Focus desta semana em meio às incertezas sobre o mercado externo e as contas públicas locais. Conforme o boletim divulgado pelo Banco Central, a estimativa para o câmbio este ano passou de R$ 4,98 para R$ 5,00, de R$ 4,93 um mês antes. Para 2024, a mediana variou de R$ 5,00 para R$ 5,02, contra R$ 5,00 quatro semanas antes.

A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020.
Com isso, o BC espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.

O Boletim Focus mostrou um cenário de alteração em alguns indicadores para as contas públicas este ano. A estimativa para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o Produto Interno Bruto (PIB) em 2023 passou de 60,45% para 60,40%, mesmo porcentual de um mês atrás.

Para o déficit primário em relação ao PIB este ano, a mediana seguiu em 1,00%, repetindo a mediana de quatro semanas antes. O Ministério da Fazenda sustenta que deve entregar um resultado deficitário de 1,0% do PIB em 2023, ou menor. Já a estimativa para o déficit nominal este ano passou de 7,45% para 7,40% do PIB, de 7,45% há um mês.

O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.

Para o próximo ano, a estimativa para a dívida líquida variou de 63,95% para 63,90%. Há quatro semanas, a expectativa era maior, de 63,95% do PIB. Já o déficit primário esperado para 2024 se manteve em 0,71% e o déficit nominal continuou em 6,80% do PIB. Há um mês, os porcentuais eram de 0,80% e 6,90%, nessa ordem.

No fim de agosto, o governo apresentou o projeto de lei orçamentária de 2024 ao Congresso. A peça prevê superávit de R$ 2,8 bilhões em 2024 (0% do PIB), mas depende da arrecadação de R$ 168 bilhões em medidas extras, entregues ao Parlamento junto com o Orçamento. Devido à elevada necessidade de receita adicional, há certo ceticismo no mercado sobre se o resultado proposto pelo governo é factível.