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PIB registrou aumento de 0,9% no 2º trimestre

Na comparação com o segundo trimestre de 2022, o PIB apresentou alta de 3,40%, resultado que também superou a mediana das previsões do mercado

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01 de setembro de 2023
Vinicius Palermo
PIB registrou aumento de 0,9% no 2º trimestre
O intervalo das projeções, neste caso, ia de elevação de 0,4% a 3,6%.

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro registrou alta de 0,90% no segundo trimestre de 2023 ante o primeiro trimestre, informou na manhã de sexta-feira, 1, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Na comparação com o segundo trimestre de 2022, o PIB apresentou alta de 3,40%, resultado que também superou a mediana das previsões do mercado, que apontava avanço de 2,7%. O intervalo das projeções, neste caso, ia de elevação de 0,4% a 3,6%. Ainda segundo o instituto, o PIB do segundo trimestre de 2023 totalizou R$ 2,651 trilhões.

O Produto Interno Bruto da indústria registrou alta de 0,90% no segundo trimestre de 2023 ante o primeiro trimestre. Na comparação com o segundo trimestre de 2022, o PIB apresentou avanço de 1,50%.

O PIB da agropecuária registrou baixa de 0,90% no segundo trimestre de 2023 ante o primeiro trimestre, informou o IBGE. Na comparação com o segundo trimestre de 2022, o PIB apresentou avanço de 17,00%.
Já o PIB de serviços registrou alta de 0,60% no segundo trimestre de 2023 ante o trimestre anterior. Na comparação com o segundo trimestre de 2022, o PIB apresentou avanço de 2,30%.

O consumo das famílias registrou alta de 0,90% no segundo trimestre de 2023 ante o primeiro trimestre, informou o IBGE. Na comparação com o segundo trimestre de 2022, o consumo das famílias apresentou avanço de 3,00%.

O consumo do governo, por sua vez, subiu 0,70% no segundo trimestre de 2023 ante o primeiro trimestre. Na comparação com o segundo trimestre de 2022, o consumo do governo teve alta de 2,90%.

A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) registrou alta de 0,10% no segundo trimestre de 2023 ante o primeiro trimestre. Na comparação com o segundo trimestre de 2022, a FBCF apresentou recuo de 2,60%. Segundo o instituto, a taxa de investimento (FBCF/PIB) do segundo trimestre ficou em 17,20%.

O secretário executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, comemorou o resultado do PIB do segundo trimestre. Ele ressaltou que o dado veio “bem acima” da mediana de expectativas e que, se o Brasil não registrar mais crescimento neste ano, o PIB deverá ter avanço de 3,1% em 2023. “É importante dizer, estamos com dado bastante positivo de crescimento do País”, disse o número 2 do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Do PIB do segundo trimestre, Durigan destacou o resultado do mercado interno, que, do ponto de vista da demanda, “surpreendeu”, além dos dados positivos da indústria.

O último Boletim Macrofiscal de 2023 da Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda estimava crescimento do PIB deste ano em 2,5%.

A alta foi decorrente de avanços em 11 das 12 atividades econômicas sob a ótica da oferta. A única atividade com queda foi a Agropecuária, um recuo de 0,9%, mas devido à base de comparação elevada. No primeiro trimestre de 2023 ante o quarto trimestre de 2022, o PIB agropecuário tinha registrado um salto de 21,0%, turbinado pela safra recorde de soja.

“A Agropecuária só ficou negativa no segundo trimestre contra o primeiro por conta de uma base de comparação muito alta”, frisou Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE. “A gente tem mais ou menos 60% da safra da soja no primeiro trimestre. E agora a gente tem uma safra mais importante do café, e a gente tem também a pecuária contribuindo positivamente”, completou.

A expansão do PIB no segundo trimestre foi explicada pelo bom desempenho da indústria (0,9%) e, principalmente, dos serviços (0,6%).

Dentro do setor de serviços, os destaques foram os serviços financeiros – especialmente os seguros, como os de vida, de automóveis, de patrimônio e de risco financeiro – e os outros serviços voltados às empresas, como os jurídicos e os de contabilidade.

“As principais seguradoras todas tiveram crescimento desse setor .Teve maior demanda por seguros, e teve também menor sinistro nesses seguros”, explicou Palis.

Ainda em serviços, os transportes cresceram puxados pela maior demanda por transporte de cargas, impulsionada pela agropecuária e o comércio eletrônico, apontou a coordenadora do IBGE.

O PIB de Serviços como um todo completou 12 trimestres sem variações negativas, alcançando o ponto mais alto da série histórica no segundo trimestre de 2023.

Já o PIB Industrial ficou positivo pelo segundo trimestre seguido. No segundo trimestre, a expansão foi determinada pelos avanços em todos os componentes: indústrias extrativas (alta de 1,8%, quinto trimestre seguido de aumentos), construção (0,7%), atividade de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (0,4%) e indústrias de transformação (0,3%).

Nas extrativas, houve crescimento na extração tanto de petróleo e gás quanto de minério de ferro, “produtos relacionados à exportação”.

No segundo trimestre de 2023 ante o segundo trimestre de 2022, a alta de 3,4% no PIB foi decorrente de avanços em 11 das 12 atividades econômicas sob a ótica da oferta. A única queda ocorreu na indústria de transformação (-1,7%).

O desempenho foi influenciado pela menor produção doméstica de bens de capital, o que puxou para baixo também a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, medida dos investimentos no PIB) sob a ótica da demanda. Já a construção teve variação positiva, influenciada por um aumento nos gastos de governos municipais, dada a aproximação das eleições municipais no ano que vem, apontou Palis.

Palis lembra que a agropecuária foi a atividade econômica com alta mais acentuada no segundo trimestre de 2023 ante o segundo trimestre de 2022, avanço de 17,0%.

Ainda no segundo trimestre, as Contas nacionais registraram redução nos estoques, sob influência de estoques menores de soja (que sucedeu a alta expressiva vista no primeiro trimestre deste ano) e de automóveis (devido ao programa de descontos do governo para aquisição de carros populares).

Segundo Rebeca Palis, embora o Comitê de Política Monetária do Banco Central já tenha dado início ao ciclo de redução na taxa básica de juros, a Selic, o efeito sobre a atividade econômica não é imediato. “Há vários estudos que mostram que existe uma defasagem (do impacto da política monetária) e que os efeitos vão aumentando ao longo do tempo. Os efeitos não são imediatos”, lembrou.

A coordenadora informou que tanto o PIB geral quanto o PIB dos serviços estão com o maior patamar da série histórica, iniciada em 1996. Mas a indústria, disse, está 8,7% abaixo do pico histórico alcançado no terceiro trimestre de 2013.

Segundo a especialista, é o comportamento da indústria de transformação que segue afastando o patamar da atividade de seu pico histórico.

Rebeca Palis acrescentou que tanto o consumo das famílias quanto o consumo do governo também alcançaram os maiores patamares de suas séries históricas, enquanto a formação bruta de capital fixo (FBCF) está 15,1% abaixo do pico da série alcançado no 2º tri/2013.