Economia
Base natural

Vale pretende usar hidrogênio quando for competitivo

O diretor de Desenvolvimento de Produtos e Negócios da Vale, Rogério Nogueira, alertou que o Brasil precisa entrar na corrida pela produção do hidrogênio em uma aliança entre iniciativa privada e governo

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30 de agosto de 2023
Vinicius Palermo
Vale pretende usar hidrogênio quando for competitivo
O diretor de Desenvolvimento de Produtos e Negócios da Vale, Rogério Nogueira

O diretor de Desenvolvimento de Produtos e Negócios da Vale, Rogério Nogueira, alertou que o Brasil precisa entrar na corrida pela produção do hidrogênio em uma aliança entre iniciativa privada e governo, ou vai ficar de fora da indústria que se expande no mundo inteiro. Segundo ele, a Vale pretende usar o hidrogênio quando o mesmo se tornar competitivo.

“Quando o hidrogênio se tornar competitivo a gente pode usar, mas agora tem que ter precondições básicas para que a produção seja econômica. A primeira predisposição econômica tem que ser de minério de ferro de altíssima qualidade e o gás natural tem que ser a preço competitivo”, disse Nogueira, durante apresentação na Prumo Day, que está sendo realizada no Rio de Janeiro.

Ele destacou que o mundo inteiro está competindo para largar na frente da produção de hidrogênio, e que a palavra do momento para o Brasil é “timing”. “A gente tem a base natural para fazer hidrogênio competitivo, mas nosso custo é alto, os financiamentos são demorados. Temos que olhar a qualidade dos desafios e perspectivas para não ser passageiro nessa história”, destacou.

Informou também que o preço do gás natural em outros países é muito inferior ao do Brasil, o que deve atrair mais projetos de hidrogênio para outras regiões, apesar de o Brasil ser apontado como um dos polos mais competitivos para a produção do combustível na sua versão verde. Segundo ele, na Arábia Saudita o preço do gás natural é 13 vezes mais barato do que no Brasil, assim como em outras regiões do Oriente Médio, que podem disputar projetos com o Brasil.

O gás natural no Brasil gira em torno dos US$ 12 o milhão de BTU, enquanto no mercado internacional é possível pagar até US$ 2 por milhão de BTU. “Se nós perdemos o timing vamos ficar passageiros dessa história. A Vale tem trabalhado em todas as geografias e, como brasileiros, queremos ver o processo do Brasil. A gente precisa trabalhar junto para que consiga fazer algo competitivo”, explicou.

O presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, destacou o papel da mineradora e o potencial do setor para a transição energética brasileira e a descarbonização global. Ele também falou sobre contribuição para o desenvolvimento socioeconômico regional, no Pará, onde a empresa está presente há quatro décadas.

“A mineração tem muito a contribuir para o desenvolvimento do Brasil e para ajudar o país a assumir uma posição de liderança na transição energética. É para isso que estamos trabalhando fortemente na Vale”, declarou Eduardo Bartolomeo. Segundo o presidente da Vale, o setor tem papel importante na redução das emissões de gases de efeito estufa e na mitigação das mudanças climáticas no mundo.

A empresa estabeleceu objetivos e prazos definidos nessa direção. As metas são reduzir as emissões em 33% nas suas operações até 2030 e em 15% junto a fornecedores e clientes siderúrgicos até 2035. Também é meta da Vale alcançar, até 2050, zero emissões líquidas de carbono.

“Nosso negócio está focado em duas grandes plataformas: soluções de minério de ferro para descarbonizar a siderurgia e metais para a transição energética. Em minério de ferro, contamos com um portifólio de produtos de alta qualidade e tecnologia. Na transição energética, oferecemos metais como o níquel e o cobre, essenciais para as baterias de veículos elétricos”, frisou o executivo, destacando a criação da Vale Base Metals, uma parceria estratégica com a Manara Minerals e a Engine No.1.

Com a nova empresa, a previsão é de investimentos na ordem de R$ 50 bilhões pela próxima década no Brasil em projetos de níquel e cobre, além da ampliação de empregos, arrecadação e oportunidades para fornecedores no país, sobretudo no Pará.

Durante a sua fala, o presidente destacou também a importância da contribuição da empresa e do setor de mineração para o desenvolvimento do Brasil. “Nos últimos quatro anos, avançamos de forma consistente em nossa jornada para tornar a empresa cada vez mais segura, sustentável e inovadora. Queremos não só fazer parte, mas ser motores da transformação da sociedade e do cuidado genuíno na nossa relação com as pessoas, com o território e com as agendas ambientais, sociais e culturais”, disse Bartolomeo.

Há quase 40 anos no Pará, a Vale gera atualmente cerca de 60 mil empregos, entre trabalhadores próprios e contratados em suas operações. Além disso, a companhia foi eleita no ranking das “Empresas dos Sonhos” como a segunda mais desejada para se trabalhar no país. Cerca de 66 mil pessoas, entre estudantes e profissionais de todas as regiões do Brasil, participaram do estudo.

A empresa também contribui com a proteção de mais 800 mil hectares de floresta Amazônica em apoio ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). A Vale tem realizado investimentos em bioeconomia e na proteção da floresta de pé, por meio do Fundo Vale e de sua rede de parceiros. Em Belém, mantém o Instituto Tecnológico Vale dedicado à pesquisa e produção de conhecimento em áreas como biodiversidade, genômica, mudanças climáticas e Amazônia.