Economia
Inflação menor

Galípolo diz que curva de juros mostra melhora no cenário econômico

Gabriel Galípolo disse que o atual cenário econômico captura a melhoria da economia com a aprovação de medidas propostas pelo governo.

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15 de agosto de 2023
Vinicius Palermo
Galípolo diz que curva de juros mostra melhora no cenário econômico
O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse que o atual cenário econômico – com apreciação do real ante o dólar, redução dos juros e controle da inflação -, captura a melhoria da economia com a aprovação de medidas propostas pelo governo. Essas ações, por sua vez, refletem a vontade da sociedade expressa nas urnas. As declarações foram feitas em debate organizado pelo Conselho Federal de Economia (Cofecon).

“Se pegar o patamar do real na virada do ano, as curvas de juros cedendo e melhoria na própria inflação reduzindo, tem uma série de variáveis que vão capturando e compensando a aprovação de medidas. O próprio arcabouço fiscal é uma delas”, disse Galípolo.

Para ele, o arcabouço fiscal reflete a conjunção de forças políticas eleitas no Executivo e no Legislativo, e preserva a possibilidade de abarcar diversos vieses que saíram das urnas. “É desejável que cada vez mais pessoas queiram debater esse tema. Ao construir cada uma dessas soluções, a obrigação dos economistas sobre esse viés democrático é tentar capturar a vontade da sociedade expressa nas urnas”, pontuou.

O diretor de Política Monetária do Banco Central disse também que seria bom que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) também afetasse a taxa de juros dos Estados Unidos, mas reconhece que isso ainda não ocorre. “Vai ser muito bom o momento em que o Copom afetar a taxa de juros norte-americana, mas ainda não chegamos nesse estágio”, afirmou.

A leitura de Galípolo é de que o maior déficit norte-americano está levando a uma oferta maior de títulos do Tesouro dos Estados Unidos e a um aumento das taxas, mas simultaneamente há uma redução da demanda por esses títulos, principalmente por parte de japoneses e chineses.

Além disso, o próprio aperto no balanço do Fed, o banco central dos Estados Unidos, também gera um tipo de perturbação e volatilidade no mercado, o que movimentou mais o cenário nas últimas semanas.
Galípolo ainda pontuou que os BCs de todo o mundo têm olhado dados com parcimônia para a condução da política monetária.

No começo do mês, o Comitê de Política Monetária (Copom) optou por iniciar o ciclo de afrouxamento monetário com uma queda de 0,50 ponto porcentual dos juros básicos, para 13,25% ao ano, o que surpreendeu uma parte do mercado, que apostava majoritariamente em uma queda mais “parcimoniosa”, de 0,25 ponto.

O colegiado sinalizou ainda a manutenção do ritmo de cortes nas próximas reuniões.
O diretor de Política Monetária do Banco Central disse que o Brasil tem simpatia e aceitação no cenário internacional, considerando a atual conjuntura de pós-pandemia, com a guerra da Ucrânia e efeitos de política sincronizada de desinflação.

“O Brasil tem simpatia e uma boa aceitação no cenário internacional, ou vem apresentando até agora, por uma série de questões, muitas delas estruturais”, disse ele, destacando que o País tem o benefício de ter reservas internacionais elevadas na comparação com outros países emergentes.

Galípolo também disse que o Brasil tem vantagem de poder assumir papel de protagonismo em transição energética, garantindo sustentabilidade ambiental, social e econômica. Ele ainda mencionou que o País tem notícias positivas em renda fixa e em fundos imobiliários, que são reflexo da melhoria do ambiente econômico no País.

Em relação ao cenário internacional, o diretor do BC pontuou que a desaceleração da China pode desacelerar a inflação no mundo com impacto no Brasil, e por isso os bancos centrais de todo o mundo estão acompanhando com atenção o cenário inflacionário.

O diretor destacou ainda que a última ata do Comitê de Política Monetária (Copom) teve coragem de explicitar os debates que foram realizados, com posições técnicas e defensáveis. “As decisões do Copom foram técnicas e todos os argumentos apresentados foram válidos”, salientou, em debate organizado pelo Conselho Federal de Economia (Cofecon).

Questionado sobre as divergências entre os grupos de diretores do BC em diversos pontos, ele se limitou a dizer que a divergência foi sobre iniciar o ciclo de cortes na Selic com 0,25 ponto porcentual ou 0,50 p.p., mas que havia convergência sobre os próximos passos.

No começo do mês, o Copom optou por iniciar o ciclo de afrouxamento monetário com uma queda de 0,50 ponto porcentual dos juros básicos, para 13,25% ao ano, o que surpreendeu uma parte do mercado, que apostava majoritariamente em uma queda mais “parcimoniosa”, de 0,25 ponto. O colegiado sinalizou ainda a manutenção do ritmo de cortes nas próximas reuniões.

O diretor do Banco Central disse ainda que nunca participou de uma reunião tão bem “brifada” com informações como no ciclo do Copom. “Eu nunca participei de uma reunião tão bem brifada do ponto de vista de quantidade e qualidade de informação quanto no ciclo do Copom, o que mostra a imensa qualidade técnica do Copom. É impressionante a capacidade de entrega do corpo técnico (do BC)”, afirmou.

Galípolo destacou que há escassez de recursos para o BC, já que o último concurso público foi feito em 2013. Os servidores do BC estão mobilizados pedindo mudanças na estrutura da carreira.

O diretor ainda disse que no Ministério da Fazenda havia um debate com o Tesouro Nacional sobre como a relação com o BC afeta liquidez para títulos do Tesouro e também para infraestrutura. “Quem são os doadores e tomadores nas relações compromissadas, como os fundos poderiam acessar depósitos voluntários remunerados? Essa é uma discussão que tentarei fazer nas próximas reuniões”, disse.

O diretor de Política Monetária do Banco Central afirmou também que mesmo antes do último corte na Selic na reunião do Copom no início do mês, já havia um movimento de redução nos juros futuros que refletiam a melhora do ambiente econômico no governo Lula.

“Mesmo antes de a gente ter tido esse corte na última reunião do Copom, já vinha ocorrendo uma redução nos juros futuros”, disse ele, acrescentando que a diminuição era de aproximadamente 4 pontos porcentuais na curva de juros que ia até o final de 2024.

“Esse benefício da redução de juros já é capturado pelo mercado e condições financeiras, ainda que não tivesse sido iniciado o ciclo de corte de juros”, comentou, atribuindo a responsabilidade por esse desempenho às medidas adotadas pelo governo Lula para melhorar o ambiente econômico.