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IPCA registra alta de 0,12% em julho

O resultado acumulado em 12 meses foi de 3,99% até julho, maior que a taxa de 3,16% até junho e acima da mediana das projeções de analistas, de 3,93%.

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12 de agosto de 2023
Vinicius Palermo
IPCA registra alta de 0,12% em julho
Os preços de combustíveis tiveram alta de 4,15% em julho, após recuo de 1,85% no mês anterior.

A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou julho com alta de 0,12%, ante um recuo de 0,08% em junho, informou na sexta-feira, 11, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa acumulada pela inflação no ano ficou em 2,99%, de acordo com o IBGE.

O resultado acumulado em 12 meses foi de 3,99% até julho, maior que a taxa de 3,16% até junho e acima da mediana das projeções de analistas, de 3,93%. O intervalo de estimativas neste caso ia de 3,62% a 4,00%.

Os preços de Alimentação e bebidas caíram 0,46% em julho, após queda de 0,66% em junho. O grupo deu uma contribuição negativa de 0,10 ponto porcentual para o IPCA, que subiu 0,12% no mês.

Entre os componentes do grupo, a alimentação no domicílio teve queda de 0,72% em julho, após ter recuado 1,07% no mês anterior, com destaque para feijão-carioca (-9,24%), óleo de soja (-4,77%), frango em pedaços (-2,64%), carnes (-2,14%) e leite longa vida (-1,86%). No lado das altas, as frutas (1,91%) subiram de preço, com destaque para a banana-prata (4,44%) e para o mamão (3,25%).

A alimentação fora do domicílio subiu 0,21%, ante alta de 0,46% em junho, diante da desaceleração na alta de preços do lanche (0,49%) e da refeição (0,15%). Em junho, estes itens haviam registrado inflação de 0,68% e 0,35%, respectivamente.

Os preços de Transportes subiram 1,50% em julho, após queda de 0,41% em junho. O grupo deu uma contribuição positiva de 0,31 ponto porcentual para o IPCA, que subiu 0,12% no mês.

Os preços de combustíveis tiveram alta de 4,15% em julho, após recuo de 1,85% no mês anterior. A gasolina subiu 4,75%, após ter registrado queda de 1,14% em junho, enquanto o etanol avançou 1,57% nesta leitura, após queda de 5,11% na última.

O preço do óleo diesel caiu 1,37%, e as altas da passagem aérea (4,97%) e do automóvel novo (1,65%) também contribuíram para o resultado do grupo.

A inflação de serviços – usada como termômetro de pressões de demanda sobre os preços – desacelerou de 0,62% em junho para 0,25% em julho. Já os preços de itens monitorados pelo governo aceleraram de 0,05% em junho para 0,46% em julho.

No acumulado em 12 meses, a inflação de serviços passou de 6,21% em junho para 5,63% em julho. “Houve um pico recente em julho de 2022, de 8,87%, desde então, de modo geral, temos observado uma desaceleração dessa taxa mês a mês. A exceção foi a passagem de janeiro para fevereiro”, apontou o analista André Guedes, gerente do IPCA no IBGE, em coletiva após a divulgação do índice.

Já os monitorados, em 12 meses, saíram de deflação de 1,32% em junho para alta de 3,64% em julho.
A energia elétrica residencial recuou 3,89% no IPCA de julho e, com isso, apresentou a maior contribuição negativa sobre o índice no mês, de 0,16 ponto porcentual – em oposição à gasolina (4,79%), que teve o maior impacto positivo sobre a inflação do mês, com 0,23 ponto porcentual.

O recuo de energia ocorreu em 15 das 16 regiões analisadas pelo IBGE, e refletiu a incorporação do bônus de Itaipu, de acordo com o analista André Guedes. A única região a registrar alta do item no mês foi Curitiba (3,53%) por um reajuste tarifário, ainda seguindo Guedes.

A queda da energia elétrica puxou a deflação de 1,01% do grupo Habitação. Ainda em Habitação, a taxa de água e esgoto subiu 0,18% em julho, refletindo um reajuste realizado em uma das concessionárias em Porto Alegre.

O resultado do IPCA de julho seria de deflação de 0,11% caso o item gasolina fosse excluído da leitura, calculou o analista André Guedes, gerente do IPCA no IBGE, em coletiva após a divulgação.

O IPCA subiu 0,12% em julho. A maior contribuição individual para a alta partiu de gasolina (4,75%; impacto de 0,23 ponto porcentual). O subitem subiu em todas as 16 regiões analisadas pelo índice.

O analista associou o aumento do subitem à reoneração de impostos federais. “A partir de 1º de julho, voltou a cobrança da alíquota cheia de PIS/Cofins sobre a gasolina, o que contribuiu para essa alta”, afirmou.

Entre os subitens, acrescentou Guedes, a gasolina tem o maior peso na cesta do IPCA, de 4,79%.
Ainda segundo Guedes, o avanço da gasolina explica o aumento do índice de difusão de produtos não alimentícios entre junho e julho, de 52% para 53%. Com o resultado, a gasolina acumula alta de 11,64% no ano e queda de 9,28% em 12 meses.

O IPCA de julho (0,12%) teve a menor taxa positiva de variação desde outubro de 2022, apontou André Guedes. A afirmação desconsidera as deflações registradas no período.

O resultado obtido no mês, segundo Guedes, refletiu movimentos intensos nos três grupos com maior peso no índice. De um lado, houve deflação de Alimentação e bebidas (-0,46%) e Habitação (-1,01%), de outro alta de Transportes (1,50%), enumerou. O analista calculou que, somados, os impactos sobre o índice dos dois grupos deflacionários resultaram em 0,26 ponto porcentual negativo em junho, contra impacto positivo de 0,31 ponto de Transportes.

O avanço de Transportes no período foi puxado principalmente pela gasolina (4,79%). Entre os combustíveis (4,15%), somente óleo diesel (-1,37%) recuou no mês – houve alta de 3,84% de gás veicular e de 1,57% de etanol. As altas de passagem aérea (4,97%) e automóvel novo (1,65%) também contribuíram para o resultado do grupo.

Guedes afirmou que o avanço das passagens aéreas pode estar relacionado ao período de férias escolares. Segundo o analista, essa pressão também pode ter influenciado outros subitens turísticos, o que contribuiu para a alta de serviços (0,25%) no mês. Já o fim do programa de descontos do governo federal explicou o avanço de automóvel novo, ainda de acordo com o Guedes.

Ainda em Transportes, houve avanço de pedágio (2,44%), por reajustes realizados em algumas praças de São Paulo, e de táxi (20,19%), por reajuste em Fortaleza. Por outro lado, houve queda de ônibus urbano, por reajuste negativo em Belo Horizonte. Já os ônibus intermunicipais (0,23%) subiram por reajuste no Recife.