Suellen Escariz
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Pelo mundo

Jornada Mundial da Juventude em Portugal

Milhões de pessoas de todo o mundo se deslocaram à capital portuguesa para momentos de fé e emoção

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11 de agosto de 2023
Vinicius Palermo
Jornada Mundial da Juventude em Portugal
Jornada Mundial da Juventude em Portugal no início do mês

No último fim de semana a Jornada Mundial da Juventude teve lugar em Lisboa, Portugal. Milhões de pessoas de todo o mundo se deslocaram à capital portuguesa para momentos de fé e emoção com a presença do Papa Francisco, Líder da Igreja Católica.

Outro evento religioso também teve lugar no mesmo fim de semana no Estádio da Luz, na mesma cidade, com a organização realizada por cristãos protestantes.

A expectativa dos organizadores era de que no final do evento todos os jovens saíssem com a mentalidade ‘the change’, com uma mudança de vida que tenha a ver com o Reino de Deus, com a Visão de Deus, uma vida onde eles pudessem partilhar o amor e a vida de Deus para os seus amigos e familiares.

A organização da Jornada Mundial da Juventude classificou este espetáculo no Estádio da Luz como “um momento (…) de comunhão, amor e salvação”, com católicos e protestantes juntos.

Encontrar e reforçar os pontos comuns, prevalecendo a mensagem de Cristo entre as diferentes denominações e igrejas tornou todo o evento ainda mais importante. Uma vez que levar o evangelho para a vida prática de todos os que se declaram cristãos é um objetivo além das práticas religiosas de uma doutrina ou de outra.

Além de todo o aspecto espiritual e transcendente dos eventos, vale uma análise de como a mídia e os próprios portugueses viram os acontecimentos.

Grande parte da população considera-se ateísta ou agnóstica, muitos dos que se dizem católicos não praticam a fé, e nesse contexto, a realização de um evento religioso com as proporções da JMJ já garante comentários, atitudes e análises bem divergentes.

Há políticos que engrandecem o momento espiritual e sua importância (inclusive possíveis consequências econômicas positivas), há outros que questionam os gastos públicos, considerando-os altos para um Estado laico, e há ainda aqueles que apoiam manifestações contrárias ao cristianismo, traduzidas em protestos que acabam por caracterizar intolerância religiosa.

Há jornalistas e apresentadores de tv que mesmo ateus declarados conseguem vislumbrar o momento marcante e atuar com todo respeito e credibilidade, há aqueles que seguem os discursos de que o Estado não deveria se envolver com religião, esquecendo-se de um pequeno detalhe: o Papa é líder religioso, mas também é um chefe de Estado.

Dentre a população comum, existem aqueles que encontraram não apenas mensagens de líderes religiosos, mas também comunhão entre irmãos de nações, idiomas e culturas diferentes, e sem que fosse preciso dizer uma palavra, cumpriram o mandamento de amar ao próximo como a si mesmo, ao abdicarem do conforto e comodidade das próprias casas para estarem em um calor de aproximadamente 40 graus, durante todo o fim de semana, vivenciando um evento sem bebidas alcoólicas, onde muitos jovens se divertiram e se conectaram com a realidade.

O ponto principal e que vale uma reflexão, independentemente da fé de cada um, é o quanto a sociedade fluida precisa de momentos em que não apenas abdicam de facilidades, enfrentando dificuldades por um bem maior, mas também momentos de comunhão entre semelhantes, que mesmo tendo pouca semelhança, deixam de lado o ego e encontram o princípio mais básico da existência: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Suellen Escariz

Advogada e Mestre em Direito pela Universidade de Coimbra

Instagram: @suellenescariz