Economia
Matriz energética

Haddad diz estar animado com perspectivas do Brasil em virtude da situação global

Haddad afirmou que o presidente Lula, junto com outros líderes, está fazendo uma gestão para que a guerra na Ucrânia tenha um fim.

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02 de agosto de 2023
Vinicius Palermo
Haddad diz estar animado com perspectivas do Brasil em virtude da situação global
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante entrevista ao programa Bom dia, ministro, nos estúdios da EBC. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na quarta-feira, 2, que está animado com as perspectivas do Brasil em virtude da situação global atual. Ele disse que o País está em destaque do ponto de vista geopolítico, considerando as tensões atuais na Ásia hoje e a guerra na Europa
Ainda sobre a guerra na Ucrânia, o ministro afirmou que o conflito não interessa a ninguém e que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, junto com outros líderes, está fazendo uma gestão para que a guerra tenha um fim o quanto antes.

O Brasil, emendou Haddad, também é destaque no mundo no tema ambiental. “O Brasil tem uma matriz energética três vezes mais limpa que o resto do mundo”, afirmou. “O avanço da energia eólica e solar, dos biocombustíveis e das perspectivas para o hidrogênio verde e o diesel no Brasil são extremamente importantes.”

O ministro defendeu que o País pode se tornar uma potência energética limpa e, com isso, atrair investidores que queiram produzir produtos verdes, com baixa emissão de carbono no ciclo de produção. Ele afirmou, na sequência, que hoje há uma diversificação do investimento do ponto de vista geográfico, o que torna maior o potencial de desenvolvimento. “Ninguém mais quer concentrar a produção em um único país.”

Haddad disse que o País precisa aproveitar a oportunidade do que está ocorrendo no mundo hoje. O ministro afirmou que submeteu ao presidente Lula um plano de transição ecológica com mecanismos de atração de investimentos e listou que o Brasil tem terras raras, capacidade de produção de biocombustíveis, tecnologia para aumentar a produtividade no campo e para fornecer uma matriz energética para a neoindustrialização “que vai atrair atenção do mundo todo”. O PAC também foi citado pelo ministro: “É um PAC verde, com forte conotação ambiental.”

A Fazenda, afirmou, está tomando uma série de providências para atualizar o marco legal em relação à transição ecológica, visando atração de investimentos. Ele citou a criação de um imposto seletivo, diferente do IPI, na reforma tributária, para desonerar bens que “fazem bem para saúde e para o meio ambiente”.

Haddad afirmou em seguida que a pasta formatou e encaminhou para a Casa Civil uma lei de crédito de carbono e que a Casa Civil está julgando a conveniência de endereçá-la para o Congresso já em agosto.
O ministro, por fim, comentou tecnologias relacionadas, por exemplo, à produção de cana de açúcar e defendeu que o País não precisa desmatar para ter aumento de produção.

Haddad afirmou ainda que o governo tem interesse em robustecer órgãos que são estratégicos para o País e que estavam ou ainda estão debilitados, ao ser questionado sobre concursos públicos. “Estamos reconstruindo o que foi desmantelado, para que o Estado brasileiro se torne operacional”, disse.

Ele voltou a citar o meio ambiente como exemplo e disse que o desmantelamento da área resultou no aumento da emissão de carbono pelo Brasil, em virtude do desmatamento da Amazônia. “Como vai combater sem um corpo técnico e fiscais?”, indagou.

“Daqui a pouco, a Europa não quer fazer o acordo com o Mercosul por causa da questão ambiental”, aventou o ministro na sequência “Ou uma desculpa sólida ou até um pretexto para barrar a importação de produtos agrícolas brasileiros porque não estão certificados se a área foi desmatada ou não.”

Haddad emendou que no mundo inteiro o Estado e o mercado dialogam em busca do melhor resultado.
Ele citou os Estados Unidos, a Alemanha, a China e o Japão ao dizer que “são Estados com o tamanho necessário para fazer com que o desenvolvimento aconteça”.

Ainda sobre contratações, o ministro afirmou que “até o Banco Central recebeu liberação para começar contratação” e disse que isso mostra como as decisões são técnicas na área econômica. Segundo Haddad, o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, fez chegar ao conhecimento do governo a necessidade de mais profissionais no BC.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a defender a aprovação da reforma tributária, dizendo que a medida tem “vários ingredientes” e que o primeiro deles é a desoneração total dos investimentos. “Como todo mundo fica igual, todo investidor é tratado igualmente e o investimento é totalmente desonerado. Você não paga sobre o que você está investindo, o que é um ganho enorme, estimula a pessoa a investir”, argumentou.

Para Haddad, a reforma também vai possibilitar a diminuição de impostos sobre produtos essenciais, como os alimentos, gerando um impacto positivo sobre a distribuição de renda.

O ministro também afirmou ser “impossível piorar” o sistema tributário brasileiro, e que a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) das reformas pela Câmara dos Deputados “gerou um novo ar” para o País. “Você está respirando melhor no Brasil, as perspectivas de investimentos vão melhorar muito”, disse Haddad, citando, também, as recentes melhorias nas classificações de rating soberano do País.

Haddad frisou que os impactos da reforma tributária devem ter um efeito diluído no tempo, mas que as decisões precisam ser tomadas agora. “É como na situação dos juros, que impactam imediatamente a decisão de investimentos. O mesmo vai acontecer com a reforma tributária”, observou.

Na avaliação do ministro, os investidores irão olhar para o Brasil e ver que o País “tomou jeito”. “O Brasil tinha entrado em um ciclo de baixo crescimento, briga política, polarização e desentendimento. E tudo que o presidente Lula quer é harmonizar de novo e o País voltar a crescer”, comentou.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou também que o governo federal está revendo todo o plano de privatização da gestão anterior, do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Haddad disse que empresas que tenham um “sentido social” deverão ser retiradas do programa de privatizações. “A revisão do plano de privatização está acontecendo e algumas serão retiradas justamente por esse componente social”, comentou o ministro.