Suellen Escariz
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Pelo mundo

Eleições na Espanha

Havia uma grande expectativa de que a direita ganhasse com maioria absoluta, as pesquisas apontavam uma grande vantagem do Partido Popular (PP)

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28 de julho de 2023
Vinicius Palermo
Eleições na Espanha
Eleitores da Espanha foram às urnas

No último domingo, dia 23 de julho, os espanhóis foram às urnas para as eleições do Parlamento. Havia uma grande expectativa de que a direita ganhasse com maioria absoluta, as pesquisas apontavam uma grande vantagem do Partido Popular (PP), bem como de que haveria votos suficientes para o VOX (partido considerado de extrema direita), assim formariam um bloco de direita em maioria absoluta.

A expectativa foi traçada por conta das eleições locais que ocorreram em maio. Entretanto, na prática, não foi o que ocorreu. O PP, com 136 deputados, e o VOX, com 33, só conseguiram somar 169 deputados no Parlamento, ficando a sete dos 176 necessários para a maioria absoluta.
As eleições legislativas de domingo em Espanha terminaram sem maiorias absolutas, seja para esquerda ou direita, deixando em aberto quem irá liderar o próximo Governo.

O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), que lidera o governo atual, foi o segundo mais votado e elegeu 122 deputados, que com os 31 da plataforma de extrema-esquerda Sumar totalizaram 153 lugares.

No entanto, PSOE e Sumar poderão ter mais lugares no parlamento do que a direita por causa dos deputados eleitos pelos partidos regionais que tiveram como aliados na última legislatura.

Segundo as contas dos meios de comunicação social espanhóis, o PP, o VOX e outros partidos que em 2019 votaram contra a investidura do atual Governo do primeiro-ministro Pedro Sánchez têm agora 171 deputados, enquanto o bloco que viabilizou o executivo tem 172.

O presidente do PP, Alberto Núñez Feijóo, pediu que os outros partidos o deixem formar o governo, prevendo já um possível bloqueio dos demais. Assim, afirmou, como líder do “partido mais votado” que “vai abrir o diálogo” de imediato com os outros partidos que também elegeram deputados para tentar formar o governo, e o pretende fazer de acordo com os resultados eleitorais e a sua vitória eleitoral. Ou seja, pode ser que não entrem em acordo, uma vez que os demais eleitos podem não aceitar um governo do PP.

Entretanto, o líder do PP insistiu que essa foi “a vontade expressa pelos espanhóis” e pediu que “ninguém tenha a tentação de voltar a bloquear Espanha”, referindo-se a “bloqueios” que já aconteceram no passado na Espanha e que culminaram com a repetição das eleições, quando nenhum dos candidatos a primeiro-ministro conseguiu ter no parlamento a maioria votos (apoios) necessários para a tomada de posse.

Segundo a lei espanhola, o Congresso dos Deputados formado a partir das eleições de domingo vai se formar no próximo dia 17 de agosto e então iniciar a nova legislatura.

Os grupos parlamentares podem apresentar ao Congresso candidatos a primeiro-ministro, que têm de ser votados pelo plenário.

Não existe um prazo para a apresentação e votação de um candidato, mas se a primeira eleição falhar, o Congresso terá dois meses para fazer novas votações e eleger um primeiro-ministro.

Se passados esses dois meses falharem todas as tentativas de investidura de um primeiro-ministro, o Rei de Espanha dissolve automaticamente as Cortes e haverá novas eleições.

O Governo atual é uma coligação do PSOE com a plataforma de extrema-esquerda Unidas Podemos, constituída por partidos que agora se juntaram a uma nova ‘marca’, o Sumar, que integra 15 formações, naquela que é considerada a maior aliança de esquerda que já houve na Espanha.

O Governo do PSOE e da Unidas Podemos não tinha uma maioria absoluta de deputados no parlamento e para tomar posse, em janeiro de 2020, contou com os votos a favor ou com a abstenção de outros oito partidos representados no Congresso, entre eles, nacionalistas bascos e galegos e separatistas da Catalunha e do País Basco.

Dado o resultado das eleições de domingo, a chave do governo de Espanha pode ter ficado (de novo) nas mãos de partidos de âmbito regional e local.

Estas foram as XVI eleições gerais na Espanha desde o fim da ditadura, em 1977. As eleições estavam previstas para dezembro, no final da legislatura, mas foram antecipadas por Sánchez na sequência da derrota da esquerda nas municipais e regionais de 28 de maio.

Suellen Escariz

Advogada e Mestre em Direito pela Universidade de Coimbra

Instagram: @suellenescariz