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Diplomacia

Lula garante que Brasil vai receber os R$ 2 bilhões da carne parada na China

Lula se envolveu no tema e chegou a ligar para o presidente da China, Xi Jinping, e conseguiu destravar as 70 mil toneladas apreendidas em contêineres.

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27 de junho de 2023
Vinicius Palermo
Lula garante que Brasil vai receber os R$ 2 bilhões da carne parada na China
O presidente Lula durante o lançamento do Plano Safra 2023/2024.

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, garantiu na terça-feira, 27, que os produtores brasileiros vão receber R$ 2 bilhões em vendas de carnes brasileiras que ficaram retidas na China por exportação fora do prazo. O presidente se envolveu pessoalmente no tema e chegou a ligar para o presidente da China, Xi Jinping, e conseguiu destravar as 70 mil toneladas apreendidas em contêineres.

Na terça, no lançamento do Plano Safra 2023/24, Lula afirmou que foi a ex-presidente da República Dilma Rousseff, hoje presidente do banco dos Brics, quem pediu a ele para tentar interceder junto a Xi Jinping.
“As 70 mil toneladas de carne foram liberadas e o Brasil vai receber os 2 bilhões de reais ou um pouco mais que tem direito. Isso se chama diplomacia”, afirmou o presidente no evento.

No discurso, Lula voltou a dizer que a proximidade do agronegócio com o ex-presidente Jair Bolsonaro não foi impeditivo para a elaboração do Plano Safra, porque o governo “não pensa ideologicamente” ao criar políticas públicas ou ao traçar relações com outros países. O presidente prometeu lançar, a cada ano, um Plano Safra melhor que o do ano anterior.

Em outro aceno ao agro, Lula afirmou que o ministro da Agricultura foi uma boa surpresa do governo, que não é um “clube de amigos” diante da diversidade de partidos e de ideias presentes na equipe. “Tem uma coisa que unifica o governo, é provar que o País pode ser do tamanho que quisermos”, destacou.

Lula ainda declarou que o governo vai criar uma linha de financiamento para quem quiser plantar árvores para fabricação de móveis, de forma a reduzir o desmatamento, e voltou a defender que o Brasil precisa se tornar autossuficiente em fertilizantes nitrogenados. “Vamos fazer a Embrapa voltar a ser empresa para nos dar orgulho”, disse o petista.

Apesar das críticas de sua proximidade com Nicolás Maduro, Lula disse que os problemas da Venezuela são da Venezuela e que o antigo superávit do Brasil com o país vizinho precisa ser retomado. “Não quero me meter na guerra da Ucrânia, quero acabar com a fome nesse país”, disparou Lula, que reiterou estar trabalhando com outros presidentes para “alcançar a paz”. “O Brasil não tem aptidão para o autoritarismo, para voltar a ter ditadura”, acrescentou.

O presidente culpou ainda o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, embora sem citá-lo nominalmente, pelos juros altos do Plano Safra. O programa terá financiamento de R$ 364,22 bilhões. Os juros para custeio e comercialização serão de 8% ao ano para produtores inscritos no Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) e de 12% ao ano para os demais. Para investimentos, as taxas de juros variam entre 7% e 12,5% ao ano, de acordo com o governo.

“O Plano Safra terá R$ 364 bilhões, a uma média, não sei o total, de 10% de juro ao ano. É caro, é muito caro. Esse juro poderia ser mais barato. Mas é que tem um cidadão no Banco Central, a gente não sabe quem colocou ele lá, que traz o juro básico em 13,75%”, declarou Lula no programa “Conversa com o Presidente”, transmissão ao vivo nas redes sociais promovida semanalmente pelo governo.

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, se somou às críticas do governo ao Banco Central pela manutenção da taxa básica de juros em 13,75%. Para o ministro, o número “não faz sentido” diante da redução da inflação, e, se ele voltar a exercer o cargo de senador, vai travar o debate sobre a política monetária no Congresso.

“A política econômica já dá sinais cada vez mais fortes de redução da inflação. Não há sentido ter hoje taxa de juros de 13,75% ao ano”, afirmou Favaro no lançamento do Plano Safra 2023/24.

O ministro da Agricultura comentou sobre alterações anunciadas para o Plano Safra 2023/24 no sentido de aumentar práticas de sustentabilidade no setor. Segundo ele, dos recursos anunciados para custeio, R$ 12 bilhões serão destinados a produtores com boas práticas agrícolas e ambientais.

Fávaro fez aceno positivo ao mercado financeiro, agradecendo às mais de 21 instituições que, segundo ele, colocam os recursos na ponta para os produtores, bem como à Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que atuou nas discussões sobre o Plano Safra que entrará em vigor em 1º de julho.