Economia
Desaceleração

IPCA registrou aumento de 0,23% em maio

Os preços de combustíveis tiveram queda de 1,82% em maio, após recuo de 0,44% no mês anterior. A gasolina caiu 1,93%, enquanto o etanol avançou 0,38%.

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07 de junho de 2023
IPCA registrou aumento de 0,23% em maio
Foto: Divulgação

A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou maio com alta de 0,23%, ante um avanço de 0,61% registrado em abril, informou na manhã de quarta-feira, 7, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A taxa acumulada pela inflação no ano ficou em 2,95%, de acordo com o IBGE. O resultado acumulado em 12 meses foi de 3,94% até maio, ante taxa de 4,18% até abril, abaixo do piso do intervalo das projeções dos analistas, que iam de 3,95% a 4,13%, com mediana de 4,03%.

Os preços de Alimentação e bebidas aumentaram 0,16% em maio, após alta de 0,71% em abril. O grupo deu uma contribuição positiva de 0,04 ponto porcentual para o IPCA. Entre os componentes do grupo, a alimentação no domicílio teve estabilidade em maio, após ter avançado 0,73% no mês anterior. A alimentação fora do domicílio subiu 0,58%, ante alta de 0,66% em abril.

Os preços de Transportes caíram 0,57% em maio, após alta de 0,56% em abril. O grupo deu uma contribuição negativa de 0,12 ponto porcentual para o IPCA, que subiu 0,23% no mês.
Os preços de combustíveis tiveram queda de 1,82% em maio, após recuo de 0,44% no mês anterior.

A gasolina caiu 1,93%, após ter registrado queda de 0,52% em abril, enquanto o etanol avançou 0,38% nesta leitura, após alta de 0,92% na última. A alta de 0,23% em maio foi o menor resultado desde setembro de 2022, quando houve recuo de 0,29%. Considerando apenas meses de maio, o IPCA foi o mais baixo para o mês desde 2020, quando houve redução de 0,38%.

O desempenho do índice mensal voltou a desacelerar a taxa acumulada em 12 meses. No mês de maio de 2022, o IPCA tinha sido de 0,47%. Em abril de 2023, o índice apresentou variação de 0,61%. Como consequência, a taxa em 12 meses passou de 4,18% em abril de 2023 para 3,94% em maio de 2023. Este resultado foi o mais baixo desde outubro de 2020, quando estava em 3,92%.

A meta de inflação para este ano perseguida pelo Banco Central é de 3,25%, que tem teto de tolerância de 4,75%. A taxa acumulada pela inflação medida pelo IPCA no ano até maio ficou em 2,95%, de acordo com o IBGE.

Os gastos das famílias com Saúde e Cuidados Pessoais passaram de uma elevação de 1,49%, em abril, para uma alta de 0,93% em maio. O resultado foi equivalente a uma contribuição de 0,12 ponto porcentual para a taxa de 0,23% do IPCA no último mês.

Os destaques foram o plano de saúde (1,20%), os itens de higiene pessoal (1,13%, puxados pela alta de 3,56% dos perfumes) e os produtos farmacêuticos (0,89%, ainda em decorrência da autorização do reajuste de até 5,60% no preço dos medicamentos a partir de 31 de março).

Sete dos nove grupos que integram o IPCA registraram altas de preços em maio. As deflações ocorreram em Transportes (-0,57%, impacto de -0,12 ponto porcentual) e Artigos de Residência (-0,23%, impacto de -0,01 p.p.).

As famílias gastaram mais com Alimentação e Bebidas (0,16%, impacto de 0,04 ponto porcentual), Saúde e Cuidados Pessoais (0,93%, impacto de 0,12 ponto porcentual), Despesas pessoais (0,64%, impacto de 0,07 p.p.), Educação (0,05%, impacto de 0,00 p.p.), Habitação (0,67%, impacto de 0,10 p.p.), Comunicação (0,21%, impacto de 0,01 ponto porcentual) e Vestuário (0,47%, impacto de 0,02 ponto porcentual).

Quinze das dezesseis regiões investigadas pelo IBGE registraram alta de preços em maio. O resultado mais baixo foi registrado em São Luís, -0,38%, enquanto o mais elevado ocorreu em Fortaleza, 0,56%.

O índice de difusão do IPCA, que mostra o porcentual de itens com aumentos de preços, passou de 66% em abril para 56% em maio. O índice de difusão do IPCA de maio é o menor desde agosto de 2020, quando ficou em 55%.

“Uma difusão menor indica que a gente teve uma quantidade menor de subitens com aumento de preços em relação a abril”, disse André Almeida, analista do Sistema de Índices de Preços do IBGE. “Na passagem de abril para maio, a inflação esteve menos disseminada entre os subitens que compõem a cesta (de consumo)”.

A difusão de itens alimentícios passou de 64% em abril para 53% em maio. Já a difusão de itens não alimentícios saiu de 67% em abril para 58% em maio. A inflação de serviços – usada como termômetro de pressões de demanda sobre os preços – passou de uma elevação de 0,52% em abril para um recuo de 0,06% em maio.

Já os preços de itens monitorados pelo governo saíram de uma elevação de 0,86% em abril para aumento de 0,72% em maio. No acumulado em 12 meses, a inflação de serviços passou de 7,49% em abril para 6,51% em maio, a menor desde março de 2022, quando estava em 6,29%. Já a inflação de monitorados em 12 meses saiu de -2,10% em abril para -0,90% em maio.

Segundo André Almeida, a inflação acumulada pelos serviços vem desacelerando há meses, após atingir um pico em meados do ano passado sob a influência do consumo reprimido após a melhora da pandemia. Almeida aponta que o IPCA vem pressionado mais recentemente pelos itens monitorados. Ele enumera que, em maio, houve impacto de reajustes na taxa de água e esgoto, energia elétrica, plano de saúde e ônibus urbano, por exemplo.

“A maior parte de subitens nos principais impactos positivos são preços administrados”, afirmou. “No top cinco itens de maior pressão em maio, quatro são itens monitorados. No caso de perfumes, o fator que pode ter influenciado pode ter sido Dia das Mães, que ocorre em maio e movimenta o mercado de perfumes”, lembrou Almeida.

Em maio, os itens que mais pressionaram o IPCA foram jogos de azar (0,05 ponto porcentual), taxa de água e esgoto (0,05 p.p.), plano de saúde (0,05 p.p.), emplacamento (0,04 p.p.) e perfume (0,04 p.p.). Por outro lado, houve alívio da passagem aérea (-0,11 p.p.), gasolina (-0,10 p.p.), mamão (-0,02 p.p.), óleo de soja (-0,02 p.p.) e óleo diesel (-0,01 p.p.).

“Podemos ter algum efeito de demanda em alguns itens específicos”, frisou Almeida, citando como exemplo os perfumes, em função do Dia das Mães. O pesquisador lembra que o IPCA acumulado em 12 meses tem desacelerado desde junho do ano passado, chegando a maio de 2023 em 3,94%. Todas as variações mensais em 2023 foram inferiores às respectivas taxas mensais vistas em 2022, ressaltou.

“Nos últimos 12 meses, a gasolina foi o subitem de maior contribuição negativa, com queda de 26,48%”, mencionou Almeida. A gasolina, item de maior peso no orçamento das famílias, contribuiu com -1,81 ponto porcentual para o IPCA em 12 meses. Para as próximas leituras da inflação, está no radar do IBGE o impacto do pacote do governo de redução de preços de automóveis.

“Foi anunciado no dia 5, o programa desenvolvido pela Fazenda com objetivo de reduzir preço de carros, caminhões e ônibus”, lembrou Almeida. “Nosso objetivo é medir o movimento de preços para o consumidor final”, frisou. Segundo ele, o IBGE vai buscar os preços no varejo junto aos informantes, que são as principais concessionárias de automóveis, para verificar se houve efetivamente variação ao consumidor.