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Alckmin diz que Brasil tem frota velha, que emite 23 vezes mais

O vice-presidente lembrou do compromisso do governo com as mudanças climáticas diante das críticas ao programa por beneficiar carros que também rodam a gasolina

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06 de junho de 2023
Alckmin diz que Brasil tem frota velha, que emite 23 vezes mais
Foto: Joédson Alves - Agência Brasil

No dia seguinte ao anúncio das medidas do governo para baratear os preços dos veículos, o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, participou na terça-feira, 6, da apresentação da Anfavea, a associação das montadoras, dos resultados do setor no mês passado.

Em intervenção curta, Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, disse estar “muito otimista” com a reação do mercado após a publicação, na terça, da medida provisória (MP) que liberou crédito tributário para baratear carros, caminhões e ônibus.

A MP, pontuou o vice-presidente, já está valendo. Ao considerar a medida “inteligente”, por atrelar os descontos a critérios de eficiência energética, conteúdo nacional em uma cadeia muito longa e preços – quanto menor o valor do carro, maior o desconto -, Alckmin afirmou que o anúncio traz também confiança de preservação de empregos, após os mais de mil cortes de vagas nas montadoras durante o mês passado, e fortalecimento da indústria.

Ele reiterou o compromisso do governo com as mudanças climáticas diante das críticas ao programa por beneficiar carros que também rodam a gasolina. Nesse ponto, Alckmin observou que o Brasil tem uma frota de carros envelhecida, que emite 23 vezes mais.

O vice-presidente lembrou ainda que o aperto nas regras de emissões aos veículos a diesel encareceu o preço de caminhões e ônibus mais eficientes. Isso representava um risco de a frota desses veículos ficar ainda mais velha e, consequentemente, mais poluente e menos segura, disse Alckmin quando explicou a inclusão de veículos de carga e de transporte coletivo no programa.

Para mostrar que o governo também age para melhorar a competitividade dos produtos brasileiros no exterior, o ministro da Indústria lembrou que, no mês passado, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) lançou uma linha de R$ 4 bilhões a exportadores a um custo “bem mais baixo”.

Simulações feitas pela Anfavea indicam que o crédito tributário autorizado pelo governo para reduzir os preços dos carros entre 1,6% e 11,6% deve durar em torno de um mês. A estimativa leva em conta um desconto médio entre R$ 4,5 mil e R$ 5 mil por automóvel, dentro dos bônus que vão de R$ 2 mil a R$ 8 mil.

Considerando os R$ 500 milhões liberados em crédito pelo governo federal, os cálculos da Anfavea preveem que a medida patrocinará a redução de preços de 100 mil a 110 mil carros de passeio.

Esse volume estimado é praticamente o total de veículos enquadrados na medida que já estão nos estoques de montadoras e concessionárias. No mês passado, as fábricas elevaram os estoques em 45,6 mil unidades, para 251,7 mil veículos – maior quantidade em três anos -, para atender o aguardado aquecimento do mercado a partir dos descontos patrocinados pelo governo.

Algumas montadoras chegaram a alugar pátios para guardar carros. Do estoque total, 115 mil veículos – ou seja, 45% – se enquadram nas regras fixadas na medida provisória de incentivo à indústria automotiva, publicada na terça-feira.

Presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite disse que os R$ 500 milhões em recursos colocados pelo governo para os carros provavelmente não serão suficientes para todo o prazo do programa: 120 dias. “Este é um programa de curto prazo. Então, aqueles consumidores que tiverem interesse na aquisição do seu carro não podem pensar muito, demorar muito tempo, porque, de fato, esses recursos podem acabar”, afirmou Leite.

Ele sustentou que, se o governo não liberar mais recursos, a medida vai durar “bem menos” do que os 120 dias. “Talvez um mês ou um pouco mais”, previu.

Sobre o impacto nas vendas de caminhões e ônibus, incluídos de última hora no programa federal, a Anfavea ainda está fazendo simulações.