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BNDES anuncia redução de spread para financiar exportações da indústria

O presidente do BNDES, Aloízio Mercadante, informou que o banco oferecerá financiamento de R$ 2 bi para exportações de produtos brasileiros.

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25 de maio de 2023
Vinicius Palermo
BNDES anuncia redução de spread para financiar exportações da indústria
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, durante evento na Fiesp

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, anunciou na quinta-feira, 25, novas linhas de financiamento à indústria para que o setor possa obter crédito em condições parecidas com as oferecidas ao agronegócio. Ao defender durante evento do Dia da Indústria na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) uma versão industrial do Plano Safra, Mercadante informou que o banco vai oferecer financiamento de R$ 2 bilhões para as exportações de produtos brasileiros.

Nessa linha, que visa diminuir custo de exportadores para que os produtos brasileiros ganhem mercados internacionais, o banco vai reduzir em 61% o seu spread, ou seja, a diferença entre a taxa cobrada das empresas e a taxa de captação.

“Estamos indo para o osso no spread”, declarou o presidente do BNDES. “Estamos praticamente abrindo a mão do spread do banco pra ajudar a indústria a exportar”, acrescentou.

Além disso, outra linha de R$ 2 bilhões, que pode chegar a R$ 4 bilhões, será oferecida à indústria exportadora nas mesmas condições da agricultura: 7,5% ao ano, com taxa fixa em dólar e dois anos de carência.

Adicionalmente, continuou Mercadante, foram aprovados mais R$ 20 bilhões para financiamento de inovação nos próximos quatro anos a uma taxa 1,7% ao ano. “Quem quiser fazer inovação, pode ir ao BNDES que vai ter dinheiro”, frisou o presidente do banco de fomento, acrescentando que, como o BNDES tem outros R$ 20 bilhões para financiar investimentos em tecnologia da informação, os recursos para inovação chegam a R$ 40 bilhões.

Citando o economista Celso Furtado, Mercadante afirmou que o Brasil não se tornará uma nação desenvolvida sem o crescimento da indústria, setor que, pontuou, gera valor agregado, tecnologia e emprego qualificado. Assim, disse que o País precisa voltar a ter um “plano industrializante” e que espera que as medidas anunciadas na quinta ajudem a indústria brasileira a iniciar uma nova etapa.

Ele observou que o banco também vai colocar R$ 3,6 bilhões dentro do novo Plano Safra, recursos que também ajudam a indústria, uma vez que são voltados à compra de equipamentos no campo. Informou ainda que será criado um fundo de crédito do Sebrae com R$ 100 milhões do BNDES.

Segundo Mercadante, o banco financia exportações “sem um real subsidiado”, porém, classificando-se como um “desenvolvimentista”, ele sustentou a uma plateia formada por empresários da indústria paulista que o subsídio é “indispensável” na saída da pandemia. Também cobrou em seu discurso uma reforma tributária que desonere a indústria e defendeu que o banco precisa ter outros indexadores além da Taxa de Longo Prazo, base das taxas cobradas pelo BNDES, assim como um deflator da taxa de juros para projetos considerados estratégicos.

Mercadante defendeu ainda uma revisão da política de dividendos do banco, ao lembrar que hoje o BNDES entrega para a União 60% de seus dividendos. “Nosso lucro volta ao Tesouro ao invés de ir ao desenvolvimento do País”, assinalou.

O presidente do BNDES disse que os recursos trazidos ao País nas viagens oficiais do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao exterior permitiram ao banco de fomento anunciar linhas de financiamento ao redor de R$ 8 bilhões aos setores de indústria e agronegócio.

“Não temos nenhum subsidio até agora, todo esforço que estamos fazendo é tirar leite de pedra. Estamos trazendo recursos”, declarou Mercadante ao dizer a jornalistas que o compromisso de combate ao desmatamento levado por Lula ao exterior gera financiamento para a economia. “É um dinheiro que não passa pelo orçamento. Vem de fora e a gente consegue financiar os setores exportadores”, acrescentou o presidente do BNDES.

Questionado sobre o esvaziamento do Ministério do Meio Ambiente, de Marina Silva, na nova configuração do governo, aprovada na quarta em comissão mista do Congresso, Mercadante deixou claro que o combate ao desmatamento é uma “decisão de governo”. Assim, garantiu, rearranjos nos ministérios não mudam o compromisso ambiental. “Existe crise climática, só negacionistas não enxergam”, declarou Mercadante.

Ele frisou, para reforçar esse compromisso, que o Fundo Amazônia vai financiar as operações de comando e controle ambiental, e argumentou que o País precisa de taxas de juros menores para tornar viável o investimento na transição à economia verde.

Além de falar sobre política ambiental, Mercadante fez comparações com o governo anterior na gestão das reservas internacionais. Segundo o presidente do BNDES, o Brasil perdeu US$ 60 bilhões em reservas nos últimos quatro anos. “Já recuperamos mais de US$ 20 bilhões”, afirmou.