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Crimes ambientais

Zequinha Marinho diz que operação contra desmatamento faz ‘blitz malucas’

Em vídeo ao lado de um homem, o parlamentar Zequinha Marinho diz que ‘combater por combater o desmatamento não tem sentido’

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02 de março de 2023
Vinicius Palermo
Zequinha Marinho diz que operação contra desmatamento faz ‘blitz malucas’
A gravação com Zequinha Marinho foi publicada no perfil de 'Patriota J. Souza, guerreiro do bem' no Tiktok.

Após participar de ‘audiência pública’ convocada a pretexto de ‘retirar fiscalização’ de São Félix do Xingu, área apontada como de alto risco de crimes ambientais no sudeste do Pará, o senador Zequinha Marinho (PL-PA) afirmou que a Operação Curupira – aberta pelo governo estadual para combater o desmatamento – faz ‘blitz malucas’ para ‘fazer perseguição contra a sociedade’.

Em vídeo ao lado de um homem autointitulado ‘Patriota J. Souza, guerreiro do bem’, o parlamentar diz que ‘combater por combater o desmatamento não tem sentido’ e que a ofensiva ‘não pode ficar a vida toda’ na cidade no interior do Pará. “Governo não é ONG, que chega, faz zoada, corre atrás e depois vai embora”, afirma o senador.

A gravação foi publicada no perfil de ‘Patriota J. Souza, guerreiro do bem’ no Tiktok. Segundo ele, a gravação foi feita no sábado, 25, um dia depois da reunião contra a ‘fiscalização’. “Tão tocando o terror”, alegam integrantes do grupo que se opõe à Curupira.

No vídeo, o ‘guerreiro do bem’ chama de ‘maldito’ o decreto estadual que instalou a Operação Curupira no último dia 15. Segundo o governo do Pará, a ofensiva visa combater desmatamento ilegal, exploração ilegal de recursos naturais, degradação ambiental e incêndios florestais.

Para o Executivo estadual, o diferencial da operação é o fato de haver bases fixas – uma em São Félix do Xingu e outra em Uruará- para dissuadir ilícitos com a presença permanente das equipes de fiscalização. Nesta segunda, 27, agentes da operação confiscaram cinco escavadeiras em um garimpo com licenças ambientais vencidas.

Quando a reportagem divulgou os áudios que mostram lideranças locais convocando a ‘população de bem’ para o evento da sexta, 24 – onde seria armado contra ataque à Curupira -, o senador afirmou que participaria da reunião como convidado da Associação Xinguri.

Zequinha Marinho disse defender a legalidade do setor produtivo e ter recebido denúncias de que a operação ‘estaria atuando apenas em cima de pequenos produtores’.

Na gravação após o encontro, ele sustenta que a Operação Curupira ‘tem um foco’, mas ‘cuida de outro’. “É importante e até louvável fazer um combate ao desmatamento, trazer para legalidade. Mas só combater por combater não tem sentido, porque a operação não pode ficar aqui a vida toda”, protesta.

O senador argumenta que o governo do Pará ‘tem a obrigação de trazer a regularização fundiária e fazer a regularização ambiental’. “Governo não é ONG, que chega, faz zoada, corre atrás e depois vai embora. Governo é diferente, tem outra concepção de política pública. É isso que nós queremos”, avisa.

O parlamentar alega que a operação contra o desmatamento ‘não visita uma grande fazenda pra ver se as licenças estão em dia’. “Vai fazer blitz nas estradas. Perseguir o povão que mora no interior, nasceu e vive aqui. São 46 vilas, 6 distritos. Quase 70% do povo de São Félix do Xingu mora no interior. Ai essas blitz malucas, coisa fora do rumo, que não tem sentido, coisa feita para fazer opressão e perseguição à sociedade.”

Procuradoria investiga ‘eventuais tentativas de barrar os trabalhos de fiscalização’. Após a divulgação de áudios que convocaram a ‘população de bem’ para um evento contrário à Curupira – inclusive com chamadas em que as ações são definidas como ‘atos terroristas’ -, o Ministério Público Federal decidiu ‘acompanhar e apoiar’ a missão de combate ao desmatamento e outros crimes ambientais no sudeste do Pará.

A Procuradoria diz que vai ajudar na ‘identificação de áreas de garimpo ilegal e trocar informações com outras instituições para garantir a eficiência das investigações e para responsabilizar autores de ilegalidades, incluindo eventuais tentativas de barrar os trabalhos de fiscalização’.