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Yellen diz que intervenção pode ser feita em bancos menores

Janet Yellen aconselhou os bancos de menor porte a “manterem o foco em atender às necessidades das comunidades” nas quais atuam.

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22 de março de 2023
Vinicius Palermo
Yellen diz que intervenção pode ser feita em bancos menores
A secretária do Tesouro dos EUA, janet Yellen, busca acalmar o quadro, após algumas quebras de bancos regionais, ao afirmar que o sistema bancário dos Estados Unidos é "sólido".

A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, indicou que uma intervenção aos moldes da que ocorreu com os Silicon Valley Bank (SVB) e Signature Bank pode ser feita em bancos menores, caso as instituições sofram com corridas que também representem risco de contágio. “As medidas que tomamos não foram focadas em ajudar bancos específicos ou classes de bancos. Nossa intervenção foi necessária para proteger o amplo sistema bancário dos Estados Unidos”, afirmou Yellen em discurso na American Bankers Association, na terça-feira, 21.

E acrescentou: “Ações semelhantes podem ser justificadas se instituições menores sofrerem corridas de depósitos que representem o risco de contágio.”

Janet Yellen aconselhou os bancos de menor porte a “manterem o foco em atender às necessidades das comunidades” nas quais atuam.

A secretária disse ainda que as instituições bancárias pequenas e médias desempenham um papel vital na economia, fornecendo crédito e apoio financeiro a famílias e pequenas empresas.

“Esses bancos fornecem serviços que os bancos maiores não podem replicar, porque conhecem as características especiais do mercado e das pessoas que atuam nessas comunidades”, falou Janet Yellen.

A secretária do Tesouro dos Estados Unidos busca acalmar o quadro, após algumas quebras de bancos regionais, ao afirmar que o sistema bancário dos Estados Unidos é “sólido”. Ela comentou também que acordos de ajuda adicional “podem ser necessários”, se houver novos problemas em instituições menores que possam representar risco à estabilidade financeira.

Em trechos de declarações preparadas para um discurso na American Bankers Association, Yellen diz que no geral “a situação está estabilizando”. “E o sistema bancário dos EUA continua sólido”, ressalta.

As tensões no setor bancário estão afetando o mercado de títulos lastreados em hipotecas (MBS, na sigla em inglês) de agências, de aproximadamente US$ 8 trilhões, considerado quase tão seguro quanto os títulos do governo dos EUA.

Os chamados títulos hipotecários de agências são amplamente mantidos por bancos, seguradoras e fundos de títulos porque são lastreados em empréstimos hipotecários dos credores estatais Fannie Mae e Freddie Mac. Esses títulos têm muito menos probabilidade de inadimplência do que a maioria das dívidas e são fáceis de comprar e vender rapidamente – uma razão crucial pela qual eles eram o maior investimento do Silicon Valley Bank (SVB) antes de seu naufrágio.

Mas os MBS de agências, como todos os títulos de longo prazo, são vulneráveis ao aumento das taxas de juros, que derrubou seus preços no ano passado e sobrecarregou bancos como o SVB com perdas não realizadas. Agora que a Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC) assumiu o controle do SVB, os investidores esperam que os títulos sejam vendidos nos próximos meses, acrescentando oferta ao mercado enfraquecido e empurrando os preços para baixo.

Na semana passada, o prêmio de risco do índice Bloomberg de MBS de agências atingiu máxima desde outubro, quando a alta das taxas de juros deixou os mercados globais de pernas para o ar. A medida reflete temores de que outros bancos regionais possam ter de vender suas participações, disseram gerentes de fundos de títulos ouvidos.

As vendas de moradias usadas nos Estados Unidos tiveram crescimento de 14,5% em fevereiro, na comparação com janeiro, ao nível anualizado de 4,58 milhões. Analistas ouvidos pelo Wall Street Journal previam alta menor, de 5,0%, ao nível de 4,20 milhões.

A NAR destaca que o forte ganho mensal encerra uma sequência de 12 meses seguidos de declínios nesse dado. Na comparação anual, porém, as vendas de moradias usadas ainda registraram queda de 22,6% em fevereiro.