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Logística de guerra

Xavier diz que responsabilidade sobre vegetação urbana é do município

O presidente da Enel Distribuição São Paulo, Max Xavier Lins, afirmou que é de interesse da companhia que o trabalho relativo a ela “avance o mais rápido possível”.

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08 de novembro de 2023
Vinicius Palermo
Xavier diz que responsabilidade sobre vegetação urbana é do município
O presidente da Enel Distribuição São Paulo, Max Xavier Lins

O presidente da Enel Distribuição São Paulo, Max Xavier Lins, afirmou que a legislação estabelece que a responsabilidade sobre a vegetação urbana é do município, mas que diante do compartilhamento do espaço público por uma série de agentes, como as concessionárias de energia elétrica, é de interesse da companhia que o trabalho relativo a ela “avance o mais rápido possível”.

Em entrevista coletiva, o executivo afirmou que 95% dos casos de falta de luz decorrente da ventania que atingiu a área de concessão da companhia, que abrange a capital paulista e mais 23 cidades, se deu pela queda de árvores e galhos e pediu que haja um amplo cadastramento do parque arbóreo para que, de forma conjunta, o tema seja endereçado.

O engenheiro disse ainda que até 31 de agosto deste ano, a companhia realizou 263 mil podas preventivas e que o serviço seria intensificado até o fim de 2023. No ano passado, foram 350 mil.

Ele disse também que as prefeituras podem solicitar podas às concessionárias de energia elétrica, quando relacionadas à prestação deste serviço. Neste caso, a pedido da Prefeitura de São Paulo, foram feitas 8.451 e mais 2.534 foram solicitadas. O prazo de execução, afirmou, está dentro dos 90 dias previstos.

Ele afirmou que a empresa “recepcionará” qualquer demanda que for feita na Justiça ao ser questionado sobre a decisão da Prefeitura de São Paulo, que anunciou na manhã de quarta-feira (8) que ingressará na Justiça com ação civil pública contra a empresa.

Segundo o município, a medida foi tomada por conta do descumprimento do prazo acordado inicialmente entre a companhia e demais autoridades na última segunda-feira, 6, de que a situação estaria resolvida na terça-feira, dia 7. Até as 10 horas de quarta, cerca de 11 mil imóveis ainda estavam sem energia.

O executivo afirmou que a empresa se desculpa pelo ocorrido, mas que o evento que causou a interrupção foi “excepcionalíssimo” e lembrou que o setor elétrico brasileiro é de competência da União, que a exerce seja por meio de leis federais, seja por meio da regulação feita pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Xavier disse ainda que a resposta da empresa diante do evento foi “forte e imediata” e demandou “logística de guerra”. Ele reconheceu que a situação afeta o “humor e a percepção do serviço” prestado pela companhia, mas disse ser preciso “separar a emoção, que é absolutamente justificável, de fatos e dados”.

Em entrevista coletiva, ele destacou também a melhoria dos indicadores de qualidade desde que a companhia assumiu a empresa, em 2018. A reportagem mostrou que, apesar do avanço, a companhia ficou no levantamento mais recente atrás de empresas como a Light, do Rio, as distribuidoras da Bahia (antiga Coelba) e de Pernambuco (ex-Celpe), além de várias empresas que atendem o Estado de São Paulo, incluindo Elektro, EDP São Paulo, CPFL Paulista e a CPFL Santa Cruz, que liderou a lista.

Na terça-feira, um policial militar foi baleado, durante manifestação de moradores sem energia elétrica na avenida Giovanni Gronchi, na região do Morumbi, na zona sul de São Paulo. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), a bala atravessou a perna do PM, que foi levado a um hospital para atendimento médico. Não foi informado o seu estado de saúde.

Ainda de acordo com a SSP, a Polícia Militar acompanhava o protesto quando a avenida começou a ser bloqueada após os moradores colocarem fogo em objetos. Os policiais relataram que alguns manifestantes portavam “coquetéis molotov” e se protegeram atrás de escudos.

Na última sexta-feira, 3, um temporal provocou a queda de centenas de árvores na cidade, derrubando o fornecimento de energia elétrica em grande parte da capital – mais de 2 milhões de endereços chegaram a ficar sem luz. No final a noite de terça-feira, a falta de energia ainda afetava moradores da capital. Mais de 30 mil endereços continuavam sem luz em São Paulo, de acordo com boletim divulgado pela Enel.

As fortes chuvas deixaram ao menos oito pessoas mortas no Estado. Mais de 40 municípios, incluindo a capital paulista, tiveram ocorrências por queda de árvores. Foram mais de 2 mil chamados para ocorrências de acordo com as defesas civis e o Corpo de Bombeiros em todo o Estado.