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Vale e Porto do Açu assinam acordo para desenvolver hub para produção de HBI

O Mega Hub deverá receber em um primeiro momento pelotas da Vale e poderá futuramente contar com uma planta de briquete de minério de ferro.

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26 de setembro de 2023
Vinicius Palermo
Vale e Porto do Açu assinam acordo para desenvolver hub para produção de HBI
A Vale afirma que a iniciativa é pioneira ao contemplar um estudo técnico coordenado pelo Porto do Açu e acadêmicos do setor

A Vale informou na terça-feira, 26, que assinou um Memorando de Entendimento (MoU) com o Porto do Açu Operações para estudar o desenvolvimento de um hub (Mega Hub) no Porto, localizado em São João da Barra (RJ), para produção de HBI (hot briquetted iron ou ferro-esponja) via a rota de redução direta.

Segundo a empresa, o Mega Hub deverá receber em um primeiro momento pelotas da Vale e poderá futuramente contar com uma planta de briquete de minério de ferro para atendimento da planta de redução direta do local. “Com esse compromisso firmado, as empresas buscarão atrair investidores e clientes que construam e operem a planta de redução direta, com uso de gás natural, que já estará disponível no Porto do Açu, e a possibilidade de convertê-la no futuro para hidrogênio verde, produzindo HBI com emissão de carbono próxima a zero”, diz a mineradora.

Em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Vale afirma que a iniciativa é pioneira ao contemplar um estudo técnico coordenado pelo Porto do Açu e acadêmicos do setor, que propõem a utilização de HBI como carga parcial em altos-fornos, reduzindo a emissão de gases de efeito estufa e aumentando a produtividade do processo siderúrgico sem a necessidade de substituição dos ativos produtivos existentes, como os próprios altos-fornos e as aciarias. Hoje, o HBI é mais comumente utilizado em fornos elétricos a arco. O uso do HBI nesse tipo de forno permitirá ao parque siderúrgico brasileiro uma transição mais suave no processo de descarbonização.

Segundo a mineradora, o acordo com o Porto do Açu é mais um passo da Vale para desenvolver no Brasil o modelo dos Mega Hubs, complexos industriais voltados à fabricação de produtos siderúrgicos de baixo carbono, que está sendo implantado pela empresa em três países do Oriente Médio (Arábia Saudita, Emirados Árabes e Omã).

“Acreditamos que o Brasil tem um grande potencial para ser um polo da siderurgia de baixo carbono. Temos minério de ferro de alta qualidade, reservas de gás natural abundantes e potencial para desenvolver o hidrogênio verde. Como uma empresa brasileira, a Vale busca se associar a empreendimentos que contribuam nessa direção. Queremos ser indutores da ‘neo-industrialização’ do Brasil, que será baseada na indústria verde”, afirma o vice-presidente executivo de Soluções de Minério de Ferro, Marcello Spinelli, no comunicado.

Localizado na região norte do Rio de Janeiro, o Porto do Açu é o maior complexo porto-indústria de águas profundas da América Latina, segundo a Vale. Em operação desde 2014, é administrado pela Porto do Açu Operações, uma parceria entre a Prumo Logística, controlada pelo EIG, e o Porto de Antuérpia-Bruges Internacional.

A empresa informou também que as inscrições para a segunda turma do Programa de Aceleração de Carreira para Mulheres Negras, iniciativa que visa acelerar o desenvolvimento profissional de 50 mulheres negras da sociedade, vão até quinta-feira. Por meio de oficinas temáticas, mentoria individual, letramento e aulas com executivas negras renomadas no mercado, a mineradora quer seguir contribuindo para o fortalecimento de competências e habilidades de profissionais negras, dando suporte para que se destaquem no mercado de trabalho.

O programa, desenvolvido em parceria com consultores especialistas na pauta racial, é online, com aulas ao vivo, gratuito e tem duração de cinco meses, com uma média de três horas de dedicação semanal. A iniciativa é voltada para mulheres negras que não trabalham na Vale e a programação acontece em horário noturno.

Para participar da seleção, as candidatas precisam se auto identificar como pretas ou pardas, desejar se autodesenvolver e ter concluído curso superior entre dezembro de 2013 e dezembro de 2019. Comprometida em promover o desenvolvimento local e construir um legado positivo nas comunidades onde atua, a Vale busca, preferencialmente, mulheres dos estados em que opera: Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Pará e Rio de Janeiro, mas a oportunidade não se limita a essas regiões. As inscrições ficam abertas até 28 de setembro e devem ser feitas em www.vale.com/mulheresnegras

O programa de aceleração de carreira é uma iniciativa da Vale voltada para o público externo com o objetivo de propagar conhecimento, não acarretando relação de trabalho entre as participantes e a empresa. O processo seletivo será realizado online, com entrevistas individuais durante os meses de setembro e outubro. A divulgação do resultado da seleção e o início do programa estão previstos para novembro.

Participante da primeira turma, a doutoranda e mestra em Ciência Empresariais, Engenheira Ambiental e de Segurança, Lúcia Campos, afirma que os encontros foram uma jornada transformadora em sua vida. “Esse programa, de maneira muito estruturada e responsável através de um olhar específico para os enfrentamentos das mulheres negras, nos proporcionou uma experiência incrível voltada para empoderamento feminino, propósito e carreira. Sem dúvida, ter a oportunidade de escutar as experiências vividas por outras mulheres negras de sucesso no mercado e seus enfrentamentos elevou a nossa confiança e levou cada uma que teve a oportunidade de participar a fazer reflexões acerca de suas decisões e encaminhamento de carreira, bem como promover estímulos para abertura de perspectivas bem mais amplas”, conta.

De acordo com Marina Quental, vice-presidente executiva de Pessoas da Vale, a primeira edição do programa foi um sucesso e já resultou em movimentação de carreira para diversas participantes. “É uma satisfação poder abrir uma nova turma do Programa de Aceleração de Carreiras para Mulheres Negras e, como parte da nossa jornada de diversidade e inclusão, contribuir também para termos uma sociedade mais justa e com equidade de oportunidades. Nosso objetivo é que este programa siga promovendo o empoderamento de mulheres negras para que elas possam alavancar suas carreiras”, afirma. 

O desenvolvimento de carreira de seus empregados também é um objetivo da Vale. Tendo como foco os grupos minorizados, a empresa conta com o programa Potencializando Talentos, que tem o objetivo de capacitar empregados que demonstrem potencial de assumir posições mais estratégicas dentro da organização. Para 2023 estão programadas turmas exclusivas para mulheres, exclusivas para pessoas negras e exclusivas para pessoas com deficiência. A empresa possui, ainda, o programa Empoderando Talentos PcD, uma jornada de autodescoberta com foco no fortalecimento de competências e no desenvolvimento pessoal de profissionais com deficiência, visando despertar uma nova forma de pensar e atuar diante dos desafios de carreira.

A Vale também promove a ação Conversas Inspiradoras, voltado especificamente para empregadas. Durante três meses, mulheres líderes da empresa têm a oportunidade de receber mentoria de profissionais renomados de mercado que atual nas mais diversas áreas e segmentos, a fim de trocarem experiências e compartilharem novas formas de pensar e atuar. A iniciativa visa o empoderamento das empregadas e o desenvolvimento de suas carreiras.

A Vale tem a meta de dobrar de 13% para 26% a representatividade de mulheres em sua força de trabalho até 2025. Pensando na pauta da equidade étnico-racial, a Vale também possui a meta de ter 40% das posições de liderança (coordenadores e acima) ocupadas por pessoas negras até 2026.