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Crianças são mais de um terço dos afetados por terremoto na Turquia

Na Turquia, dos cerca de 15 milhões atingidos pelo terremoto existem mais de 214 mil mulheres grávidas. Cerca de 24 mil darão à luz em março.

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13 de fevereiro de 2023
Vinicius Palermo
Crianças são mais de um terço dos afetados por terremoto na Turquia
A crise humanitária é uma das consequências do devastador terremoto na Turquia.

O terremoto na Turquia arrasou a vida de muitas pessoas que já viviam numa situação profundamente precária, incluindo refugiados e deslocados internos. O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, informou que menores de 17 anos representam mais de um terço da população nas 10 províncias afetadas na Turquia.

O representante do Unicef, Maher Ghafari, disse que na Síria, também atingida pelo terremoto, “as necessidades são imensas e os danos significativos”.

Segundo Ghafari, desde o primeiro dia após o desastre, a agência está cuidando das necessidades de água e saneamento. Caminhões-pipa foram enviados para áreas onde o fornecimento de água foi interrompido.

Na Turquia, dos cerca de 15 milhões atingidos pelo terremoto existem mais de 214 mil mulheres grávidas. O Fundo das Nações Unidas para a População, Unfpa, deste número quase 24 mil devem dar à luz em março.

Assim como em conflitos, a gravidez não espera num caso de terremoto. As futuras mães precisam de apoio com cuidados obstétricos de emergência e cesarianas e assistência pré e pós-natal.  Sem eles, elas estão sob risco.

Com suprimentos médicos esgotados e centenas de centros de saúde, maternidades e espaços danificados, formou-se uma corrida contra o tempo para salvar vidas.

O Unfpa está nas áreas afetadas na Turquia e na Síria para restabelecer serviços críticos e proteção de milhões de mulheres e meninas vulneráveis que precisam urgentemente de cuidados.

Na Síria, hospitais, centros de saúde e espaços seguros em Alepo, Lattakia e Hama estão recebendo kits de dignidade e maternidade para mulheres grávidas e aquelas com partos recentes. São milhares de cobertores e casacos, enquanto mais de 20 equipes móveis com ginecologista, parteira e assistente psicossocial atendem a mulheres e meninas nas três áreas mais impactadas na província de Alepo.

Uma outra preocupação é evitar a violência de gênero numa situação de caos. De acordo com agências de notícias, pelo menos 35 mil pessoas morreram após o terremoto na Turquia e na Síria. Mas o número tem subido todos os dias à medida que o trabalho de resgate avança.

No domingo, a Organização Mundial da Saúde, OMS, lançou um apelo de US$ 43 milhões para apoiar a resposta ao terremoto na Síria e na Turquia.

O diretor-geral da agência, Tedros Ghebreyesus, destacou que o valor pode aumentar à medida que os efeitos do desastre se tornarem mais claros.

Em entrevista à ONU News, o diretor regional da OMS para o Mediterrâneo Oriental, Dr. Ahmed Al Mandhari, falou da destruição causada pelo terremoto, após visitar Alepo.

Ele disse que quase metade das instalações de saúde não estão funcionando e vários hospitais tiveram equipamentos destruídos. A região já tinha sua estrutura de saúde impactada pelos 12 anos de guerra.

De acordo com Al Mandhari, cerca de 25 milhões de pessoas foram afetadas pelo terremoto em toda a Síria. Em Alepo, pode haver mais de 200 mil desabrigados.

Ele disse ter visto uma família de 16 membros morando em uma tenda e outras famílias em estádios lotados. E que algumas pessoas estão sem seus medicamentos para diabetes, hipertensão, e até para o câncer.

O médico lembrou que, há dois dias, a OMS forneceu um carregamento de 35 toneladas compostas por kits de trauma e outros suprimentos médicos.

Sobre os desafios, ele citou a capacidade limitada hospitalar em termos de recursos humanos que existem atualmente no sistema de saúde, e a falta de equipamentos e insumos médicos.

De acordo com Al Mandhari, cerca de 25 milhões de pessoas foram afetadas pelo terremoto em toda a Síria

Além disso, a crise de combustível afeta não só a sociedade, mas também hospitais, que estão sem sistema de aquecimento, e muitos sem eletricidade.

Para ele, outro desafio é a maior propagação de doenças transmitidas pela água e alimentos, lembrando o surto de cólera do ano passado por causa da água contaminada e a possível transmissão de hepatite.

Al Mandhari também mencionou o risco de transmissão de doenças em abrigos lotados, citando um surto de piolho.

Por último, o diretor regional da OMS, destacou o inverno rigoroso com temperaturas extremamente frias. Ele disse ter visto uma senhora idosa que tinha as mãos rachadas com hematomas e feridas devido ao clima seco e a falta de sistema de aquecimento.