Economia
Vínculo trabalhista

Três em cada quatro trabalhadores por conta própria querem emprego formal

Na média nacional, 69,6% dos trabalhadores por conta própria gostariam de ter algum vínculo formal com uma empresa pública ou privada.

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15 de fevereiro de 2023
Vinicius Palermo
Três em cada quatro trabalhadores por conta própria querem emprego formal
No Nordeste, o desejo de migração de trabalhadores para o emprego formal foi motivado, principalmente, pela vontade de ter rendimentos fixos.

Três em cada quatro trabalhadores atuando por conta própria no Nordeste e Centro-Oeste desejam encontrar um emprego formal no setor público ou privado, segundo dados da Sondagem do Mercado de Trabalho divulgados na quarta-feira, 15, pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).

O trabalho por conta própria – sem vínculo empregatício e caracterizado, na maioria das vezes, pela precariedade e ausência de proteção social – concentra cerca de 25% dos ocupados no País, chegando a superar 30% dos empregos em algumas regiões, ressaltou a FGV, citando as informações da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Na média nacional, 69,6% dos trabalhadores por conta própria gostariam de ter algum vínculo formal com uma empresa pública ou privada, enquanto que apenas 30,4% preferem manter-se na situação atual.
A região Nordeste registrou a maior proporção de trabalhadores por conta própria que gostariam de estar ligados a uma empresa (76,7% deles), seguida pelo Centro-Oeste (75,2%).

No Nordeste, o desejo de migração para o emprego formal foi motivado, principalmente, pela vontade de ter rendimentos fixos (38,4%) e ter acesso ao conjunto de benefícios que uma empresa pode oferecer (36,5%).

Na região Sul, 60% dos trabalhadores por conta própria gostariam de mudar para uma vaga formal. Entre os 40% que preferiam permanecer sem vínculo empregatício, as principais razões apontadas foram a possibilidade de flexibilidade de horários (16,5%) ou por acreditarem que essa modalidade permite rendimentos maiores (13,6%).

Conforme dados da sondagem coletados em dezembro de 2022, 57,1% dos trabalhadores por conta própria atuando no Brasil trabalhavam anteriormente como empregados com carteira assinada. Essa proporção foi maior entre os conta própria no Centro-Oeste (66,5%), Sudeste (63,3%) e Norte (62,2%).

“A principal ocupação anterior, em todas as regiões do País, era a do trabalhador empregado com carteira assinada, sugerindo que essas pessoas perderam seus empregos e migraram para a categoria dos conta própria”, avaliou a FGV, em nota.

As regiões que registraram os maiores porcentuais de pessoas que migraram do desemprego para o trabalho por conta própria foram Norte (28,9%) e Nordeste (24,7%).

O Sul registrou a maior proporção de empregadores (somando os que possuem e os que não possuem registro de CNPJ), chegando a 11,4% dos trabalhadores por conta própria existentes na região, “dando a entender que já eram empresários, apenas mudaram o tipo do negócio”, diz a FGV.

A Sondagem do Mercado de Trabalho consulta, mensalmente, cerca de duas mil pessoas físicas com mais de 14 anos de idade em todo o território nacional. Os dados dessa divulgação foram coletados entre agosto e dezembro de 2022.

Já o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro teve uma elevação de 0,2% em dezembro ante novembro de 2022. Na comparação com dezembro de 2021, a atividade econômica teve expansão de 1,4% em dezembro de 2022. O Monitor do PIB-FGV aponta ainda que a atividade econômica cresceu 2,9% no ano de 2022.

A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, medida dos investimentos no PIB) atingiu o maior nível desde a recessão de 2014-2016, enquanto o consumo das famílias foi recorde na série histórica iniciada em 2001.

“O crescimento de 2,9% da economia em 2022 foi influenciado principalmente pelo setor de serviços, que contribuiu com mais de 80% para o bom desempenho da economia. O destaque foi a atividade de outros serviços, que engloba as atividades de alojamento, alimentação, saúde privada, educação privada, serviços prestados às famílias e às empresas”, afirmou Juliana Trece, coordenadora do Monitor do PIB – FGV, em nota oficial.

“Esta atividade, que foi uma das que haviam apresentado as maiores perdas devido à necessidade de distanciamento social no período da pandemia, impulsionou o PIB de 2022 graças à normalização das atividades sociais e aos estímulos fiscais dados à economia. Apesar deste desempenho positivo, outra característica marcante de 2022 foi a desaceleração do crescimento ao longo do ano. Em consequência dos patamares elevados de juros e de endividamento das famílias, o quarto trimestre do ano encerrou com queda”, completou.