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Trégua entre Israel e Hamas chega ao quinto dia e mais reféns são libertados

Dentre os sequestrados, dez são israelenses e dois são tailandeses, de acordo com o gabinete do primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu.

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28 de novembro de 2023
Vinicius Palermo
Trégua entre Israel e Hamas chega ao quinto dia e mais reféns são libertados
Apesar da trégua a situação ainda é delicada em Israel

O Hamas libertou 12 reféns na terça-feira, 28, no quinto dia de trégua entre o grupo terrorista e Israel, após um acordo intermediado por Catar, Estados Unidos e Egito, segundo informações das Forças de Defesa de Israel (FDI). Dentre os sequestrados, dez são israelenses e dois são tailandeses, de acordo com o gabinete do primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu.

“Com base nas informações recebidas da Cruz Vermelha, 12 reféns – incluindo dez israelenses e dois estrangeiros – estão a caminho do território israelense”, apontou as FDI em um breve comunicado. Segundo o ministério das Relações Exteriores do Catar, nove mulheres israelenses foram libertadas e uma criança. Uma das mulheres possui um passaporte austríaco e a outra tem a nacionalidade argentina. Doha apontou que 30 prisioneiros palestinos que estão detidos em Israel serão soltos.

As reféns já saíram da Faixa de Gaza e estão no Egito, de onde serão transportadas para Israel e as famílias das reféns já foram avisadas.

Uma das reféns libertadas é Mia Leimberg, de 17 anos. Uma foto do momento da soltura de Leimberg foi divulgada nas redes sociais. Ada Sagi, Tamar Metzger, Ditza Haiman, Norallin Agojo, Rimon Buchshtav, Ofelia Roitman, Meirav Tal, Gabriela Leimberg e Clara Marman também foram libertadas pelo grupo terrorista Hamas.

Na segunda-feira, 27, 11 reféns israelenses foram libertados pelo Hamas e 33 prisioneiros palestinos foram libertados por Israel. Segundo o ministério da Saúde do país do Oriente Médio, os 11 israelenses libertados tem boas condições de saúde e já estão reunidos com as suas famílias. No total, 51 reféns israelenses já foram libertados pelo grupo terrorista Hamas, além de 17 tailandeses, um filipino e um israelense-russo. 150 palestinos foram libertados das prisões israelenses até o momento.

Segundo o jornal Times of Israel, David Barnea, que é chefe do Mossad, o serviço de inteligência de Israel, está em Doha, no Catar, para novas conversas com o governo do país do Oriente Médio e o diretor da CIA, Bill Burns, sobre a possibilidade de mais uma extensão no acordo de trégua.

Esta é a terceira viagem de Barnea ao Catar desde o início da guerra, e ele também recebeu funcionários do governo do Catar em Israel.

A guerra com o Hamas irá custar a Israel cerca de US$ 53 bilhões entre 2023 e 2025, de acordo com novas projeções do Banco Central de Israel. Pouco mais da metade dessa quantia será para gastos com defesa. O BC também leva em consideração a perda de receitas fiscais e o aumento dos gastos com civis.

O Banco Central espera que a guerra represente um impacto de 3% no Produto Interno Bruto (PIB) de Israel até ao final do próximo ano, à medida que as empresas lutam contra a escassez de mão de obra e a demanda do consumidor permanece fraca. Israel depende do apoio financeiro dos Estados Unidos e de outros aliados para financiar o seu orçamento e emitiu bilhões de dólares em títulos O BC do país ajudou a estabilizar os mercados financeiros e a sustentar a moeda, o shekel, que subiu 9% em relação ao dólar este mês.

Com a provável extensão da pausa nos combates em Gaza para o quinto dia na terça-feira, os trabalhadores humanitários da ONU alertam que as entregas de ajuda precisam se multiplicar para atender os feridos e tentar conter o risco de um surto de doenças que deixou os médicos “aterrorizados”.

Entre as prioridades mais críticas está levar combustível para o norte do enclave, arrasado pela guerra, para que possa ser usado em hospitais, fornecer água limpa e manter outras infraestruturas civis.

Esses serviços foram impactados por semanas de bombardeios israelenses em resposta aos massacres de 7 de outubro do Hamas no sul de Israel, que deixaram cerca de 1,2 mortos e cerca de 240 mantidos como reféns. Autoridades de saúde de Gaza relataram que mais de 15 mil pessoas foram mortas nos ataques até o momento.

Em uma atualização do sul de Gaza, o porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, James Elder disse que um médico do hospital Al-Shifa, no norte, afirma que diarreia e infecções respiratórias ameaçam as crianças na região.

O representante do Unicef relatou que o profissional de saúde alerta para o surto de doenças e como isso pode impactar diretamente as crianças, que com sistemas imunológicos mais frágeis e falta de comida já estão “perigosamente fracos”.

Enquanto as negociações continuam para a libertação de mais reféns em troca da prorrogação da pausa nos combates, o Unicef ressaltou a situação de jovens “lutando por suas vidas”. 

Com ferimentos, muitos são deitados em colchões improvisados, fora das instalações, com médicos tendo que tomar decisões “terríveis” para priorizar os pacientes.

Elder relatou o estado de um menino que teve a perna arrancada há “três ou quatro dias” quando tentava chegar ao sul do enclave. Ele ainda tinha estilhaços por todo o corpo, estava cego e com queimaduras em 50% do corpo.

Ecoando profundas preocupações sobre a escala das necessidades em Gaza, a Organização Mundial da Saúde, OMS, observou que uma avaliação realizada no norte no início da pausa nos combates em 24 de novembro mostrou que “todos em todos os lugares tem necessidades de saúde urgentes”.

Falando em Genebra, a porta-voz da OMS, Margaret Harris, disse que isso ocorre porque as pessoas estão famintas, além de sofrerem com a falta água limpa e a superlotação das instalações de saúde.

Em sua última atualização, o escritório de assuntos humanitários da ONU, Ocha, disse que as entregas de suprimentos de socorro foram aceleradas ao sul de Wadi Gaza, onde a maioria dos aproximados 1,7 milhão de deslocados internos buscou abrigo.