Economia
Informalidade avança

Taxa de desemprego cai para 7,8% no trimestre até agosto

A massa de renda real habitual paga aos ocupados somou R$ 288,9 bilhões no trimestre encerrado em agosto, alta de 5,50% ante igual período do ano passado.

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29 de setembro de 2023
Vinicius Palermo
Taxa de desemprego cai para 7,8% no trimestre até agosto
Em igual período de 2022, a taxa de desemprego medida pela Pnad Contínua estava em 8,9%.

A taxa de desocupação no Brasil caiu para 7,8% no trimestre encerrado em agosto, de acordo com os dados mensais da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados na sexta-feira, 29, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em igual período de 2022, a taxa de desemprego medida pela Pnad Contínua estava em 8,9%. No trimestre móvel até julho, a taxa de desocupação estava em 7,9%. A renda média real do trabalhador foi de R$ 2.947 no trimestre encerrado em agosto. O resultado representa alta de 4,60% em relação ao mesmo trimestre de 2022.

A massa de renda real habitual paga aos ocupados somou R$ 288,9 bilhões no trimestre encerrado em agosto, alta de 5,50% ante igual período do ano passado.

A melhora no mercado de trabalho tem influência tanto da sazonalidade favorável quanto da atividade econômica, avaliou Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE).

A taxa de desocupação caiu de 8,3% no trimestre terminado em maio para 7,8% no trimestre encerrado em agosto, menor resultado desde fevereiro de 2015, quando foi de 7,5%.  Se considerados apenas trimestres encerrados em agosto, a taxa de desemprego é a mais baixa desde 2014, quando ficou em 7,0%.

“Um contexto macroeconômico favorável rebate positivamente no mercado de trabalho”, lembrou Beringuy.

Segundo ela, não é possível mensurar a exata contribuição do crescimento econômico para a queda na taxa de desemprego, mas esse é um fator presente na melhora vista na ocupação. O retorno do comportamento do mercado de trabalho ao padrão do pré-pandemia também tem influência na evolução positiva vista ao longo do ano.

Em apenas um trimestre, mais 1,254 milhão de pessoas passaram a trabalhar, totalizando 99,653 milhões de trabalhadores ocupados no País. Ao mesmo tempo, 528 mil brasileiros deixaram o desemprego. A população desempregada desceu a 8,416 milhões, menor patamar desde 2015. O total de inativos também diminuiu no trimestre, menos 347 mil pessoas nessa condição, totalizando 66,789 milhões fora da força de trabalho.

“A gente tem observado que essa queda de desocupação está relacionada a um processo de expansão do número de trabalhadores em diversas atividades”, disse ela. “Apenas indústria não teve retenção de trabalhadores.”

Nove das dez atividades econômicas registraram contratações no trimestre encerrado em agosto ante o trimestre terminado em maio, embora na maioria dos casos a variação não seja considerada estatisticamente significativa, ou seja, ficou dentro da margem de erro da pesquisa.

A ampliação de vagas ocorreu em: alojamento e alimentação (119 mil), informação, comunicação e atividades financeiras, profissionais e administrativas (275 mil), administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (422 mil), construção (27 mil), outros serviços (51 mil), comércio (189 mil), serviços domésticos (164 mil), agricultura (61 mil) e transporte e armazenagem (72 mil). O único setor com demissões foi a indústria, 114 mil vagas a menos.

A massa de salários em circulação na economia aumentou em R$ 15,162 bilhões no período de um ano, para o nível recorde de R$ 288,946 bilhões, uma alta de 5,5% no trimestre encerrado em agosto de 2023 ante o trimestre terminado em agosto de 2022. Segundo Adriana Beringuy, o resultado é explicado por um mercado de trabalho com mais pessoas ocupadas, diante da expansão no número de vagas. “Essa massa cresce fundamentalmente porque tem mais gente trabalhando”, afirmou Beringuy.

Na comparação com o trimestre terminado em maio, a massa de renda real subiu 2,4% no trimestre terminado em agosto, R$ 6,827 bilhões a mais.

O rendimento médio dos trabalhadores ocupados teve uma alta real de 1,1% na comparação com o trimestre até maio, R$ 33 a mais, para R$ 2.947.

Em relação ao trimestre encerrado em agosto de 2022, a renda média real de todos os trabalhadores ocupados subiu 4,6%, R$ 129 a mais.

A renda nominal, ou seja, antes que seja descontada a inflação no período, cresceu 1,6% no trimestre terminado em agosto ante o trimestre encerrado em maio. Já na comparação com o trimestre terminado em agosto de 2022, houve elevação de 8,6% na renda média nominal.

O avanço na renda pode sinalizar um mercado de trabalho aquecido, confirmou Beringuy. Ela lembra que houve também expansão da população ocupada em segmentos que, de modo geral, costumam ter rendimentos maiores, como informação e comunicação.

Além disso, a abertura de vagas no setor público e com carteira assinada no setor privado tem contribuído “para a alta na renda média do trabalho”. “São fatores que contribuem para que na base da ocupação estejam trabalhadores com rendimentos maiores”, concluiu Beringuy.

O País registrou uma taxa de informalidade de 39,1% no mercado de trabalho no trimestre até agosto de 2023. Havia 38,933 milhões de trabalhadores atuando na informalidade no período.

Em um trimestre, mais 613 mil pessoas passaram a atuar como trabalhadores informais. A geração de vagas no mercado de trabalho como um todo no período totalizou 1,254 milhão. “Cerca de metade da geração de ocupação no trimestre veio da informalidade”, resumiu Adriana Beringuy.

Em um trimestre, na informalidade, houve elevação de 266 mil empregos sem carteira assinada no setor privado, de 176 mil trabalhadores domésticos sem carteira assinada, de 129 mil pessoas no trabalho por conta própria sem CNPJ, de 34 mil empregadores sem CNPJ e de 7 mil de pessoas no trabalho familiar auxiliar.

A população ocupada atuando na informalidade cresceu 1,6% em um trimestre. Em relação a um ano antes, o contingente de trabalhadores informais recuou em 374 mil pessoas, queda de 1,0%
Segundo Adriana Beringuy, embora a taxa de informalidade permaneça elevada, o contingente de trabalhadores informais atuando no mercado de trabalho mostra tendência de estabilidade em relação aos trimestres anteriores, além de tendência de queda na comparação anual.

A pesquisadora explica que, passado o período de recuperação das vagas perdidas na pandemia, que foi puxada num primeiro momento pela informalidade, o crescimento da ocupação atualmente se dá tanto pelas vias formais quanto informais. “Agora é como se você tivesse um compartilhamento. A informalidade não tem um megaprotagonismo desse crescimento da ocupação”, disse.