Estados
Combustível

Setores cerâmico e sucroenergético firmam acordo para substituir gás natural por biometano

O projeto de biometano entra de imediato na fase de implementação, com previsão de funcionamento operacional no início de 2025.

Compartilhe:
07 de março de 2023
Vinicius Palermo
<strong>Setores cerâmico e sucroenergético firmam acordo para substituir gás natural por biometano</strong>
Benjamin Ferreira Neto, presidente do Conselho de Administração da Anfacer, falou sobre o projeto do Biometano.

Os setores cerâmico e sucroenergético fecharam acordo para substituição do gás natural pelo biometano em Santa Gertrudes, no interior do Estado de São Paulo. Inicialmente, o projeto-piloto contemplará dez plantas consumidoras do polo fabril localizado no entorno desse município.

O projeto de biometano entra de imediato na fase de implementação, com previsão de funcionamento operacional no início de 2025. A princípio, o uso do biometano deverá chegar à proporção de 5% do consumo energético das indústrias participantes. Até 2030, a expectativa é de que o volume alcance 50% do consumo do setor em São Paulo, o equivalente a aproximadamente um milhão de metros cúbicos por dia.

À medida que for sendo ampliada a oferta desse combustível processado a partir de resíduos orgânicos das usinas de açúcar e álcool, o uso do biometano será implementado nacionalmente no setor, também nos polos de Santa Catarina e Nordeste, na cadeia e até em outros ramos de atividade, que poderão aderir à jornada de substituição energética.

“Para a indústria cerâmica, o acordo representa um novo e importante passo na área energética, com ganhos econômicos e ambientais. O projeto é pioneiro no país, por meio da associação de dois APLs (Arranjo Produtivo Local) e possibilitará a produção e uso em escala do biometano, o chamado Pré-Sal Caipira. Será um enorme ganho na área sustentável, com diminuição da pegada de carbono, além da previsibilidade de preços e maior segurança energética”, afirmou Benjamin Ferreira Neto, presidente do Conselho de Administração da Anfacer.

Na opinião de Flavio Castellari, diretor-executivo do APLA, o setor cerâmico e a sociedade têm a ganhar com essa transição energética. “A escolha do setor por uma fonte de energia de baixo carbono é um passo importante para o futuro sustentável. A preocupação ambiental, com a saúde da população, a sustentabilidade e a aposta em energias renováveis, é o caminho exemplar que o setor sucroenergético vem trilhando em todo o mundo, e o Brasil já é considerado um modelo de sucesso”, disse.

Para o presidente do Conselho Administrativo da Aspacer, Eduardo Fior, o projeto propulsionará o uso do biometano para outros Estados. “Para a indústria paulista, é muito significativo sermos pioneiros nesse projeto, que será o pontapé inicial para sairmos das palavras e irmos para as ações”.

O líder empresarial está otimista com o ritmo de implementação da iniciativa e vê possibilidades de expansão para outras regiões do País: “Acredito que tomará corpo rapidamente e terá uma pujança nacional muito forte”.

Segundo Otmar Müller, presidente do Sindiceram, foi estratégico iniciar o projeto a partir de São Paulo, estado que já conta com uma rede de gasodutos consolidada. “Será uma segunda revolução, parecida com a que tivemos quando implantamos o gás natural”, disse, explicando: “Manteremos a qualidade e a produção da indústria cerâmica dentro de um conceito de economia circular com baixas emissões de gases de efeito estufa”.

Para Alessandro Gardemann, CEO da Geo Biogás & Tech, o acordo demarca o movimento da indústria rumo à transição energética para baixo carbono. “O segmento industrial é fundamental para o desenvolvimento desse mercado, e é muito bom ver, cada vez mais, novas empresas aderindo às soluções que agregam valor e descarbonizam sua produção. E a indústria cerâmica sempre foi pioneira e parceira da transformação energética no nosso país. Ganham o meio ambiente e o consumidor”, declarou.

Também presente ao evento, o diretor de Inovação e Tecnologia do Senai Nacional, Jefferson Gomes, destacou que as empresas de revestimentos cerâmicos, assim como outros setores industriais, serão impactadas de maneira regulatória e mercadológica pela agenda ambiental internacional. Portanto, deverão preparar-se para atender às demandas de clientes, investidores e regulamentações atreladas às metas de redução de emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE).

Nesse sentido, a indústria brasileira é considerada uma das mais competitivas do mundo com relação à sustentabilidade e emissões de GEE, lembra Gomes, destacando que “o Senai atua com protagonismo para acelerar a implementação de estratégias, programas e tecnologias que contribuem para que o Brasil avance no desenvolvimento sustentável, tanto por meio da expansão do uso de fontes renováveis, como pela otimização dos processos produtivos”. A indústria brasileira, enfatizou, “tem capacidade para prover soluções ambientais e climáticas em escala mundial. É para isso que trabalhamos”.

O biometano é uma tecnologia de ponta já existente e altamente sustentável, com enorme potencial de oferta e insumos disponíveis, inclusive nas entressafras da cana. Esse gás promove a economia verde, em conformidade com os padrões internacionais discutidos na COP 27: diminuição das emissões de dióxido de carbono na atmosfera; gestão inteligente de resíduos orgânicos; produção local, reduzindo grandes extensões de construção de linhas de gasodutos; melhoria da qualidade da vida, por reduzir o lançamento de metano na atmosfera; e contribuição para conter as mudanças climáticas.