O Credit Suisse violou os termos de um acordo criminal de 2014, no qual o banco suíço prometia parar de ajudar norte-americanos a esconder ativos das autoridades fiscais dos EUA, segundo relatório do Senado do país divulgado nesta quarta-feira.
A equipe democrata do Comitê de Finanças do Senado alega que o Credit Suisse falhou em relatar transferências bancárias vinculadas ao que diz ser uma conspiração fiscal criminosa envolvendo quase US$ 100 milhões em poder de uma família com dupla cidadania nos EUA e na América Latina.
O banco também, parcialmente em resposta ao inquérito do comitê, recentemente identificou mais contas que podem estar vinculadas a americanos.
“É profundamente preocupante que, quase nove anos depois de executivos afirmarem perante o Congresso que o banco iria sanear suas operações, o Credit Suisse ainda esteja revelando centenas de milhões de dólares em contas secretas no exterior pertencentes a ricos contribuintes dos EUA”, afirma o relatório.
A conclusão do documento é mais um revés para o Credit Suisse, que está sendo comprado pelo concorrente UBS, em uma operação emergencial intermediada por reguladores suíços. Como parte do acordo, o UBS aceitou assumir os substanciais passivos legais do Credit Suisse.
Em seu acordo judicial de 2014 com o Departamento de Justiça, o Credit Suisse admitiu que ajudou americanos a sonegar impostos por anos. Na ocasião, o banco concordou em pagar US$ 2,6 bilhões em multas e garantiu que passaria a cumprir a lei dos EUA.
O relatório do Senado sugere que há brechas no sistema dos EUA para a localização de contas estrangeiras de americanos e pede à receita federal do país (IRS) e ao Departamento de Justiça que aprofundem as investigações.
O documento diz ainda que o governo suíço ou qualquer entidade que compre o Credit Suisse deve ser responsável por multas decorrentes de violações do acordo judicial de 2014.
O vice-presidente de Supervisão do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Michael Barr, afirmou que o Silicon Valley Bank (SVB) falhou em gerenciar o risco de taxas de juros, que considera uma atividade bancária básica. Ele foi questionado por uma parlamentar, durante depoimento no Comitê de Serviços Financeiros da Câmara, se o Fed vê regulação e supervisão como atividades separadas da política monetária.
“Decisões monetárias foram essenciais para atingir estabilidade de preços e emprego máximo, e temos que continuar perseguindo isso”, defendeu o dirigente. “Gerenciamento de risco de taxa de juros é uma questão bancária central, não é um problema complicado. A gerência do banco falhou em fazê-lo”, completou.
Para Barr, o sistema regulatório falhou ao ser perguntado sobre a responsabilidade pela supervisão do Silicon Valley Bank (SVB). “Toda vez que há uma quebra de banco como essa, a gerência do banco claramente falhou, supervisores falharam e nosso sistema regulatório falhou. Estamos analisando tudo isso”, afirmou.
O vice-presidente de Supervisão do Federal Reserve disse que os padrões de liquidez e de capital para bancos maiores – “incluindo aqueles com US$ 100 bilhões ou mais” em ativos – estão sendo revistos após quebras de bancos nos Estados Unidos. “Precisamos de regras mais fortes de capital e liquidez para bancos grandes”, defendeu, acrescentando que as normas não precisam ser iguais para todas as instituições e podem ser escalonadas em níveis.