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Febre maculosa

São Paulo registra terceira morte com suspeita da doença

As vítimas estiveram em um evento na Fazenda Santa Margarida, no Distrito de Joaquim Egídio, na região leste da Campinas, em São Paulo.

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14 de junho de 2023
Vinicius Palermo
São Paulo registra terceira morte com suspeita da doença
A febre maculosa é transmitida pelo carrapato estrela

A Secretaria de Saúde de Hortolândia confirmou na terça-feira, 13, que uma moradora da cidade, de 28 anos, morreu com suspeita de febre maculosa, após ir ao mesmo evento frequentado pela dentista Mariana Giordano, de 36 anos, e seu namorado, o piloto Marcelo Costa, de 42. No caso de Mariana, o Instituto Adolfo Lutz já confirmou que a morte foi causada pela doença.

Os três óbitos aconteceram no dia 8 deste mês. As três vítimas estiveram em um evento na Fazenda Santa Margarida, no Distrito de Joaquim Egídio, na região leste da Campinas, o provável local da infecção.

Conforme a Secretaria Municipal de Saúde de Campinas, os exames da mulher que morreu em Hortolândia já seguiram para o Adolfo Lutz. O laudo das amostras do piloto ainda não ficou pronto. Os casos eram suspeitos de febre maculosa, dengue ou leptospirose.

A prefeitura de Campinas informou que, após ser notificado dos casos, na segunda-feira, 12, o Departamento de Vigilância em Saúde desencadeou ações de prevenção, informação e mobilização contra a febre maculosa na Fazenda Santa Margarida, local do evento. O Distrito de Joaquim Egídio é mapeado como área de risco para a doença.

“Os responsáveis pela fazenda foram notificados sobre a importância da sinalização quanto ao risco da febre maculosa. Essa informação é imprescindível para que a pessoa adote comportamentos seguros ao frequentar estes espaços e também para que, após frequentar, se apresentar sinais e sintomas, informe o médico e facilite o diagnóstico”, informou. Ainda segundo o município, nos próximos dias, técnicos do Devisa farão uma pesquisa para verificar como está a infestação de carrapatos no espaço.

De acordo com a diretora do Devisa, Andrea von Zuben, o principal sintoma da doença é a febre alta, que pode ser confundida com outras enfermidades. “Por isso, é importante que o médico sempre pergunte ou que o paciente relate que esteve em área de vegetação com presença de carrapato ou capivara. Com esse histórico, o tratamento deve ser iniciado imediatamente”, disse.

Campinas e região são áreas endêmicas (área de distribuição do vetor) para a febre maculosa. Neste ano, com o caso da dentista, o município tem três óbitos confirmados pela doença. Duas das vítimas moravam na cidade. A dentista tinha residência na capital paulista.

Mariana pode ter adquirido a doença – transmitida pelo carrapato-estrela – em Campinas, no interior do Estado, por onde esteve no começo do mês. Ela alegou que notou marcas de picada pelo corpo após passagem pela cidade e começou a sentir os sintomas no dia 3 de junho, quando viajava com o piloto para Monte Verde, Minas Gerais.

Douglas também passou a apresentar os mesmos sintomas que a namorada, e foi hospitalizado no último dia 7, em um hospital de Jundiaí, interior de São Paulo. Além de dores de cabeça e febre alta, ele também apresentava manchas vermelhas pelo corpo. Ele morreu no dia 8, um dia depois da internação.

A morte do casal, agravada pela rápida evolução dos sintomas, estava sendo tratada como um mistério pelos epidemiologistas de São Paulo e Minas Gerais. Além de febre maculosa, havia a suspeita de que Mariana e Douglas pudessem ter morrido por dengue ou leptospirose.

“Naquele sábado (27 de maio), eles foram a uma festa em Campinas, onde provavelmente se infectaram. Era um lugar com mato e eles ficaram até de madrugada nessa festa. Pelo que consta, foi mesmo o carrapato. Eles estavam com vários amigos, mas só os dois tiveram os sintomas”, disse Ivete Giordano, mãe da dentista, antes da confirmação da causa do óbito da filha.

A morte de Mariana é a quarta por febre maculosa no Estado de São Paulo em 2023. Ao todo, são dez diagnósticos confirmados até agora neste ano, segundo o governo. Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde informou que Campinas e Piracicaba são os municípios “que apresentam o maior número de casos registrados da doença” no território paulista.

No ano passado, o Estado registrou 62 casos de febre maculosa e, destes, 47 resultaram em morte. O índice de letalidade, de 75%, mostra o quanto a doença, que tem no carrapato-estrela seu principal transmissor, é perigosa e fatal.

“A Secretaria de Estado da Saúde reforça que as pessoas que moram ou se deslocam para áreas de transmissão estejam atentas ao menor sinal de febre e que procurem um serviço médico informando que estiveram nessas regiões para fazer um tratamento precoce e evitar o agravamento da doença”.

A febre maculosa é uma doença transmitida pelo carrapato-estrela, que não é o carrapato comum que se encontra em cachorros, por exemplo. A espécie pode ser encontrada em animais de grande porte, como bois e cavalos, além da capivara. A transmissão ocorre do carrapato infectado para a pessoa, não existindo transmissão de pessoa para a pessoa, como explica o Ministério da Saúde.

A doença é caracterizada pelo conjunto repentino de sintomas, como febre alta e dor no corpo e manchas vermelhas em todo o corpo e também na palma das mãos e na planta dos pés. A doença tem cura desde que antibióticos sejam aplicados nos primeiros dias dos sintomas e o atraso no diagnóstico pode provocar complicações graves.