A deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) usou as redes sociais na sexta-feira, 6, para homenagear o irmão, o médico Diego Ralf de Souza Bomfim, um dos três que foram assassinados a tiros na madrugada de quinta em um quiosque na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio. Na postagem, Sâmia prometeu usar sua voz e posição para travar “a maior de todas” as lutas em busca de justiça.
“Diego, meu irmão querido. Você sempre foi nosso maior orgulho. Um homem íntegro, doce, gentil, alegre, brincalhão, inteligente, amigo. Estava começando a realizar seus sonhos pessoais e profissionais, trabalhando muito. De você só tenho boas lembranças, da infância, adolescência, de quando moramos juntos, de quando cuidava do Hugo. Eu te amo pra sempre”, escreveu a deputada.
“Nossa família é muito forte e unida e vamos seguir juntos por você sempre. Também não vamos nos conformar, vamos lutar por justiça. Você sempre incentivou que eu usasse minha voz e posição para brigar pelo certo e pelo justo. Essa briga eu daria tudo pra não precisar dar, mas será a maior de todas elas”, afirmou Sâmia.
No início da madrugada de quinta-feira, Diego Bomfim estava com outros três médicos em um quiosque na orla da Barra da Tijuca, quando foram atacados a tiros. Além dele, Marcos de Andrade Corsato e Perseu Ribeiro Almeida foram baleados e morreram.
Também atingido por disparos, o médico Daniel Sonnewend Proença foi socorrido e levado ao Hospital Municipal Lourenço Jorge. Na tarde de quinta-feira, ele foi transferido para um hospital particular. Proença passou por cirurgia e seu quadro de saúde é considerado estável.
O corpo de Diego Ralf de começou a ser velado no início da tarde de sexta-feira, 6, em Presidente Prudente, no oeste do Estado de São Paulo. Com a presença de familiares, amigos e conhecidos, o velório estava sendo realizado na Casa de Velório Athia, no Jardim Bela Dária, região central da cidade. O sepultamento está previsto para às 8h20 deste sábado, 7, no Cemitério Municipal Campal, no Residencial Anita Thiezzi, em Prudente.
O médico se graduou em Medicina em 2015 na Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), em Presidente Prudente. Muitos ex-colegas de universidade foram ao velório para se despedir de Diego. Na cidade, residem vários familiares do médico. O corpo do ortopedista chegou às 12h20 em um helicóptero do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro.
Sâmia Bomfim chegou mais cedo ao local do velório para receber o corpo do irmão e falou com os jornalistas. Ela disse que a família, por meio de seus advogados, vai pedir acesso aos dados do inquérito para acompanhar de perto todas as investigações.
Outra irmã do médico, Dayane Raquel Bonfim, contou que o irmão tinha acabado de comprar um apartamento e estava na melhor fase de sua vida.
A principal linha de investigação da polícia é que os médicos tenham sido assassinados por engano. O serviço de inteligência da Polícia Civil interceptou uma ligação telefônica entre suspeitos do crime que sugere que uma das vítimas, Perseu, teria sido confundido com o miliciano Taillon Alcântara Pereira Barbosa.
O caso logo ganhou repercussão nacional. Por determinação do ministro da Justiça, Flávio Dino, a Polícia Federal participa das investigações. O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, e o delegado-geral da Polícia Civil do Estado, Artur Dian, enviaram ainda na quinta-feira duas equipes ao Rio para auxiliar nas investigações.
A Polícia Civil do Rio de Janeiro encontrou na noite de quinta-feira, 5, quatro corpos. A suspeita é que ao menos dois deles seriam de suspeitos de envolvimento na morte de três médicos. Os nomes não foram informados.
Com relação aos corpos dos suspeitos, três foram localizados dentro de um veículo na Rua Abrahão Jabour, na zona oeste. Em um segundo veículo, no bairro Gardênia Azul, foi encontrado o quarto corpo.
Momentos antes do assassinato dos três médicos na madrugada de quinta-feira, a Polícia Civil do Rio interceptou conversa telefônica que os investigadores consideram um indício de que as vítimas foram mortas por engano.
Na ligação, interceptada com autorização judicial durante investigação que já estava em andamento sobre milicianos que atuam na zona oeste do Rio, um homem diz a outro que “acho que é Posto 2?” e recebe uma resposta que é inaudível. A voz seria de Juan Breno Malta, conhecido como BMW e principal auxiliar do Philip Motta, o Lesk, ambos, segundo a polícia, ligados à milícia e ao tráfico. Lesk teria rompido com milicianos para aderir à facção criminosa Comando Vermelho.
Segundo a polícia, BMW havia recebido a informação de que o miliciano Taillon Alcântara Pereira Barbosa estava no quiosque da Naná e tentou explicar o local para um comparsa incumbido de matá-lo. O quiosque da Naná, no entanto, fica entre os postos 3 e 4 da orla da Barra da Tijuca.