O saldo de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) deve cair 0,8% em janeiro na comparação com dezembro de 2022, segundo a Pesquisa Especial de Crédito da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). No comparativo anual, ou seja, com janeiro de 2022, a expectativa é de alta de 13,1%.
No ano, o crescimento deve ser puxado pela carteira de pessoas físicas, com crescimento de 17,2% na comparação com 2022. A carteira para empresas, por sua vez, deve ter expansão de 7,2% nos dados consolidados. As operações com recursos direcionados devem ter alta de 13,6% em termos anuais, enquanto as com recursos livres, ou seja, sem “carimbo”, crescerão 12,7%.
Segundo a Febraban, a contração em janeiro segue a sazonalidade típica do mês, após 11 meses seguidos de alta. A maior parte da queda deve ser observada no crédito para empresas, em especial nos recursos livres.
“Depois de três anos seguidos de expressivo crescimento na concessão de crédito para as famílias e empresas, o ritmo de expansão anual da carteira deve seguir perdendo ímpeto, refletindo o arrefecimento da atividade e condições financeiras mais restritivas”, diz Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban.
“A menor expansão do crédito em 2023 deve-se a um cenário externo menos favorável com inflação ainda elevada, juros altos e atividade econômica em desaceleração”, complementa ele.
O mês de janeiro foi marcado pelo caso Americanas, que, de acordo com fontes de mercado, levou a restrições à concessão de crédito para empresas. Os bancos têm afirmado, entretanto, que não apertaram as condições.
A pesquisa aponta ainda que as concessões de crédito em janeiro devem cair 11,4% na comparação com dezembro. A maior baixa (-25,7%) deve ocorrer nas concessões direcionadas.
A pessoa jurídica deve mostrar a maior baixa, ainda de acordo com o levantamento, de 19,3% em relação a dezembro de 2022.
A pesquisa da Febraban é realizada mensalmente e serve como uma espécie de “prévia” da nota de crédito do Banco Central. A entidade faz o levantamento com base nos dados consolidados de crédito das principais instituições financeiras do País.
A Febraban anunciou também que o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) passará a integrar o seu quadro de associados. A entrada, que era pleiteada pelo novo presidente do banco, Aloizio Mercadante, leva uma instituição de fomento à entidade que representa os maiores bancos do País.
“O BNDES, como agência de fomento mais importante do país e instituição financeira com características próprias, sem paralelo no sistema bancário brasileiro, formalizou o pedido de ingresso, que será referendado pela governança da Febraban”, afirmou em nota o presidente da Federação, Isaac Sidney.
Com a entrada, o BNDES passará a fazer parte das instâncias consultivas e deliberativas da Febraban, em que estão representados os mais de 100 bancos associados à entidade.
O banco público de fomento, que é um dos maiores do País em capitalização, tem relacionamento com os maiores bancos comerciais como repassador: em empréstimos a pequenas e médias empresas (PMEs), por exemplo, faz o repasse de recursos às instituições, que fazem o empréstimo ao cliente final.
Semanas atrás, Mercadante disse, em reunião do conselho da Febraban, que desejava levar o BNDES à entidade para ampliar o diálogo com os bancos parceiros.
Um dos intuitos é o de discutir possíveis mudanças na Taxa de Longo Prazo (TLP), para suavizar a volatilidade do indexador para determinados públicos.