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Rússia lança maior ataque aéreo desde início da guerra

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, disse que a escala do ataque deveria despertar nas pessoas a intenção de fornecer mais apoio à Ucrânia.

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29 de dezembro de 2023
Rússia lança maior ataque aéreo desde início da guerra
Foto: Reuters

A Rússia lançou 122 mísseis e 36 drones contra alvos ucranianos, causando a morte de ao menos 22 civis, o que, de acordo com a Força Aérea da Ucrânia, foi a maior ofensiva aérea em 22 meses de guerra. As forças ucranianas interceptaram a maior parte dos mísseis e dos drones tipo Shahed, afirmou o chefe militar de Kiev, Valerii Zaluzhnyy, na sexta-feira, 29.

Até então, o maior ataque tinha sido registrado em novembro de 2022, quando a Rússia lançou 96 mísseis sobre a Ucrânia, de acordo com registros da Força Aérea ucraniana. As autoridades da Ucrânia têm pedido aos aliados ocidentais que enviem mais defesas antiaéreas. O presidente ucraniano, VolodymIr ZelenskI, disse que as forças do Kremlin usaram várias armas, incluindo mísseis balísticos e de cruzeiro. “Hoje (sexta), a Rússia usou quase todos os tipos de armas do seu arsenal”, disse Zelenski no X (antigo Twitter).

Pelo menos 128 pessoas ficaram feridas e um número desconhecido foi soterrado sob os escombros durante o ataque que durou cerca de 18 horas, disseram autoridades ucranianas. Entre os edifícios que foram danificados estavam uma maternidade, apartamentos e escolas.

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, disse que a escala do ataque deveria despertar nas pessoas a intenção de fornecer mais apoio à Ucrânia. “Hoje (sexta), milhões de ucranianos acordaram com o som alto de explosões. Gostaria que esses sons de explosões na Ucrânia pudessem ser ouvidos em todo o mundo”, escreveu ele no X.

Autoridades dos Estados Unidos, União Europeia e Reino Unido reforçaram o apoio à Ucrânia após os ataques da Rússia. Em comunicado, o presidente americano Joe Biden afirmou que a ação é “um lembrete claro ao mundo” de que, após quase dois anos, os objetivos de Vladimir Putin permanecem inalterado. “Ele procura destruir a Ucrânia e subjugar o seu povo. Ele deve ser parado”, afirmou o democrata.

“Perante este ataque brutal, a Ucrânia utilizou os sistemas de defesa aérea que os Estados Unidos e os nossos Aliados e parceiros entregaram durante o ano passado para interceptar e destruir com sucesso muitos dos mísseis e drones. O povo americano pode orgulhar-se das vidas que ajudamos a salvar e do apoio que demos à Ucrânia na defesa do seu povo, da sua liberdade e da sua independência”, disse Biden.

“Mas, a menos que o Congresso tome medidas urgentes no novo ano, não seremos capazes de continuar a enviar as armas e os sistemas vitais de defesa aérea de que a Ucrânia necessita para proteger o seu povo. O Congresso deve intensificar e agir sem mais demora”, apelou o presidente.

Em sua conta na rede social “X”, o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, afirmou que os “ataques generalizados às cidades da Ucrânia mostram que Putin não irá parar perante nada para alcançar o seu objetivo de erradicar a liberdade e a democracia. Temos de continuar apoiando a Ucrânia – enquanto for necessário”.

Já o Alto Representante da União Europeia, Josep Borrell, conversou com o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba. Na mesma rede social, o diplomata disse que o bloco continua empenhado em 2024 em fornecer equipamento militar adicional para apoiar a Ucrânia na resistência à invasão da Rússia. “A UE estará ao lado da Ucrânia enquanto for necessário”, concluiu.

As forças de defesa da Polônia comunicaram que um objeto não identificado entrou no espaço aéreo do país na sexta-feira, 29. Segundo autoridades, o objeto veio da direção da Ucrânia e depois desapareceu dos radares, e todas as indicações apontaram para a possibilidade de ter sido um míssil russo.

“Tudo indica que um míssil russo invadiu o espaço aéreo. Foi monitorado por nós em radares e saiu do espaço. Temos confirmação disso nos radares e dos aliados da Otan”, disse o chefe da defesa da Polônia, general Wieslaw Kukula.

O objeto adentrou cerca de 40 quilômetros no espaço aéreo polonês e deixou-o depois de menos de três minutos.  As autoridades ucranianas comunicaram na sexta-feira que a Rússia lançou mais de 100 mísseis e dezenas de drones contra a Ucrânia durante a noite.

“Como resultado de ataques tão massivos, isso pode acontecer. O inimigo está atacando nossos territórios fronteiriços, inclusive no oeste. Este é mais um sinal para os nossos parceiros fortalecerem a defesa aérea ucraniana”, disse o porta-voz da Força Aérea da Ucrânia, Yurii Ihnat, em rede nacional sobre o incidente.

Esta não é a primeira vez que um objeto não autorizado entra no espaço aéreo da Polônia vindo da direção da Ucrânia. Em novembro de 2022, dois homens foram mortos quando um míssil atingiu a aldeia de Przewodow, a poucos quilômetros da fronteira. Nessa ocasião, autoridades ocidentais disseram acreditar que um míssil de defesa aérea ucraniano se extraviou.