A Rússia e a China demonstraram o aprofundamento de seus laços em uma série de reuniões observadas de perto em busca de sinais de que Pequim possa oferecer um apoio mais forte ao Kremlin por sua guerra na Ucrânia. A visita de Wang Yi, o mais graduado oficial de política externa do Partido Comunista Chinês, a Moscou ocorre no momento em que o conflito na Ucrânia continua a derrubar a ordem diplomática global.
As relações entre a Rússia e o Ocidente estão em seu ponto mais baixo desde a Guerra Fria, e os laços entre a China e os EUA também estão sob séria tensão. A Rússia suspendeu sua participação no último tratado de controle de armas nucleares com os Estados Unidos nesta semana, e os EUA expressaram preocupação nos últimos dias de que a China pudesse fornecer armas e munições à Rússia.
A Rússia observou a escalada das tensões internacionais, acrescentando que a cooperação entre a República Popular da China e a Federação Russa na arena global é particularmente importante para estabilizar a situação internacional. Wang disse que “as relações sino-russas não são dirigidas contra nenhum terceiro país e certamente não podem estar sujeitas à pressão de nenhuma outra nação”.
A China se recusou a criticar a invasão da Ucrânia – ecoando a afirmação de Moscou de que os EUA e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) são os culpados por provocar o Kremlin enquanto criticam as punitivas sanções impostas à Rússia. A Rússia, por sua vez, apoiou firmemente a China em meio às tensões com os EUA sobre Taiwan.
Durante encontro, a China reforçou sua aliança com Moscou, demonstrando posição de neutralidade em relação à guerra da Rússia na Ucrânia. A reunião ocorreu no mesmo dia do encontro entre Wang e o presidente russo, Vladimir Putin. “Wang Yi enfatizou que quanto mais complicada for a situação, mais não podemos desistir dos esforços pela paz. Espera-se que todas as partes superem as dificuldades, continuem a criar condições de diálogo e negociação e encontrem formas eficazes de conciliação política”, indicou nota oficial do Ministério de Relações Exteriores chinês.
A China criticou duramente na quarta-feira a recente visita de um alto funcionário do Pentágono a Taiwan e reafirmou que impôs sanções às americanas Lockheed Martin e Raytheon por fornecerem equipamentos militares à ilha.
Os comentários do Escritório de Assuntos relacionados a Taiwan expõem a dramática deterioração nas relações entre China e Washington por causa de Taiwan, questões tecnológicas, alegações de espionagem e, cada vez mais, a invasão da Ucrânia pela Rússia.
Questionada sobre a visita relatada por Michael Chase, vice-secretário assistente de Defesa do Pentágono para a China, a porta-voz do escritório, Zhu Fenglian, disse que a China “se opõe de forma resoluta a qualquer interação oficial e colaboração militar” entre EUA e Taiwan.
Segundo Zhu, esforços do governista Partido Democrático Progressista, de Taiwan, para consolidar a independência da ilha com auxílio estrangeiro estão “fadados ao fracasso”. A China considera Taiwan parte de seu território. Os dois lados se afastaram em meio a uma guerra civil em 1949, e o Partido Comunista da China nunca teve controle sobre a ilha.
Procurado pela reportagem, um porta-voz do Pentágono não comentou sobre a visita de Chase, mas reiterou que “nosso compromisso com Taiwan é sólido e contribui para a manutenção da paz e estabilidade no Estreito de Taiwan e na região”. Fonte: Associated Press.